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Desagregação de freguesias e a memória seletiva

Amadeu Júnio
Opinião \ quinta-feira, maio 05, 2022
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A desagregação/criação de freguesias foi feita pelo município de Guimarães em 2012, onde apenas os benefícios políticos se fizeram valer.É tempo de refletir e discutir o tema de forma transparente.

O tema da desagregação/criação de freguesias, volta a ser discutido em Guimarães. Pelo incentivo da sociedade, de alguns Presidentes de Junta de Freguesia e também pela mão do PSD, o tema voltou à esfera política e social.

Convém, agora que se volta a debater, relembrar a história das agregações de freguesia. Em 2011, quando o governo liderado pelo partido socialista assinou o pedido de ajuda financeira externa, esta foi uma das medidas que veio de arrasto.

Apesar disto, a nós interessa-nos o enquadramento local. Para isto, e fazendo já a devida chamada de atenção, a total responsabilidade da agregação das freguesias em Guimarães é da câmara municipal. Em 2012, a câmara municipal assumiu este processo e agregou as freguesias do concelho de Guimarães ignorando as diferenças culturais de cada uma das comunidades, desconsiderando, inclusive, os ganhos que cada uma destas populações poderia ter no que diz respeito a serviços, à educação, à cultura e às infraestruturas. O interesse da câmara municipal foi meramente político e nunca os Vimaranenses foram a principal preocupação do executivo do partido socialista. É muito importante que agora que voltamos a abordar esta questão não deixemos que isto se volte a repetir.

Se vamos discutir este assunto é importante sermos sérios e evitar que as emoções influenciem esta discussão. A agregação foi feita, ainda que à força e sem as preocupações que já referi, mas há um sem número de freguesias, senão todas, onde esta agregação teve ganhos para a população. Uma vez que estes ganhos são evidentes, o processo de criação de novas freguesias (desagregação das anteriores) deve ser bem pensado e as comunidades não se devem deixar influenciar por promessas antigas que apelam mais às emoções do que propriamente à racionalidade. É importante que se perceba que, em muitos casos, com a desagregação das freguesias a população sai a perder. Perdem serviços, perdem investimento e perdem, acima de tudo, uma oportunidade para se ultrapassarem diferenças e fortalecer a sua comunidade.

O PSD será sempre a favor da vontade popular, contudo, não nos abstemos da discussão e, principalmente, de alertar, de forma transparente e informada, as pessoas, em cada um dos casos, para os benefícios e malefícios que as desagregações podem ter nas suas vidas. Apenas debatendo de forma séria e frontal, sem jogos políticos à mistura, é possível agregar todas as vontades e opiniões.