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Cuba é uma ditadura

Pedro Mendes
Opinião \ quinta-feira, julho 29, 2021
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“A ditadura não cairá hoje, nem amanhã, e muito provavelmente não cairá por culpa destes protestos, mas vai cair, um dia, e nesse dia, em liberdade, importa pegar nos méritos da revolução...

A ditadura não cairá hoje, nem amanhã, e muito provavelmente não cairá por culpa destes protestos, mas vai cair, um dia, e nesse dia, em liberdade, importa pegar nos méritos da revolução, principalmente na saúde e na educação, na expectável ausência do embargo americano e em todas as virtudes de uma democracia liberal, e reconstruir um país livre, independente e com futuro, algo que está há demasiado tempo adiado para os cubanos, porque sem liberdade, não há futuro. 

O governo cubano enfrentou nas últimas semanas os mais visíveis e audíveis protestos dos últimos 20 anos. As manifestações, alimentadas pela pandemia e pela crescente escassez de bens alimentares, começaram em San António de los Baños a 11 de julho, mas rapidamente se espalharam por toda a ilha, tendo depois sido rápida e violentamente reprimidas pelo governo, sendo que pouco mais sabemos porque o mesmo governo “cortou” a internet, não deixando que a informação popular que nos vinha chegando continuasse a fluir. Este é o primeiro grande teste ao relativamente novo líder do regime cubano Miguel Díaz-Canel, o primeiro líder fora do clã Castro desde a revolução de 1959.

Que uma coisa fique clara: Cuba é uma ditadura. Quem me conhece, conhece as minhas tendências, posições e até filiação política, mas no que diz respeito a questões de princípios democráticos, não podemos ser dúbios ou whataboutistas. Cuba não cumpre, nem de perto nem longe, os princípios básicos de uma democracia e é, por isso, uma ditadura. Se é verdade que também eu já fui um jovem iludido com os ideais da revolução e até com algumas das suas conquistas, não é menos verdade que hoje é para mim claro que a revolução tirou ao povo cubano o seu primeiro e maior direito: a liberdade.

Dito isto, podemos discutir o embargo americano e o seu papel na situação política e económica de cuba, e podemos até discutir alguns méritos da revolução, mas isso não pode nunca beliscar o ponto assente no parágrafo anterior, sob pena de cairmos na mesma falácia daqueles que dizem que o Estado Novo, em Portugal, tinha os seus defeitos, mas tinha também as suas virtudes. Não, caro leitor, não há virtude que apague o defeito da falta de liberdade.

Falta agora saber se a ditadura sobreviverá à sucessão ao Clã Castro, primeiro com Fidel, eterno líder da revolução, e depois com Raul, seu irmão, mas uma coisa é certa, a ditadura não cairá hoje, nem amanhã, e muito provavelmente não cairá por culpa destes protestos, mas vai cair, um dia, e nesse dia, em liberdade, importa pegar nos méritos da revolução, principalmente na saúde e na educação, na expectável ausência do embargo americano e em todas as virtudes de uma democracia liberal, e reconstruir um país livre, independente e com futuro, algo que está há demasiado tempo adiado para os cubanos, porque sem liberdade, não há futuro.