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Um ano depois, a horta comunitária continua a “religar” pessoas à terra

Pedro C. Esteves
Sociedade \ quinta-feira, junho 16, 2022
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Houve “festa” na Horta Comunitária de Caldelas. Um ano volvido, fomentou-se um espírito de comunidade entre cultivadores. “É mesmo uma mais-valia”, refere José Fonseca.

Há sensivelmente um ano as chaves da horta comunitária foram entregues a horticultores que procuravam “religar-se” à terra. As sementeiras sucederam-se, da terra brotou o verde que pinta os talhões. No último sábado de maio, para mostrar os resultados dos meses de labuta, a Junta de Freguesia de Caldelas convocou agricultores e comunidade taipense a visitarem uma “Horta em Festa”.

E lá estavam. Ouviram de Daniel Ferreira, do Laboratório da Paisagem, boas práticas biológicas e como a qualidade do solo e da água são fulcrais para as colheitas. Mas também como os pesticidas – que controlam as ervas daninhas, mas danificam o solo – “matam insetos e seres- -vivos importantes” (até porque há cerca de 700 espécies de abelhas selvagens e há plantas “que precisam muito delas”).

Mas o encontro não tinha em vista somente a transmissão de informação. É que, como explica José Fonseca, há que aliar a componente alimentar “à componente social, do bem-estar”. Assim, para além do workshop de boas práticas, houve tempo para o convívio entre horticultores, a degustação de alimentos desidratados e algas e ainda um momento musical com concertina. É o “sentido de comunidade” a ser fomentado, explica o secretário da Junta com a pasta do Ambiente.

“As pessoas que cuidam dos talhões partilham sementes, legumes, o que têm a mais. Esse objetivo de comunidade foi atingido. Há esse sentimento comunitário”, refere. José Fonseca reforça que a horta comunitária serviu de catalisador para que muitas pessoas se religassem à “terra e à natureza”. E há a tal “componente do bem-estar”: “Temos aqui pessoas que precisam de vir, é importante que venham, a horta funciona como uma terapia, é mesmo uma mais-valia”.

Efeito de contágio

E José Fonseca sabe que o espaço recebe diariamente visitas da comunidade: ora para ver as hortas, ora o crescimento das plantas. A ideia de um espaço aberto, que funciona como “um cartão de visita” para práticas agrícolas biológicas, pode, acredita o coordenador da Brigada Verde de Caldelas, criar um “efeito de contágio positivo”. O responsável crê que a experiência do espaço comunitário já muda hábitos de consumo. “As pessoas valorizam nas compras que fazem e no que consomem este pendor biológico que esta agricultura de pequena dimensão tem. Como sabem que depois vão consumir o que produzem, têm que ter cuidado com o que administram”.

Uma tabuleta num dos talhões, pintada em tons primaveris, explica o que por ali se procura fazer: “Plante e cultive com amor”. É o que se tem feito nas 26 parcelas de terreno. E há muitos em “lista de espera” para fazê-lo. Há um ano, ficou patente a ideia de ampliar a horta caso a experiência fosse bem-sucedida. “Temos esse objetivo”, diz José Fonseca.