
Termas das Taipas foram as quartas no país com mais clientes em 2024
As termas de Caldas das Taipas encerraram 2024 como a quarta estância no país com mais clientes entre os 36 estabelecimentos reconhecidos pela Associação de Termas de Portugal. Segundo dados disponibilizados pela cooperativa Taipas Turitermas ao Reflexo, 9.502 pessoas frequentaram os serviços prestados no edifício rosado dos Banhos Novos, número que traduz um aumento de quase 75% face a 2023, ano em que os clientes foram pouco mais de 5.400. O crescimento entre 2023 e 2024 foi o terceiro mais acentuado a nível nacional. A afluência ao edifício dos Banhos Novos, inaugurado em 1908, segundo projeto de Francisco Xavier Esteves, foi apenas superada pelas termas de São Pedro do Sul – 18.172 clientes –, pelas termas da Piedade, no concelho de Alcobaça – 17.407 – e pelas de Chaves – 13.611.
Esse número reparte-se pelo termalismo terapêutico – 229 pessoas – e pelo termalismo de bem-estar – 9.273. Mais de nove em dez clientes procuram usufruir do segmento de bem-estar, que apresentou um crescimento de 80% face a 2023 e foi o terceiro mais utilizado no país, somente atrás das termas da Piedade (17.179) e das de Chaves (9.575). A procura pelo setor terapêutico ou da saúde desceu quase 20%, por seu turno. O diretor executivo da cooperativa Taipas Turitermas não esconde o agrado perante tais números. “Estamos muito orgulhosos. É sinal de que as pessoas que nos visitam reconhecem o serviço prestado pelos nossos profissionais de saúde e pelos nossos trabalhadores”, diz Luís Soares ao Reflexo.
As recentes tendências de Caldas das Taipas têm algum eco no panorama nacional. O ano de 2024 encerrou com 120.113 clientes, reflexo de um crescimento de 11,6% face a 2023. Três quartos desses clientes (89.312) frequentaram o segmento do bem-estar, após uma subida de 12,5% entre 2023 e 2024, variação bem mais suave em comparação com a dos Banhos Novos. Ao contrário das Taipas, o termalismo de saúde também cresceu a nível nacional – quase 9% –, reunindo 30.801 clientes no final do ano passado.
A procura traduziu-se faturação de 370 mil euros em 2024, na sequência de um crescimento de 42% face a 2023 – nesse ano, os rendimentos ficaram-se pelos 260 mil euros. A estância termal das Taipas apresenta assim o 10.º maior volume de faturação e o sexto maior crescimento desse valor. O bem-estar sustentou essa tendência positiva, já que a receita cresceu quase 77%, rumo aos 308 mil euros (83% do total), ao contrário do que aconteceu no termalismo terapêutico – os rendimentos caíram 26,5%, para os 63.000 euros, contribuindo para 17% da faturação.
A nível nacional, a receita com o segmento de bem-estar cresceu menos (17,05%), mas a variação no setor da saúde (10,65%) foi positiva, ao contrário do que aconteceu nas Taipas. A faturação do universo termal de Portugal ascendeu a 12,64 milhões de euros em 2024, com o termalismo terapêutico, mais caro, a corresponder a 69% desse valor (8,75 milhões) e o bem-estar a 31% (3,89 milhões).
Repensar o termalismo terapêutico e dar respostas na saúde mental
Os dados mostram que há cada vez mais pessoas a frequentar as termas, mas numa perspetiva de curta duração, à “procura de experiências de relaxamento e lazer” em detrimento dos “tratamentos médicos tradicionais”, associados a “uma perspetiva de longa duração”, como acontecia no início do século XX, aponta o diretor executivo da cooperativa.
O atual modelo do termalismo terapêutico ou médico prevê que os clientes se desloquem a Caldas das Taipas por sete ou 14 dias, duração que, para o Luís Soares, precisa de ser prolongada, com o apoio de uma unidade hoteleira. “Vamos continuar a trabalhar para que as termas deixem de ser de ambulatório para serem termas em que as pessoas vêm e ficam”, promete.
Ciente de que o panorama atual das termas pode “representar desafios”, mas também “oportunidades para a restruturação da oferta”, o responsável acredita que as termas de Portugal podem recuperar “o estatuto de estabelecimentos de saúde que tinham no início do século XX”, focando-se, por exemplo, na saúde mental. “Do ponto de vista médico, estamos a pensar em novas respostas para patologias associadas à saúde mental. Podemos ajudar pelo ambiente tranquilo, pelo efeito relaxante das nossas águas. Esse trabalho está a ser desenvolvimento pela nossa equipa clínica”, revela.