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Revolução no plantel para atacar a subida de divisão

Manuel António Silva
Desporto \ quarta-feira, julho 10, 2019
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Tiago Rodrigues, presidente do Clube Caçadores das Taipas faz um balanço da última época e dá conta das dificuldades sentidas neste primeiro ano de mandato.

Em entrevista concedida ao Reflexo e publicada na sua última edição de julho, o Presidente taipense aborda ainda o estado das obras de remodelação dos balneários, garantido que no início da temporada que se avizinha, estarão em condições de serem utilizados. Na formação, o processo de certificação do clube como Clube Formador, junto da Federação Portuguesa de Futebol, é apontado como a principal causa da reformulação que se está a verificar nas equipas técnicas.

 

O que é que correu mal na última temporada?

Fundamentalmente o facto de tudo ter sido feito em cima do joelho. Não houve muito tempo para preparar convenientemente as coisas e, depois, andou-se sempre a tentar remediar a situação e nunca se conseguiu encontrar o rumo certo. Tentamos mexer pelas equipas técnicas, não passaria muito por aí mas, para fazermos alguma coisa teve de ser. Depois, chegou a uma altura da época em que entendemos que seria muito difícil a permanência no campeonato nacional e nos viramos mais para a preparação da época seguinte. Para ver se as coisas correm melhor.

O facto de terem mantido o treinador José Augusto, que terminou a época e que acompanhou três dos treinadores que passaram pelo clube na temporada anterior, é um sinal de continuidade?

Sim. Entendemos que nesta fase não seria adequado alterar o treinador. Seria mais uma mudança, mais uma pessoa que teria de se adaptar ao clube e, por isso, entendemos que seria melhor manter o mister José Augusto.

Como é que está a ser preparada a nova temporada? Que objetivos têm sido pedidos a jogadores e treinadores?

Queremos regressar ao campeonato nacional o mais rápido possível. É para isso que estamos a trabalhar. Tivemos este ano uma experiência diferente mas sabemos que o campeonato nacional será como que o patamar mínimo para o Taipas. Contudo, também entendemos que para assim ser, será necessário termos outra estrutura para estarmos no campeonato nacional. Sabemos o que correu mal e o que queremos melhorar lá chegar.

Vai manter-se muita gente do último plantel?

Não. Vão manter-se cinco ou seis atletas. Há ainda dois ou três que ainda aguardam por melhores projetos e, à partida, será muito difícil renovar com eles. Quanto a entradas, estão já garantido quatro reforços e estamos em vias de poder vir a contar com mais cinco ou seis reforços. Vamos iniciar a época a 8 de Julho, com quinze ou dezasseis jogadores para depois compor com três ou quatro elementos dos juniores. Não queremos um plantel muito extenso porque este ano vamos ter uma maior envolvência com os nossos escalões de formação, especialmente com os juniores. Já está planeado e durante a época vamos ter diversos treinos com os juniores. Queremos uma aproximação muito grande entre as equipas técnicas dos juniores e seniores. Vamos tentar ter um plantel com vinte jogadores de campo e dois guarda-redes e sempre que a equipa tenha necessidade de atletas, recorreremos aos nossos juniores.

Há atletas do anterior plantel que gostariam de manter e que não conseguiram?

Tínhamos atletas que fruto da época que fizeram, dificilmente os conseguiríamos manter este ano. São jogadores de campeonato nacional e alguns, até de outros patamares. Outra questão tem a ver com os atletas estrangeiros que tínhamos cá e que os seus empresários preferem tê-los noutras divisões. Mas, isso ainda não está resolvido em definitivo.

Sendo uma aposta de subida de divisão, a par do Taipas, que adversários é que vê que possam ombrear pelos mesmos objetivos?

São bastantes. Teremos um Pevidém muito forte que vai manter uma boa base de atletas do ano anterior. O Brito também se está a reforçar muito. O Vilaverdense também será um candidato a ter em conta. Depois temos um Torcatense que, como nós, desceu este ano e será sempre uma equipa bem estruturada. O Prado, também com uma boa base do ano passado, vai ser equipa para andar lá em cima. Depois há sempre outras equipas como o Joane, Santa Eulália e Vieira que também se organizam muito bem e são de ter em conta. Sabemos que há pelo menos metade das equipas querem subir o que torna o campeonato muito competitivo. Muitas dessas equipas tem argumentos que o Taipas não tem. Temos sentido isso na preparação da época. Temos tido muitas dificuldades para construir o plantel. Não tínhamos a noção de que nesta divisão se pagava tanto aos atletas e, com as nossas limitações, temos tido dificuldades em preparar o plantel. Não queremos ultrapassar o orçamento que temos destinado.

A descida de divisão implicará também um abaixamento nos custos da época?

Sim. Haverá sempre uma redução no orçamento, essencialmente, pelos menores custos com a organização dos jogos em casa. Ao nível do plantel, os custos serão os mesmos que até aqui e rondarão os 55/60 mil euros.

Em Maio de 2020 há eleições para os órgãos sociais do clube. Já está em condições de assumir a recandidatura?

Dependerá muito de como correr esta época desportiva. Esta primeira época foi desgastante para todos os elementos da Direção. Havia muitas coisas que queríamos colocar em prática e não foi possível. Andamos sempre a tentar remediar as coisas.

Sentiram que, o facto de nas últimas eleições terem concorridos duas listas, de alguma forma prejudicou o trabalho a desenvolver?

Em parte sim. Sentimos durante a época que a própria massa associativa estava dividida. Também notamos isso em relação a alguns apoios de empresas que estávamos a contar manter para esta época e que não foi possível. E isso também foi uma dificuldade. Se tivéssemos conseguido manter todos os apoios que o clube tinha com os novos que fomos conseguindo, o Taipas estava no caminho certo para outros patamares, sem grande dificuldade. Não temos dúvida que a clivagem que se criou com as eleições, afastou alguns apoios com que o clube contava habitualmente. Apesar das nossas tentativas, houve empresas que nem nos quiseram ouvir.

Ao nível das infraestruturas, o processo da construção dos novos balneários arrastou-se durante toda a época. Qual o ponto de situação?

Foi, efetivamente, um assunto que se arrastou no tempo e, estamos no fim de Junho e a obra ainda tem algumas arestas por limar. Estamos à espera que a empresa construtora venha cá para finalizar os trabalhos. Em todo o caso, no início da próxima época, a situação tem de estar totalmente resolvida e os balneários prontos a ser utilizados.

Em todo o caso, esta é a primeira fase de uma obra que contemplava também a remodelação da outra ala das instalações. Essa 2ª fase vai avançar?

Neste momento não. Entendemos que há outras prioridades e estamos a elaborar um projeto para as instalações do clube a pensar no longo prazo. Não queremos fazer obra para uma época e no final da mesma termos que andar a remodela-la.

A questão do terceiro campo, também se tem arrastado no tempo. Ainda está nos vossos planos a sua remodelação?

Isso sim. Nos últimos tempos temos dedicado tempo a essa situação. Já reunimos na Câmara Municipal com o Dr. Domingos Bragança para lhe fazer um ponto de situação desta questão e, neste momento, estamos recolher orçamentos para podermos avançar com uma obra que necessária para os nossos escalões de formação.

A formação do clube tem tido um enorme crescimento, em termos de quantidade de atletas mas, em termos desportivos, a época que agora terminou, não foi muito positiva. Juniores e Juvenis acabaram por descer de divisão. Que razões estão subjacentes a isso?

Nos juniores tivemos um ano muito complicado. Com a casa sempre às costas por não podermos jogar no nosso campo. No final, contas feitas, o Taipas só desceu como um dos piores 4ºs classificados. Foi por muito pouco. Teria bastado uma 1ª fase um pouco melhor e as coisas teriam sido diferentes. Em todo o caso, sabemos que o clube, neste momento, não tem condições para ter as suas equipas jovens nos nacionais e, por isso, vamos continuar a trabalhar para, num futuro próximo, criarmos essas condições. Não adianta muito termos equipas nos nacionais se não tivermos condições, nomeadamente no que respeita a espaços de jogo, e termos de andar sempre com a casa às costas. A situação mais negativa acabou por ser a descida dos juvenis à 1ª divisão distrital. É uma questão que queremos retificar já esta época.

Está também a verificar-se uma forte remodelação nos quadros técnicos do clube, ao nível dos escalões jovens?!

É verdade. Estamos a remodelar as nossas equipas técnicas na ordem dos 80%, comparativamente à última época. Queremos seguir outro caminho. Queremos ter à frente das nossas equipas de formação pessoas devidamente habilitadas para podermos instruir, junto da Federação Portuguesa de Futebol, uma candidatura do CC Taipas como Clube Formador. E esse é um dos requisitos que a FPF impõe. Até ao final desta época teremos de ter o clube com essa certificação. Em 2020-2021, só poderá participar no campeonato nacional, a nível de seniores, que tiver a certificação de Clube Formador. Vamos trabalhar nesse sentido.

 

Nota: Entrevista originalmente publicada na edição 277, de julho de 2019, do jornal Reflexo