Pró-Nacional regressa: “ânsia de competir” para suprir limitações físicas
Como tantos outros campos da sociedade, o futebol distrital viu-se forçado a parar em janeiro, com o confinamento geral. Com os jogadores restritos às paredes de casa, os plantéis da Pró-Nacional trabalharam à distância até abril, mês em que a Direção-Geral da Saúde autorizou o regresso aos treinos presenciais. Três semanas depois dos plantéis se terem de novo reunido, as equipas voltam a digladiar-se pelos relvados do Vale do Ave. Ao invés das quatro equipas apuradas para a fase final, conforme se previa no início, apenas os vencedores das duas séries ascendem ao Campeonato de Portugal. Com seis jornadas cumpridas e cinco por realizar, a Série B está a meio e o líder é o Joane, precisamente o próximo adversário do Caçadores das Taipas, a melhor classificada das três do norte do concelho de Guimarães.
“É como se fosse uma primeira jornada”
A equipa treinada por Rui Castro aproveitou as “redes sociais e os grupos de Whatsapp” para fazer “treinos online” durante a interrupção competitiva, segundo os planos traçados pelo preparador físico. Houve, porém, atletas que nem sempre podiam fazer os exercícios por “questões de trabalho”, diz o técnico ao Reflexo. Desde 19 de Abril, com o regresso ao Campo do Montinho, até tem sido “mais fácil trabalhar o psicológico”, face à motivação trazida pelo reencontro dos atletas, do que os índices físicos. “Nunca vamos chegar aos índices físicos desejados, porque isto [campeonato] basicamente não arrancou. A malta está muito limitada”, reconhece.
As anomalias físicas podem brindar o próximo jogo com “dinâmicas diferentes” das esperadas num campeonato sem interrupções, mas Rui Castro projeta à mesma uma tarefa complicada, frente a uma equipa “moralizada” que lidera com 16 pontos. “Apesar de estarmos em circunstâncias parecidas nas questões físicas, a bagagem pontual dá alguma vantagem ao adversário”, reconhece, na antevisão ao duelo marcado para as 16:00 de sábado, no Estádio de Barreiros, em Joane.
Para combater esse ascendente contrário, o timoneiro do Caçadores quer “apelar à fome dos jogadores” e tentar fazê-los sentir que o jogo é de “vida ou de morte”, perante um adversário que traz “motivação” pela posição que ocupa. Rui Castro admite, no entanto, que seria mais fácil preparar o desafio caso houvesse “seguimento de jogos”. “É como se fosse uma primeira jornada. Como se os adversários não se conhecessem ainda”, reconhece.
Ponte “gosta de desafios” e olha para a frente
Na margem esquerda do rio Ave, o treinador do Ponte, Zé Faria, frisa, pelo contrário, que o próximo desafio, no terreno do vice-líder Ribeirão, está a ser mais fácil de preparar face aos disputados antes do confinamento. “Tivemos três meses para preparar este jogo. Tínhamos o material disponível e os jogos do adversário. Com este torneio mais curto, eles poderão mudar algumas dinâmicas, no sentido de serem mais sólidos”, frisa ao Reflexo a propósito do encontro que reabre o campeonato, às 10:30 de 08 de maio.
O técnico vê o Ribeirão como uma “equipa madura e extremamente competitiva”, mas crê na valia da sua equipa para ir buscar três pontos ao Estádio do Passal, até porque ela “gosta de desafios”. Sétimo classificado, com sete pontos, o Ponte crê que um êxito em Ribeirão o coloca no trilho dos lugares da frente, já que tem um jogo em atraso, frente ao décimo classificado, Torcatense, e conta vencê-lo. “Com esse jogo, que perspetivamos ganhar, ficamos no lote dos terceiros classificados. Partindo da suposição de que faremos os 10 pontos, estamos a seis do primeiro lugar e a três do segundo”, explica.
Zé Faria diz ainda que os jogadores estão “psicologicamente bem”, com “ânsia de competir”. Tendo em conta a motivação exibida pelo plantel, o trabalho semanal tem-se focado sobretudo na parte física. Depois de treinos “inteiramente direcionados para a componente física” entre 05 e 19 de abril, com grupos reduzidos, o Ponte só tem trabalhado “conteúdo técnico-tático” desde que todo o plantel se reuniu. “A parte física está sempre subjacente, porque trabalhamos de forma integrada”, explica.
Dignificar o Sandinenses ao máximo
No caso do Sandinenses, até é o “psicológico que está mais afetado”, diz ao Reflexo o treinador Pedro Adão. Nono classificado, com cinco pontos em cinco jogos, a equipa não tem de lutar para evitar a descida. Por outro lado, as esperanças no primeiro lugar são remotas. Assim, a “motivação é mínima”, restando aos jogadores “honrarem a camisola”. “Vamos tentar dignificar o Sandinenses ao máximo. É isso que peço aos jogadores para ninguém nos apontar nada”, explica.
A “longa paragem” também prejudicou os jogadores, quer pela ansiedade que a “expetativa” do regresso gera, quer porque nem todos levaram “à risca” os planos para treinos à distância. “Tendo possibilidade de um espaço exterior para treinar com bola é uma coisa, mas há muita gente que mora em apartamentos e não tem essa possibilidade”, realça. “Foram-se fazendo os mínimos”.
Com a “parte física” também limitada, a equipa técnica tem tentado motivar o plantel para se apresentar na melhor forma possível diante do Porto d’Ave, 11.º classificado, com um ponto, em duelo agendado para as 16:00 de 08 de maio, no Complexo Desportivo D. Maria Teresa. Para Pedro Adão, é “importantíssimo” ganhar no regresso, num jogo que espera “difícil” frente a um oponente que conheceria melhor numa prova sem interrupções. “Cada vez é mais importante estudar a maneira de jogar das outras equipas”, sublinha. “É como fazer um jogo com uma equipa desconhecida, sem sabermos o que nos vai acontecer”.