Guimarães assinala 15 anos como Património Mundial
Aqui nasceu a recuperação do património de Guimarães
O dia é de festa: Guimarães é Património Mundial da Humanidade classificado pela UNESCO há 15 anos e a Câmara Municipal de Guimarães preparou uma agenda de eventos para assinalar a data. Mas se a classificação chegou em 2001, todo o trabalho de recuperação do património edificado começou bem antes, nos idos anos 80, com a requalificação da Casa da Rua Nova do Muro.
Os 15 anos da inclusão do centro histórico de Guimarães na lista do Património Mundial da UNESCO comemoram-se hoje, 13, com uma série de conferências sobre património. O projeto urbano “As paragens onde o tempo habita” pretende repetir o sucesso do ano passado: as intervenções artísticas de 17 abrigos de paragens de transportes públicos no centro da cidade podem ser visitadas viajando no Teatro Bus da Arriva, empresa concessionária dos autocarros em Guimarães. Os 15 anos de Património Mundial são o mote destas ilustrações, numa iniciativa que resulta da parceria entre a Câmara Municipal, a Escola Superior Artística de Guimarães, a Arriva e a JCDECAUX. A instalação será inaugurada no dia 13, pelas 17h45, no abrigo Norte da Alameda de São Dâmaso. Ainda hoje, pelas 21h00, há a Corrida do Património, uma organização do Guimarães Corre Corre.
Assinalando o dia de património, esta terça-feira está dedicada ao imaterial com as Nicolinas a serem inscritas no Inventário Nacional de Património Cultural e Imaterial (INPCI). É sobre esta tradição secular que vai versar a manhã de conferências dedicadas ao património, sob o tema ‘O Património Cultural Imaterial no Terreno” – Expectativas, Experiências, Perspetiva’”, que se realizam hoje, 13, na Plataforma das Artes. Do programa constam duas intervenções do Professor Jean-Yves Durand que abordam o processo de trabalho das Nicolinas. Na conferência de hoje será anunciado o registo no Inventário Nacional do Património Imaterial, conforme anteriormente previsto”. O tema da apresentação do Professor Jean-Yves Durand é “Inventariar, entre a espada das instituições e a parede do terreno: “ficha” e “candidatura” – o caso das Festas Nicolinas, em Guimarães”.
Casa da Rua Nova do Muro
Foi com a recuperação deste edifício que arrancou e se estruturou, a partir de 1985, o projeto de reabilitação do Centro Histórico de Guimarães, que viria a ser elevado a património cultural da humanidade a 13 de dezembro de 2001. Trata-se de uma casa de origem medieval, presumivelmente do séc. XIV, encostada à parte intramuros da cidade, com fachada frontal para a rua de Egas Moniz ou rua Nova do Muro, na vertente sul do casco histórico, escreve o jornalista Armindo Cachada.
O edifício sofreu sucessivas intervenções ao longo dos séculos, nomeadamente com uma reconstrução efectuada na segunda metade do século XVII e alteração do seu interior no século XIX. Após largo tempo de abandono e degradação, o imóvel, inteiramente construído em madeira e com paredes em tabique, foi reabilitado nos anos de 1985 a 1987, a partir de um projto do arquitecto Fernando Távora, para servir de sede ao Gabinete Técnico Local (GTL) que, sob supervisão da arquiteta Alexandra Gesta, tutelou a reconstrução do centro histórico da cidade.
Aquele jornalista continua dizendo que a reconstrução modelar do edificio na sua estrutura construtiva tradicional (interior e exterior), serviu de exemplo e incentivo à recuperação de outros edifícios antigos e similares no Centro Histórico. Por essa razão, a reconstrução do imóvel foi galardoada com o "Prémio Europa Nostra". Na sua fachada frontal, o edifício apresenta, ao centro, janelas de sacada com molduras e gradeamento de madeira e, lateralmente, nos dois pisos superiores, quatro janelas de peito, duas de cada lado, separadas das janelas centrais por peanhas.