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Falperra isolada até terça-feira enquanto decorre operação de rescaldo ao incêndio

Paulo Dumas
Sociedade \ segunda-feira, outubro 16, 2017
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Os acessos à Falperra e ao Sameiro encontram-se cortados após o violento incêndio que deflagrou durante todo o dia e noite de ontem. As autoridades ainda se encontram a fazer o levantamento de rescaldo, estimando-se a área ardida em 1200 ha. O incêndio teve origem em Leitões, Guimarães.

Será necessário que se dissipe a espessa nuvem de fumo, que cobre toda a região, para vislumbrar a forma como a paisagem se transformou na série de horas em que deflagrou o incêndio que teve início na freguesia de Leitões, no concelho de Guimarães e se estendeu para Braga pela freguesia de Morreira. Foram horas longas, quer para bombeiros, quer para os habitantes que passaram a noite em claro, temendo o curso que o lavrar das chamas ia tomar.

A autarquia de Braga ativou o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil e para já são estimados cerca de 1200 hectares a área consumida pelas chamas. Uma habitação permanente foi consumida. Houve incêndios em dois armazéns, mas a Proteção Civil de Braga tem dúvidas que estejam relacionados com o incêndio florestal.

Neste momento decorre uma operação de rescaldo do incêndio que deflagrou toda a tarde de domingo, 15 de outubro. Os acessos à Falperra encontram-se cortados quer pelo lado de Braga, quer pelo lado de Guimarães, no acesso de Longos. Não é permitida a circulação automóvel e a circulação pedonal está igualmente impedida. Esta operação está a ser coordenada pela GNR e de acordo com o coordenador da Proteção Civil Municipal de Braga, Vítor Azevedo, esta medida justifica-se pelo risco de queda de árvores. A normalidade nestas vias deverá ficar reestabelecida durante o dia de terça-feira, 17.

Toda a encosta virada a noroeste, entre a Santa Marta das Cortiças e o Sameiro, até à Travessa da Igreja, em Nogueira, está agora sobre um manto negro. O fogo alastrou-se até às franjas dos limites da cidade Braga. Ontem, a estrada N101 chegou a estar cortada na Morreira, por onde terá passado a frente de incêndio.

Hoje, o cenário descreve-se como um manto negro ainda fumegante, que cerca habitações e indústrias, paredes meias com vegetação impenetrável, em terrenos visivelmente abandonados. O Hotel da Falperra, as instalações do Projeto Homem, a Casa da Cruz e a população residente foram evacuados. As entidades estimam que cerca de 100 pessoas terão sido evacuadas da zona do incêndio.

Os ventos fortes, na ordem dos 90 a 100 km/h, que varreram Portugal continental foram o grande comandante dos incêndios e por isso o principal adversário dos bombeiros. Terá sido a chuva que caiu durante a noite e que era esperada com ansiedade pelos bombeiros, que terá ajudado a pôr cobro a uma escalada infernal. O incêndio foi dado como extinto às 7 horas de segunda-feira.

No combate estiveram envolvidos 290 operacionais distribuídos por 100 veículos de várias corporações do distrito de Braga, da GNR, da PSP e Polícia Municipal de Braga, além dos meios de comando da Autoridade Nacional de Proteção Civil. O vereador Firmino Marques lamenta que tenha falhado o apoio de combate aéreo, apesar dos vários pedidos que foram efetuados.

O dia 15 de outubro era o último do período crítico de incêndios declarada pelo Governo através de despacho da Secretaria de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural. Esse prazo que já tinha sido alargado de 30 de setembro e foi de novo prorrogado até ao final do mês de outubro. Esse mesmo dia de 15 coincidiu com condições atmosferas severas e atípicas para a altura do ano, com baixos níveis de humidade, acompanhados de temperaturas altas. Os alertas começaram a surgir no dia anterior, mas nenhum alerta será suficiente para fazer frente a condições tão extremas, acompanhadas por um território farto em matéria combustível.