Barco: sala de convívio sénior torna-se centro social. Ainda falta edifício
Criada em 08 de março de 2013, no âmbito do projeto Gerações em Movimento, a sala de convívio sénior é agora parte do Centro Social Padre José das Neves Machado. O auditório do Grupo Cultural e Recreativo de Barco encheu-se, no domingo à tarde, para ver a pessoa que dá o nome à nova valência social dizer que esse é o pormenor menos importante do que está para vir. “Foi uma surpresa quando, numa noite de inverno, o presidente da Junta de Freguesia bateu à minha porta, a perguntar se poderia dar o meu nome ao centro social. Não vejo razão para isso, mas é o que menos interessa”, proferiu José das Neves Machado.
O sacerdote católico vincou que é “preciso continuar a trabalhar para levantar o centro social”, uma associação sem fins lucrativos registada desde agosto de 2022, que procura equiparação a Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) e é liderada por Luís Pereira, o também presidente da Junta de Freguesia de Barco. Nesse sentido, apontou o terreno para um novo edifício como o próximo passo a dar. Esse edifício deve albergar a sala de convívio, um centro de dia e um lar, se possível, para dar às pessoas mais velhas da freguesia a hipótese de “um fim de existência feliz”, mas também uma creche para as crianças. “É preciso um terreno. O resto virá depois”, resumiu.
Elogioso para com a abertura da Câmara Municipal de Guimarães face “tudo o que é social” e necessidades das várias freguesias, José das Neves Machado, de 87 anos, confessou que gostaria de ver a inauguração da primeira valência do futuro edifício. “Não sei se estarei cá para ver o novo edifício. Oxalá possamos fazer a festa de inauguração da primeira valência do edifício que depois albergará as outras valências”, disse. O auditório respondeu com uma salva de palmas e uma das pessoas que o compunha a perspetivar a inauguração para o 90.º aniversário do padre.
“Ir para o lar deve ser a última fase das fases”
De seguida, a finalizar o leque de intervenções, o presidente da Câmara defendeu que o terreno para o futuro edifício deve ser envolvente à igreja paroquial e ao centro cívico da freguesia, mas somente mediante acordo com os proprietários. “A Câmara não quer prejudicar ninguém e está disponível para comparticipar financeiramente. O terreno deve ser envolvente à igreja. Vamos a isso, presidente Luís Pereira [Junta de Freguesia de Barco]. É preciso a força da comunidade local, e eu sei que Barco tem essa força”, proferiu Domingos Bragança, envolto num cachecol da instituição, branco com letras azuis.
Ciente de que é um autarca com prazo de validade em setembro ou outubro de 2025, face à lei da limitação de mandatos – três -, Bragança gostaria de, até ao fim do mandato, ter prontas “as condições base” de uma instituição que faz uma homenagem justíssima a José das Neves Machado. “É uma atribuição justíssima. Conheço o padre José Machado há muito tempo. É inexcedível, com uma entrega e uma dedicação assinaláveis, daí a Câmara lhe ter atribuído a medalha de ouro municipal”, reiterou.
Defensor de pelo menos uma IPSS em cada freguesia de Guimarães, Domingos Bragança frisou que um centro social deve ter creche, valência neste momento prioritário, sala de convívio, centro de dia, serviço de apoio domiciliário e lar, como o último dos estágios dos cuidados aos mais velhos. “Ir para o lar deve ser a última fase das fases, a última possibilidade. A pessoa sente-se bem na sua casa. Por isso, é preciso o serviço de apoio domiciliário para garantir a higiene e a alimentação. E levar cada uma das pessoas à sala de convívio”, considerou.
O presidente da Câmara reiterou, aliás, que o mais importante para uma pessoa mais velha é “a família com o complemento da amizade”. “Estar só em família é egoísmo, e o egoísmo leva à solidão. Eles precisam de estar com os amigos, nos trabalhos manuais, nos bordados, na música, nas visitas que são importantes. Precisam de tempo para conversar, desabafar, mostrarem as suas dificuldades”, especificou.
ATL para crianças e nova carrinha: os desejos do centro social
O momento musical do grupo de seniores e as intervenções de dois dos principais dinamizadores da sala de convívio sénior – Lurdes Pinto Lisboa e António Freitas –, a recordarem a criação de um projeto que começou com dois utentes e tem hoje quase 40, precederam o discurso do presidente da associação e da Junta de Freguesia de Barco. Ao tomar a palavra, Luís Pereira enalteceu as diversas atividades concretizadas na sala de convívio, contígua à sede da Junta, e justificou a homenagem a José das Neves Machado.
“O Padre Machado tem uma vida de entrega aos outros. Além de ser natural desta terra, dinamizou o grupo de jovens, foi um apoiante incondicional dos movimentos, contribuiu para o desenvolvimento social, moral e religioso da paróquia e teve uma tremenda dedicação aos Bombeiros Voluntários das Caldas das Taipas, fazendo nós parte da área da corporação”, realçou.
O autarca confessou ainda os desejos de abrir um ATL para crianças a partir dos 10 anos em janeiro próximo e de comprar uma carrinha para transporte de idosos e de crianças, sem esquecer o “sonho da creche”.