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Bragança quer cooperação entre Cávado e Ave mas sem área metropolitana

Tiago Dias
Política \ segunda-feira, janeiro 27, 2025
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Presidente da Câmara defende cooperação na mobilidade entre Cávado e Ave, mas defende reforço das atuais CIM em vez de criação de nova entidade. Oposição diz que “riscos devem ser acautelados”.

Espoletada por Ricardo Araújo, vereador da coligação Juntos por Guimarães (JpG) e candidato aprovado pelo PSD às Eleições Autárquicas de 2025, a discussão sobre o memorando de entendimento entre as Comunidades Intermunicipais (CIM) do Cávado e do Ave para projetos futuros gerou consenso entre a oposição e o presidente da Câmara Municipal, Domingos Bragança: as CIM devem trabalhar em conjunto, nomeadamente no que respeita à mobilidade, mas Guimarães só deve aceitar a constituição de uma eventual área metropolitana nos territórios com a salvaguarda de que não perde centralidade, nem fica numa posição periférica quanto a horizontes de desenvolvimento.

O atual autarca foi mesmo mais longe e disse que, até ao último trimestre deste ano, calendário previsto para as Autárquicas, nunca será assinado qualquer documento no sentido de se criar a área metropolitana que envolva o Cávado e o Ave. É, ao invés, favorável ao reforço do atual modelo territorial para financiamento, assente no Norte como região e nas várias CIM que o compõem. “Não sou a favor da área metropolitana. Sou a favor da cooperação com a CIM do Cávado a partir da CIM do Ave, que tem Guimarães como cidade central de uma comunidade. A divisão territorial e administrativa está muito bem como está. Reforcem os poderes das CIM e tudo estará bem”, disse.

Domingos Bragança evoca a reforma administrativa de 1835, na qual Guimarães deixou de ser cabeça de comarca na província de Entre-Douro-e-Minho para integrar o novo distrito de Braga, para justificar as suas reticências quanto à criação da futura área metropolitana, entidade que, a seu ver, pela sua natureza, canaliza o desenvolvimento para uma cidade que centraliza todas as outras em seu redor; no caso, seria Braga, município mais populoso nas duas CIM, com mais de 190 mil habitantes.

A relevância dos distritos, ainda visível a nível eleitoral, diluiu-se com a criação das CIM em 2013; é através de tais associações de municípios que se realizam as candidaturas a fundos comunitários, por exemplo. “A CIM é boa para Guimarães. Se no futuro quiserem devolver a centralidade a Braga, tudo bem. Não assinarei qualquer coisa nesse sentido”, resumiu. Sem querer vincular a sua visão política à futura liderança da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança vincou que o memorando de entendimento não tem qualquer menção à área metropolitana, mas defendeu que é preciso dar escala à “conexão grande entre as áreas territoriais”, especialmente na mobilidade.

O documento contempla, por isso, a nova concessão para transporte público que vai ocorrer até ao final da década. “Devemos fazer concursos incluindo as duas CIM. Já estamos a fazer ligação por canal dedicado em metrobus (BRT). É o que está negociado. O canal físico a construir dará para migrar sem custos adicionais para metro ligeiro de superfície, que será construído se a procura o vier a justificar. Estamos a trabalhar na ligação à vila das Taipas, por Fermentões, Silvares e Ponte”, realçou.

 

“Guimarães podia e devia ter feito mais na liderança da CIM do Ave”

Domingos Bragança considerou ainda que a CIM do Ave é uma referência entre as 23 CIM de Portugal, no desempenho e na captação de financiamento, já depois de Ricardo Araújo ter vincado que Guimarães deveria ter um papel mais ativo na liderança desse território, à semelhança do que, a seu ver, acontece no Cávado, sob a orientação de Ricardo Rio, autarca de Braga. “Guimarães tem perdido centralidade e escala. Podia e devia ter feito mais na liderança da CIM do Ave. A própria CIM do Ave deveria ter uma agenda mais ambiciosa para o futuro. Braga assumiu mais no Cávado do que Guimarães conseguiu fazer na região do Ave”, defendeu.

Embora aberto à constituição de uma possível área metropolitana que congregue o Cávado e o Ave, na ótica de se “ganhar escala para se resolverem os problemas”, do planeamento económico e das infraestruturas e serviços públicos, o presidente da concelhia do PSD vincou que essa opção tem contempla riscos, nomeadamente o da perda de afirmação de Guimarães.

“Há riscos, e eles devem ser acautelados da perspetiva de Guimarães, que não pode perder a sua voz. Um dos riscos deste processo é o de perdermos alguma capacidade de afirmação. É algo que não quereremos. Guimarães foi sempre uma porta de entrada para a região de Trás-os-Montes para o litoral do país, daí a razão de termos muitos transmontanos no nosso concelho. Temos de preservar essa atratividade. E temos de olhar para a ligação a sul, ao Porto, pela qual se desenvolveu a nossa indústria têxtil, ao longo do rio Ave. Há uma ligação económica histórica”, referiu.