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Cultura, fé e “silêncio arrebatador”: peregrinos das Taipas viveram JMJ

Tiago Dias
Sociedade \ sábado, agosto 12, 2023
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Parte de um contingente com 19 pessoas alojado no concelho de Almada, Leonor Silva destaca a vigília de sábado e as mensagens do Papa Francisco, num evento que deu também para conhecer Lisboa.

Finda a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), Leonor Silva analisa, em retrospetiva, os quatro dias vividos em Lisboa e confessa que, “depois de um dia intenso de caminhada, ao sol, de descansar no chão de terra”, sem o conforto a que está habituada, a vigília de sábado à noite no designado Campo da Graça – o Parque Tejo, entre Lisboa e Loures – lhe transmitiu paz.

“O momento em que milhão e meio de peregrinos consegue fazer um silêncio arrebatador para sentir a presença de Jesus é dos mais bonitos desta JMJ. Ouvimos as palavras do Papa com muita atenção e foi impossível conter as lágrimas perante uma mensagem tão doce, tão profunda e tão encorajadora como a que o Papa nos transmitiu naquela noite”, adianta ao Reflexo a responsável pelo grupo de jovens de Caldas das Taipas, que se organizou para ir ao evento de quinta-feira até domingo – 03 a 06 de agosto.

Os 16 jovens do grupo Esquema Zero prepararam a viagem independentemente da Arquidiocese de Braga, adquiriram pacotes com alojamento, alimentação, transportes dentro da cidade, kit peregrino e seguro pessoal e rumaram a sul na companhia de três adultos, tendo pernoitado no Instituto Universitário Egas Moniz, no Monte da Caparica (concelho de Almada), juntamente com peregrinos do Porto e de Fátima.

Esse local, na margem sul do Tejo foi a base para uma experiência de fé que, segundo Leonor Silva, foi “muito bonita, muito intensa e muito transformadora”, tendo o Papa Francisco como figura central. A jovem de 20 anos realça “o enorme privilégio” de estar por três vezes na primeira linha de peregrinos para ver o sumo pontífice da Igreja Católica, a primeira das quais na cerimónia de acolhimento, na Colina do Encontro (Parque Eduardo VII). “Esse é um dos momentos que jamais esqueceremos. A forma como o grupo vibrou com a sua passagem, os gritos eufóricos de alegria e a felicidade estampada no rosto de cada um dos miúdos do grupo foi imensamente gratificante”, vinca.

Além dos vislumbres do Papa, a jovem católica salienta também os discursos “breves e simples” de Francisco, com mensagens carregadas “de amor, de esperança nos jovens e na humanidade, de coragem, de inclusão e de força”, que leva a que jovens de hoje se interessem pela dimensão religiosa da vida, considera. “Afinal de contas, uma multidão de jovens, vindos dos quatro cantos do mundo, teve a coragem e a ousadia de inundar Lisboa de amor”, atesta.

Pelo meio, os peregrinos das Taipas exploraram Lisboa, desde Belém, na extremidade ocidental da cidade, até ao Parque das Nações, já muito perto do Campo da Graça, onde visitaram o Oceanário de Lisboa no sábado de manhã. Na quinta-feira à noite, o grupo de peregrinos teve até oportunidade de reencontrar os jovens de Rueil-Malmaison – diocese de Nanterre, nos arredores de Paris -, que permaneceram na vila termal durante os Dias nas Dioceses; aconteceu no Terreiro do Paço, onde decorriam vários concertos. “A fé esteve sempre presente, desde a oração diária, às reflexões promovidas pelo Papa Francisco, ao momento de adoração, mas consideramos importante proporcionar-lhes, também, momentos de cultura e diversão”, resume.

 

Passagem do Papa Francisco no papamóvel, captada pelo grupo de jovens Esquema Zero

Passagem do Papa Francisco no papamóvel, captada pelo grupo de jovens Esquema Zero

 

“O grupo saiu mais coeso e com mais vontade de se fazer ouvir”

“Existe um Esquema Zero antes das Jornadas e um Esquema Zero após as Jornadas, porque um evento desta magnitude deixa marcas positivas muito profundas”, confessa a animadora do grupo, ao retratar a transformação vivida por quem participou na JMJ, jovens ou adultos.

Convencida de que a experiência “abriu horizontes” e impulsionou o grupo para “uma mudança”, Leonor Silva crê que o grupo deve aproveitar “a alegria e o entusiasmo” daqueles dias para continuar e crescer. “O grupo saiu mais coeso e com mais vontade de se fazer ouvir na paróquia”, realça. “Vimos de coração cheio e com muita vontade de trazer para a paróquia o eco das mensagens do Papa”.

Apesar de cansativas quanto à logística e à responsabilidade, a JMJ representou “um encher de baterias até ao limite” a nível emocional e espiritual, que deve sustentar as tarefas por vir. “Que o próximo ano seja um ano de trabalho à sombra do que vivemos nestes dias, para levar esta experiência de encontro com Cristo a “tantos que nos esperam”, projeta.