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Agrupamento 1259 de S. Clemente de Sande pretende recuperar o espaço da antiga escola de Vieite

Alfredo Oliveira
Sociedade \ domingo, setembro 15, 2019
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O chefe José Crespo recebeu-nos na sede dos escuteiros de S. Clemente de Sande com a edição do jornal Reflexo de maio de 2004. O destaque dessa edição era precisamente a constituição do agrupamento 1259 a 24 de abril desse ano. Nesta conversa, apresentamos um balanço de 15 anos de escutismo na freguesia.

Como surgiu o grupo escutista de S. Clemente de Sande?
O padrinho deste novo agrupamento foi o de Caldas das Taipas. Somente a nossa freguesia e S. Lourenço de Sande é que não tinham grupo de escutismo. O padre Joaquim Guimarães, nosso assistente, foi o grande dinamizador do aparecimento do agrupamento em S. Clemente. Estive na fundação, juntamente com Paulo Salgado, Ondina Mendes e Orlando Barbosa. Nenhum de nós tinha qualquer experiência no escutismo. Fomos ter uma formação de seis meses junto do agrupamento das Taipas. Tivemos, ainda, o apoio de Manuel Marques que também já não faz parte do agrupamento.

Como surge a chefe de agrupamento?
Sempre estive muito ligado à paróquia, era catequista, leitor e tenho colaborado noutras atividades com o padre da freguesia. Não podia recusar o pedido do padre Joaquim para liderar os cerca de 60 elementos do grupo nesse ano, entre lobitos e exploradores. Abracei o projeto com muito ânimo.

Ainda mantém esse ânimo?
Não tanto, reconheço. O escutismo mudou muito nestes anos. Temos uma vida muito ocupada e o escutismo também nos ocupa muito tempo. Depois tenho a minha família, os filhos vão crescendo, o trabalho e o escutismo exigem, nos dias de hoje, uma formação diferente e atualizada. O tratamento com os jovens também mudou, a educação não é a mesma. A sociedade de hoje é complexa, muitas vezes são os próprios pais que complicam e não é fácil lidar com os jovens.
Por outro lado, também já são muitos anos à frente do agrupamento e as mudanças, à partida, rejuvenescerem a dinâmica do agrupamento. Espero que agora neste novo ano escutista surja alguém que assuma a chefia.

Em termos de elementos, o agrupamento respira saúde?
Neste momento, temos cerca de 50 elementos. Já tivemos mais, mas é o número ideal para os dirigentes que temos. Seria bom termos mais lobitos do que os seis atuais. Mas, como já disse, há muitas ofertas para os jovens. No entanto, devo dizer que se registou uma quebra de 25% no escutismo a nível nacional.
Os jovens têm muita oferta de atividades e, por outro lado, as regras já não permitem que se mantenham os caminheiros para além dos 23/24 anos. Mantendo-se no agrupamento, devem passar para dirigentes, mas nem todos têm espírito para assumir essa função. Percebo esta dinâmica, pois a função do escutismo é preparar os jovens para a vida. Se passarem uma série de anos no escutismo e chegarem aos dezoito ou vinte e poucos anos com os valores do escutismo presentes na sua vida, a nossa missão está cumprida.

Nestes 15 anos o escutismo tem “mexido” com a paróquia e a freguesia?
Disso não há dúvida. Onde o agrupamento se envolve as pessoas da freguesia também aderem mais facilmente e em maior número. Ao nível religioso, seja numa Via Sacra, numa procissão, numa eucaristia mais simbólica, se não estivermos presentes, a coisa não é a mesma. Temos uma presença forte no Mês de Maria, a Via Sacra e a dinamização de uma eucaristia mensalmente. A nível da freguesia temos o S. Martinho, com um convívio que junta 250 pessoas, a ceia de Natal e o encerramento do ano escutista em julho, na Senhora da Saúde, que é a nossa maior festa da paróquia, com 350 a 400 pessoas num almoço onde já ninguém dispensa a nossa massa à lavrador. No aniversário, fazemos uma festa maior de cinco em cinco anos, agora só no 20º aniversário.

Em termos de projetos, o que está em marcha?
O nosso agrupamento é muito bem aceite pela comunidade e existe uma excelente relação. Temos uma sede, cedida pela paróquia, que satisfaz as nossas necessidades, quando precisamos de algumas verbas, as nossas iniciativas são apadrinhadas.
O nosso projeto em curso está ligado à cedência da escola de Vieite ao agrupamento. Trata-se de um edifício que estava abandonado e a nossa ideia, concretizada através do Orçamento Participativo, é criar algo parecido com um albergue, com um bar de apoio, para tentar mexer um pouco com a freguesia. S. Clemente é uma freguesia com pouca oferta para tirar as pessoas de casa. Esse espaço poderá ajudar na dinamização da freguesia.

Qual a mensagem para a juventude de S. Clemente de Sande?
Nos escuteiros aprendemos muito e queremos aprender sempre mais. Lutamos para sermos melhores pessoas. Aos que pretenderem juntar-se ao grupo escutista prometemos novas experiências dentro de um ambiente fraterno, valorizando a camaradagem, sem esquecer o cumprimento de ordens para se atingir as metas que o agrupamento se propõe alcançar. Estamos de coração aberto para continuar a escrever a história do agrupamento na vida de cada escuteiro, tendo presente que um grupo unido é mais forte e consegue fazer a diferença.

Trabalho publicado na edição de setembro do jornal Reflexo