191 anos de história: Banda Musical das Taipas celebra a sua memória
A tarde de sábado, 25 de outubro, começou com sons familiares a ecoar pelas ruas das Caldas das Taipas. A Banda Musical da vila — símbolo de tradição e resistência — celebrou 191 anos com uma programação que uniu passado e presente, emoção e comunidade.
O dia iniciou-se com o hastear das bandeiras na sede, momento solene que reuniu músicos, direção e taipenses que acompanham de perto o percurso da banda. Seguiu-se a arruada, levando o ritmo e a alegria que há quase dois séculos marcam o coração cultural da vila.
Arruada pela a vila das Caldas das Taipas
À frente do cortejo, o orgulho era visível — tanto nos rostos dos músicos mais jovens, como nos ex-veteranos que há décadas vestiram a farda. O som dos clarinetes, trompetes e bombos misturava-se com o aplauso de quem saía à rua para celebrar uma história que é de todos.
O ponto alto da tarde deu-se no Polidesportivo, onde o maestro Charles Piairo Gomes conduziu o concerto. “Esta comemoração representa muitos anos de trabalho. É um legado que temos de valorizar e fazer crescer", afirmou o maestro. O repertório escolhido foi leve e festivo, pensado para aproximar a comunidade da banda. “Queremos que este concerto seja também um momento de partilha, em que todos possam cantar connosco e sentir-se parte da música”, acrescentou.
Para o presidente da Banda, Henrique Azevedo, a data é mais do que uma celebração: é uma homenagem a todos os que ajudaram a construir este percurso. “São quase dois séculos de pessoas que trabalharam e deram tudo pela coletividade mais antiga da nossa vila. Celebrar é também recordar quem nos trouxe até aqui”, destacou.
Mas entre as notas de festa, há também espaço para reflexão. O presidente recorda as dificuldades financeiras e logísticas que a banda enfrenta, nomeadamente a falta de um espaço de ensaio adequado e o apoio limitado das entidades públicas. “As bandas do concelho são muito mal apoiadas. Precisamos de mais do que palavras de apreço — precisamos de apoio concreto”, afirmou.
Concerto de comemoração no Polidesportivo das Taipas
Ainda assim, o presidente reforça a força da união interna: “Esta geração é unida e sabe estar. Fazemos o possível para que nada falte aos músicos, porque é essa dedicação que mantém viva a chama de uma instituição com 191 anos.”
O maestro partilha o mesmo sentimento. Para ele, a ligação entre direção e músicos é essencial. “Sou um pouco o elo entre ambos. Tento que os músicos gostem de estar na banda, porque se houver um bom ambiente, o trabalho flui. Quando a banda toca bem, é mérito deles”, disse.
A tarde terminou com aplausos calorosos e um sentimento de orgulho coletivo. Com 191 anos de atividade, esta instituição não é apenas uma banda: é um símbolo de identidade, de cultura e de continuidade. Uma ponte entre o passado e o futuro.