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Vocação, por onde andas?

Teresa Portal
Opinião \ sexta-feira, abril 14, 2023
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Em todas as profissões há bons e maus profissionais, mas o que acontece em casa alheia não me interessa. Falando da minha profissão, atrevo-me a dizer que...

 

Há certas profissões que, outrora, eram conotadas com «sacerdócio». Ser padre, enfermeiro, médico, professor era sinónimo de se dar aos outros, de melhorar constantemente o seu desempenho, de adquirir novas competências para socorrer, para servir, para ajudar, para educar não só o físico mas também o psíquico.

Infelizmente, no hoje, a vocação desapareceu ou está em vias de extinção e estas profissões passaram a ser meros «empregos» com que se auferem os ordenados. Contam-se os minutos, os segundos das horas de trabalho e seguem-se os ponteiros do relógio com ansiedade para se sair «logo», no minuto zero, nem que isso signifique deixar algo por acabar ou mal feito ou por fazer.

Conheço pessoas em todas elas em que, se os exames às ordens ou os estágios ou até mesmo as aulas das universidades fossem bem avaliados, nunca passariam a usar tais títulos ou a desempenhar essas tarefas.

A Ordem dos Professores, defendida por muitos, ou o exame à entrada, defendido por outros, não resolveria nada. Nesse exame, muitos dos que não valem «nada» ficariam logo de fora, apesar dos buracos da rede ainda serem muito largos, pois os médicos, os enfermeiros têm ordens e há muitos que não merecem tal nome nem deveriam estar em contacto com o público.

Em todas as profissões há bons e maus profissionais, mas o que acontece em casa alheia não me interessa. Falando da minha profissão, atrevo-me a dizer que, atualmente, os maus profissionais (nem merecem o nome!) começam a ser um «peso negativo» nas diferentes instituições, gerando um mau ambiente. Como não produzem nem querem produzir, boicotam tudo quanto de bom os outros fazem por «dor de cotovelo», «inveja», «preguiça» e alguns por «má formação intrínseca». Já nasceram assim: egocêntricos, invejosos, predispostos para denegrirem o trabalho dos outros porque incapazes de fazerem o mesmo.

Neste momento, com a competitividade imposta aos trabalhadores nos diversos setores, a situação agravou-se, pois os que «dão o litro» têm de ser abafados, espezinhados, maltratados, humilhados para não se poderem reerguer e deixarem de ser os faróis da sua profissão. E há os que se deixam abater e entram em depressão e desistem e, pior ainda, passam-se para o grupo.

Porém, há os outros, os que são como os «sempre em pé» que levam empurrões, estremecem, mas teimam e permanecem combativos e ativos. Para estes, os dias amargos podem vir, mas os doces continuam a ser em maior número. Basta ver as carinhas satisfeitas dos jovens que reconhecem o trabalho, onde ele existe. Nada dizem no momento, devido à sua pouca idade, mas reconhecem-no mais tarde. São essas as medalhas de cortiça que um bom profissional almeja receber, porque o reconhecimento da classe é muito difícil de conseguir. Só raramente, quando o rei faz anos, ou quando há qualquer interesse escondido. Isto para não falar dos que, quando fazem qualquer coisinha, têm de ser elogiados ou se autoelogiam.

E deixo aqui um pedido para o que começam a carreira (alguns já com muitos anos de experiência). Não sei se têm sido bons ou maus profissionais. Se trabalham por amor à camisola, se não são escravos dos relógios e dos horários e dos programas, então fazem parte da 1ª categoria. Aprendam a olhar com indiferença pra os que não são como vocês. Não se deixem «contagiar» por toda essa negatividade do nada fazer nem menosprezar por tais profissionais da treta.

Se não fossem os (des)governos e a dívida externa, as críticas mesquinhas e maldizentes já não me atingiriam a partir de 2014, pois já estaria aposentada e talvez sem ter tido os problemas de saúde e etc, etc… Assim, saí como saí, e a cegueira e estupidez de muitos já não me afeta. Apenas lamento.

Sejam bons profissionais e isso refletir-se-á no desempenho dos vossos alunos.