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Tolerância, a chave mestra do século XXI

Teresa Portal
Opinião \ sexta-feira, setembro 29, 2023
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Tolerar é ser proativo, atuar em função do social, do coletivo, marginalizando, por momentos, o individual.

Tolerância, a chave-mestra do século XXI, dizem. Só que penso que se perdeu, que a perderam e, neste momento, ninguém sabe como abrir o armário da vida, onde as gavetas da compreensão, do amor desinteressado, da fraternidade, da solidariedade permanecem hermeticamente trancadas.

O egoísmo, a guerra, a fome, a ganância, a esperteza saloia imperam e ganham com enorme facilidade.

O EU ocupa todo o espaço disponível não deixando nenhuma pequena vaga para o NÓS.

E para todas as pequenas situações mais problemáticas há logo a censura, a repreensão e, se um diz “Mata-se!”, o outro riposta de imediato “Esfola-se!” É a lei da selva.

Tudo é levado a tais extremos que, situações caricatas que nos fariam rir noutros tempos, nos fazem explodir como se fossem casos extremamente graves.

O sorriso desapareceu também com a tolerância, Cruzamo-nos na rua com caras fechadas e, mesmo em casa, em família, esquecemo-nos de rir. Cada um isola-se no seu cantinho, com os seus passatempos, as suas maneiras de ocupar o tempo mais ou menos construtivas de um Eu saudável ou mais ou menos disruptivas levando a um Eu depressivo, cismático, fechado, introvertido ou irascível, insatisfeito, revoltado, ansioso.

É tão bom dar uma boa gargalhada! É tão salutar! Mas parece que todos preferem andar de trombas, os rostos sérios, as testas franzidas…

Para onde foi a tolerância?

Tolerar significa também dialogar, saber ouvir os outros, não apenas o eco da própria voz.

Tolerar significa aceitar a imperfeição em si e nos outros, pois ninguém é perfeito.

Tolerar é ser proativo, atuar em função do social, do coletivo, marginalizando, por momentos, o individual.

E, a propósito do meu romance “Vidas Sofridas”, lembrei-me da tolerância praticada pelo frade Inácio e o cardial José Felisberto (personagens de ficção) e pelo papa interpretado por Anthony Quinn no filme “As Sandálias do Pescador” (outra personagem de ficção) e o atual papa, um santo padre bem real que prega o ecumenismo da igreja, a tolerância abraçando TODOS…TODOS…TODOS sem exceção, porque todos somos Seus filhos. Ninguém tem o direito de “rotular” o outro.

Tolerar é dar a mão quando alguém tropeça, ajudando sem esperar que peçam. “O único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo é para o ajudar a levantar-se – disse o Santo Padre.- Na vida aprende-se a caminhar com os outros para atingir uma meta. Na vida nada é grátis, tudo se paga. A única coisa grata é o amor de Jesus.”