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A educação na região de Caldas das Taipas

José Araujo
Opinião \ terça-feira, outubro 02, 2001
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Perspectivar o futuro da educação na região de Caldas das Taipas, remete-nos para o pensamento do que deveria ser esse futuro.

É nesse registo que assumimos as ideias que sinteticamente se sinalizam adiante.
A educação escolar das crianças e dos jovens, hoje como no futuro, terá de responder de duas ordens de objectivos: a da formação pessoal, cultural e social como indivíduos e cidadãos livres e autónomos; e a da preparação para a formação especializada de nível superior ou da formação profissional qualificada para inserção na vida activa.
Para a primeira classe de objectivos, um dos desafios imediatos, base para o desenvolvimento educativo futuro da região, é rápido desenvolvimento de uma rede estabelecimentos capaz de proporcionar o enquadramento de todas as crianças em idade pré-escolar (3-6 anos).
Paralelamente, haverá que continuar a elevação de qualidade dos serviços educativos dos níveis de ensino subsequentes. No que diz respeito aos 2º e 3º ciclos, será incontornável a necessidade completar a rede de escolas e de redimensionar, reduzindo e não aumentando, a capacidade das escolas existentes. A dinâmica dos agrupamentos tenderá a naturalizar a concentração física de todos os níveis do ensino básico da respectiva área geográfica, consolidando um conceito de socialização e escolarização básicas.
Esta região está privilegiadamente situada entre importantes e dinâmicos pólos universitários (Braga, Guimarães e Famalicão) e muito próxima de vários outros. Por outro lado, mostra já uma pujança de atracção e fixação de população e actividades económicas, dos sectores secundário e terciário, capazes de garantir e sustentar o crescimento demográfico e a qualidade de vida das populações residentes. Assim, no campo da educação, para garantir a segunda ordem de objectivos, bastará assegurar duas apostas ao nível do ensino secundário.
A primeira prende-se passa pelo desenvolvimento da oferta de cursos do secundário, que responda às necessidades de preparação de jovens capazes de adquirir formação especializada de nível superior e promova o contínuo desenvolvimento económico e cultural da região. A atracção de indústrias de produção ou serviços das áreas das tecnologias, que se espera vir a ser induzida pelo Parque de Ciência e Tecnologia, deve estimular a aposta nesse tipo de formação, conferindo aos residentes locais capacidade competitiva para aproveitar as novas oportunidades de emprego.
A segunda, paralela à anterior e igualmente importante, embora carecendo de maior investimento, passa pela incontornável necessidade de um centro de formação profissional nesta região. Sendo uma carência já hoje por demais evidente, nela reside uma boa parte da explicação para as elevadas taxas de não prosseguimento de estudos secundários e de elevado insucesso no ensino secundário regular.
Finalmente, haverá que considerar a área da educação de adultos, numa perspectiva mais vasta que a da mera alfabetização. Não devendo ser desprezada a necessidade de eliminar, definitivamente, o analfabetismo dos adultos, quer se encontrem na vida activa, quer estejam já aposentados; a educação permanente de adultos deve ser perspectivada como aposta estratégica. No futuro, esta área de formação terá de desenvolver-se, em três vertentes essenciais:
1ª - Pela procura e oferta crescente de complementos de formação escolar, tendo em vista elevação das habilitações escolares e a aquisição de condições de acesso a carreiras mais exigentes e selectivas. A oferta crescente de mão-de-obra estrangeira reduzirá a disponibilidade de emprego não qualificado e pode provocar a estagnação ou recuo do nível de rendimentos provenientes desse tipo de trabalho. Por outro lado, em todas as situações em que o domínio da língua nacional não constituir factor limitante, a pressão dos imigrantes com formação escolar média/alta, associada à crescente qualificação escolar dos nacionais que pro-curam o 1º emprego, tenderá a elevar rapidamente as exigências mínimas de formação escolar.
2ª - Pela necessidade crescente de formação contínua dos recursos humanos activos, como único meio de manter a qualificação profissional e a capacidade de competir no mercado laboral. O tempo do emprego para toda a vida está a desaparecer rapidamente e o do posto de trabalho que se mantém inalterado já terminou. Os tempos que correm são de mudanças rápidas nos modos de fazer e, tal como as empresas, os trabalhadores que não procurarem a actualização permanente e não estiverem dispostos a adaptar-se à mudança, ver-se-ão rapidamente preteridos e substituídos por outros melhor preparados. A inovação tenderá a ganhar valor sobre a experiência. Tanto os indivíduos como as empresas terão de investir cada vez mais na aquisição de novos saberes e na adaptação às mudanças tecnológicas, especialmente nos sectores produtivos, e no pleno aproveitamento da Sociedade da Informação e Comunicação, no que diz respeito aos sectores dos serviços;
3ª - Pela busca de uma ocupação educativa e formativa dos cidadãos já retirados da vida activa, mas ainda capazes de contribuir através de programas de voluntariado social. A necessidade de ocupação de uma população crescente de idosos reformados, mais saudáveis e com maior esperança de vida, tenderá a passar por oportunidades de formação académica a que não tiveram acesso na sua juventude e pela qualificação para o enquadramento voluntário em actividades de apoio e dinamização social.
Estes serão, na nossa opinião, os principais desafios que no campo da educação se colocam a esta região. Assim, saibam as gentes da região de Caldas das Taipas tomar em mãos esses desafios e participar activamente na construção desse futuro.

José Augusto Araújo

Presidente do Conselho
Executivo da ESCT