Sinais dos tempos…
1. É com gosto que integro o grupo de cronistas do jornal Reflexo, a quem agradeço a oportunidade que me concedem para partilhar a visão que tenho sobre os temas que marcam a atualidade concelhia e nacional.
As primeiras semanas do novo mandato autárquico ficam marcadas, essencialmente, por um tema de consequências imprevisíveis. O conhecimento do parecer negativo do ICOMOS (Comissão Nacional Portuguesa do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios) à construção do parque de estacionamento de Camões merece uma atenção especial.
Se é certo que a procissão ainda vai no adro, não é menos certo que a gestão deste assunto deixa antever aquilo que nos pode reservar o futuro. Sendo factual, fica a pergunta. Porque escondeu Domingos Bragança o parecer negativo que detinha desde meados de Setembro e que recomenda a não realização desta obra? Sendo verdade que o referido parecer não é vinculativo, não deixa de preocupar que os responsáveis políticos de um concelho com as responsabilidades ao nível da preservação do património como Guimarães, ignorem uma opinião avalizada como a do ICOMOS. Mais grave ainda, não fica bem, para ser simpático, que o mais alto representante da autarquia não tenha a transparência que se lhe exige, subtraindo informação relevante como esta, gerindo-a em função dos seus interesses eleitorais.
Espero, com sinceridade, que a gestão atabalhoada deste processo não tenha consequências no alargamento a Couros da zona classificada como Património Cultural da Humanidade.
2. Estalou o verniz na geringonça. Para além da farsa que foi a festa dos dois anos de Governo Socialista, fazendo lembrar o “pior” das encenações do tempo do Eng. Sócrates, ficou claro, nesta semana, que António Costa deixou de ter mão no castelo de cartas que montou. Vem ao de cima o que era previsível, quando as convergências políticas assentam em agendas partidárias e não no interesse nacional. Até o mais paciente de todos, Marcelo Rebelo de Sousa, já deixou o aviso à navegação. Costa terá, agora sim, a grande prova de fogo.
E o que dizer da postura do PCP ao voto de pesar apresentando na Assembleia da República à morte do industrial Belmiro de Azevedo. Difícil de compreender, não é?! Um partido que lamenta a morte de ditadores e vota contra uma justa homenagem a um grande Português é, de facto, um partido com bolor, agarrado a uma cartilha que por momentos incomoda e desilude. Cresci a admirar homens e mulheres que marcaram, em vários setores, o desenvolvimento do nosso país. Belmiro de Azevedo é um deles.
Cresceu a pulso, marcou uma geração de empresários pela sua capacidade de inovação e pelo seu contributo para a gestão moderna do setor privado. Apesar da fortuna que justamente alcançou, são vários os exemplos de simplicidade e de generosidade. O Partido Comunista Português ainda não percebeu que, se é verdade que não há empresários sem trabalhadores, também não é menos verdade que não há trabalhadores sem empresários como Belmiro de Azevedo.
Boas Festas.
Bruno Fernandes