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Parabéns EB23 de Caldas das Taipas pelo 50º Aniversário

Teresa Portal
Opinião \ quinta-feira, setembro 29, 2022
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À Escola Básica das Taipas (como agora se chama) desejo as maiores felicidades e que continue a ser uma escola que cative toda a comunidade escolar e seja uma escola de excelência.

Reduzir 36 anos de uma vida a meia dúzia de linhas é tarefa deveras difícil para quem é analítica, dada a disparidade de funções exercidas e a miscelânea de emoções que se atropelam e teimam em saltar para o papel.

Vivi a minha profissão com intensidade em todas as situações fossem elas letivas ou de gestão.

O tempo na EB23 dividiu-se sensivelmente em três períodos: o 1º como delegada de Português (cargo para o qual fui eleita mal lá cheguei em 85) e diretora de instalações da biblioteca, num Conselho Pedagógico onde fui encontrar o professor Mário Rodrigues como delegado de Matemática. E surgiu logo aí o jornal escolar O Pequeno Jornalista que ganhou prémios a nível nacional (92-93 e 95-96), um sonho que tinha. Lecionar o 2º ciclo foi o começo de um amadurecimento como profissional, pois havia começado, em 77, no Liceu de Guimarães a lecionar o meu grupo- o 9º (Inglês e Alemão).

Não vou contar a história da minha vida, mas deixar apenas alguns eventos e situações que me marcaram mais.

Sempre tive uma visão “romântica” da educação como diz Rubem Alves, pois sempre odiei “normas, leis, despachos e decretos” e, porque afastada da minha formação de base, a Filologia Germânica, levei para o Português, a língua que lecionei praticamente toda a minha carreira e adoro, as metodologias e didáticas das línguas estrangeiras.

Sobre o Pequeno Jornalista, o primeiro jornal das Taipas, fora o Redil da paróquia que existiu por uns anos, era capaz de falar durante um dia. Acho que todos o conheceram e, enquanto teve publicidade (o que aconteceu durante os primeiros 18 dos seus 30 anos de existência), levou o nome da escola bem longe. Ganhou dois prémios nacionais o que foi motivo de orgulho pessoal, profissional e escolar.
Criada a secundária, ficou o 2º ciclo. Chegámos a ter 54 turmas, numa altura em que a escola abrangia 19 freguesias. Depois os anexos de Ponte e de Sande S.Martinho, criados porque não cabiam todos na escola, deram origem às escolas de Ponte (mais tarde Arqueólogo Mário Cardoso) e de Briteiros.

A “velha guarda”, com idades muito aproximadas, formou um bloco que se manteve por muitos anos e permitiu à escola criar uma identidade. Quando chegou o 3º ciclo, os professores eram mais volantes, pois nunca abriram completamente o Quadro de Escola e os professores não chegavam a assentar arraiais. O Ministério acabou com o QE, ou seja, os professores deixaram de pertencer a uma escola e passaram a um Quadro de Zona. Quando fui forçada a aposentar-me por doença e esse é o 3º período, dois anos de atestado médico, o meu lugar do quadro fechou de vez.

Memórias? A turma de Inglês que lecionei durante o meu primeiro ano, meninos da vila e que me marcou, pois pela primeira vez pude falar e ensinar Inglês. Tive alunos de que ainda hoje me recordo. Depois, por opção e obrigação, para ser delegada de Português tinha de lecionar os dois anos.

Não foi pera doce aguentar os desmandos de quem governava, que mudava as leis e as regras como quem muda de camisola e as “paixões” eleitorais esfumavam-se logo mal se viam no poleiro. E hoje continuamos, infelizmente, a assistir ao mesmo. De quem é a culpa? Dos professores que não fazem nada.

Enquanto estive no 2º ciclo, tive de tudo: uma turma fantástica em que um aluno, hoje arquiteto, escrevia os textos com o qual fomos a Guimarães às Quartas-Feiras Culturais da Câmara e, no Teatro Jordão, as duas escolas digladiaram-se e só não chegaram a vias de facto os nossos alunos injustiçados porque houve pulso de ferro para os conter.

Quando o 3ºciclo começou na escola, em 92/93, com apenas 4 turmas, os horários foram distribuídos pela prata da casa que não se importou de lecionar o 3º ciclo. Eu fui uma das deslocadas e nunca mais de lá saí para poder permitir que colegas do meu grupo permanecessem na escola. Saí apenas para lecionar uma turma de 5ºano “uma experiência pedagógica” que não foi fácil, com professores escolhidos a dedo e da qual adorei ser professora. Que aventura e que saudades! A outra vez foi quando lecionei um CEF que tinha a componente académica na escola e a profissional na Escola Profissional de Mazagão. Este desafio envolveu quatro escolas e resultou, mas ficou caro ao Ministério que logo acabou com isso.

92/93 marcou um ano de viragem na minha vida pessoal e profissional.

E foi nesse ano que lecionei as quatro turmas - A.B.C e D – que começou a segunda fase da minha estadia na escola, pois entrei para o Conselho Diretivo. Sei que fiz jornais com todas as turmas com base num livro que os alunos escolhessem. Recordo que uma das minhas turmas dos 5º e 6º anos continuou minha no 7ºB e fiz o “Gazeta do Reino” com base na obra “Uma viagem à corte do rei D. Dinis” de Ana Margarida Magalhães e Isabel Alçada. Não se ofendam os outros mas estes foram meus durante 3 anos.

A oferta de um ramo de 25 ramos de rosas do meu 7º/8º/9º A, a turma que lecionei quando podia não ter turma como vice-presidente e tive, só usufruindo dessa norma ministerial durante 2 dos 4 anos em que isso aconteceu, e que marcava os 25 de docente empenhada na educação. Foi com essa turma que realizei um espetáculo no fim do ano “Work and Hope” em que dramatizei um texto com base em “O Mundo em que vivi” de Ilse Losa e “O Diário de Anne Frank” com mãe e filha em palco: Teresa Castelo Branco era Ilse Losa e a Ana Rita era a Anne Frank. A Oficina de Jornalismo e Escrita Criativa criei-a nessa altura pois precisava do contacto com os alunos e acabou por se tornar num projeto de desenvolvimento dos bons alunos em língua portuguesa.

O projeto “Nos passos do Infante”, em que a minha turma de 7ºano começou um intercâmbio com uma turma da D.Afonso III de Faro (eles vieram cá), no 8ºano (nós fomos lá com a turma do 6ºano que andava nos passos do Infante D.Henrique) e no 9ºano desencontraram-se na Serra da Estrela, pois os outros anteciparam-se uma semana.

A Páscoa Florida que realizei desde 1993/94 com o projeto “A Escola como uma mini-cidade”, os Jogos Florais que conduzi desde a formação do agrupamento em 2001.

Muitas atividades se fizeram com saída para a vila: os desfiles carnavalescos e não só, as exposições no fim do ano (que a comunidade não ia ver), os saraus de poesia (espetáculos maravilhosos que ecoaram na comunidade, tendo sido o último realizado na Fábrica de Cutelarias Herdmar, no Projeto das Cutelarias (uma parceria realizada para CEC 2012).

Os projetos dentro da turma: livros que nunca chegaram a ver luz, como a “Mitologia ao Ave”, que envolveu praticamente todas as turma do 7ºano em História- professora Adelina Pinto, Educação Visual- professora Cristina Sá e eu a Português, a inventar deuses para o Ave. Apesar de ter conseguido a publicação d’ O Pequeno Autor, em 91/92, pela CMG, este não conseguiu andar nem com a AMAVE.
Foram tempos muito bons os que passei na escola, abusando da minha saúde e do tempo a ela dedicado mas não lamento. Tenho agora uma Caixa de Memória recheada de recordações, onde vou buscar material para as minhas escritas, agora que comecei a minha carreira de escritora.

Ficam aqui exarados alguns momentos mais marcantes e, se ainda não se inscreveu no meu site/ blogue de escritora, faça-o, pois estou a realizar o segundo sonho da minha vida.

Quando acabasse a docente, viria à luz a escritora.
Fica aqui o link
https//www.mariateresaportaloliveira.pt

À Escola Básica das Taipas (como agora se chama) desejo as maiores felicidades e que continue a ser uma escola que cative toda a comunidade escolar e seja uma escola de excelência.