O valor da palavra
Tenho para mim, e julgo que não estarei sozinho nesta convicção, que a credibilidade do exercício das funções políticas, nomeadamente dos seus protagonistas, se afere, em grande parte, pelo valor da sua palavra. Isto é, a solidez do que se assume e acima de tudo o sucesso da sua concretização. A par do “dar o exemplo” a capacidade de “cumprir o que se promete” é, sem dúvida, fator de credibilização de quem nos governa. Nada de novo até aqui.
Nas últimas semanas tem-se discutido precisamente o tempo que demoram determinados projetos a acontecer em Guimarães. O PSD tem questionado o não cumprimento, em tempo razoável, desses projetos e acima de tudo a consequência negativa que essa circunstância tem no nosso desenvolvimento.
O Partido Socialista reagiu em proporções pouco habituais, dizendo, grosso modo, “isto é normal”, a “culpa é dos Governos” ou mais caricato ainda “é preciso sonhar e ambicionar”, ao que somou a mais extraordinária “isto um dia vai acontecer e o PSD deixará de ter que dizer”…
Bem, eu tenho ideia que o nosso sistema político prevê mandatos de quatro anos e que os vários candidatos se apresentam a eleições com um projeto bem definido, mensurado e acima de tudo para cumprir nesse mandato. Exceção a esta metodologia, como é óbvio, são os projetos estruturantes de tal dimensão que transbordam este período temporal.
Mas, no essencial, o projeto político é para ser executado em quatro anos, com os orçamentos que todos devem conhecer. Se não for assim, estamos a enganar os eleitores.
Basta, por exemplo, ir verificar o que foi assumido pela Câmara Municipal nas reuniões descentralizadas nas freguesias para tirar a prova dos nove, se porventura houver dúvidas. Em todas elas a câmara, e o seu presidente em particular, apresenta um projeto que gera naturais expectativas de concretização. São normalmente de reduzida ou média dimensão, cabendo por isso nos orçamentos anuais do município. Mas, se fizerem o exercício que fiz, ao consultar as notícias de cada reunião desde 2014, vão ver que na sua maioria são projetos que não saíram da gaveta.
A câmara não tem que fazer tudo, sabemos bem disso, mas não pode prometer tudo sabendo que não vai cumprir.
Esta ideia de que o importante é ter ideias, não me cabe na ideia…
Guimarães precisa é de concretizações, de capacidade de fixar empresas que geram emprego, de resolver definitivamente os problemas de acessibilidades que atormentam os automobilistas e estrangulam a economia, de não colocar a cultura que tanto nos distinguiu num segundo patamar de prioridades e acima de tudo de voltar a ser um concelho motor regional como fomos no passado recente.