O que faz falta é animar a malta
Consultando a Lei 169/99 referente às competências do órgão Junta de Freguesia, facilmente constatamos as limitações de poderes a que as Juntas de Freguesia estão sujeitas. Em vários casos, estas limitações só são contornadas através da delegação de alguns poderes pela Câmara Municipal na Junta de Freguesia.
No entanto, esta situação tende a inviabilizar-se quando as relações entre os órgãos do município e os da freguesia são adversas, sendo certo que nestes casos quase sempre acabam prejudicadas as populações das freguesias.
Sendo a vila das Taipas a terra onde a lua fala, em matéria de protagonistas políticos é também a terra onde se podem encontrar bons exemplos na arte da esperteza ou na arte da ilusão.
Senão vejamos:
À quatro anos, o PSD através de Constantino Veiga, com objectivos eleitoralistas, recorreu premeditadamente ao engano da população taipense e prometeu aquilo que sabia não poder cumprir: a construção de um lar de idosos (além de muitas outras obras).
Agora, quatro anos depois, trocou a palavra construção pela palavra promoção e voltou à carga com mais do mesmo. Sendo que, não se sabe sequer quanto tempo levará o processo burocrático ou as obras de restauro e adaptação a serem concluídas e como tal, não se sabe também se, ou quando, os taipenses vão ter finalmente um lar na sua terra. No entanto a ilusão do lar de idosos volta a estar viva.
Também quatro anos depois desta promessa, o PS através de Ricardo Costa, que não quis ficar atrás na esperteza, não prometeu nem promoveu, antes deu como certa e aprovada a construção de um lar de idosos. Para tal recorreu a uma golpada política que também pode ser benéfica em termos eleitorais mas que em simultâneo não abona em favor de nenhum dos intervenientes no processo. Uma golpada política que denuncia falta de transparência, de escrúpulos e uma promiscuidade condenável entre poderes locais, instituições sociais e candidatos partidários que descredibiliza e devia envergonhar principalmente o candidato do PS à Junta das Taipas pelo sombrio papel que se prestou desempenhar neste processo. Considero mesmo este processo como um exemplo da prática política ao seu mais baixo nível.
Assim, à volta de uma infra-estrutura social efectivamente necessária para a vila como é um lar de idosos, se vai fazendo política (ou politiquice?...), barulho e lá se vai animando a malta.
Curiosamente, sobre matérias que estão ao alcance e no âmbito dos poderes de uma Junta de Freguesia, não se vê nem ouve grande barulho.
Quanto a mim, penso que a vila das Taipas, carece neste momento de uma estratégia que lhe devolva uma verdadeira identidade.
Essa identidade terá que passar inevitavelmente pela área turística. Pelo aproximar das pessoas, das associações, das empresas e do poder local. Por saber envolver todos os agentes na transformação social, cultural e desportiva da vila. Pela exaltação e promoção do património, dos costumes e tradições taipenses. Por aqui se poderá caminhar rumo a essa identidade que, na minha opinião, a vila das Taipas neste momento também carece.
Como sobre esta matéria não ouvi qualquer ideia ainda, começo a pensar que estes candidatos à Junta só conseguem pensar em grandes obras que não dependem exclusivamente de si. E quem sabe se nessa teimosia de só pensar em grande, não esteja afinal a razão para que cada vez se torne mais difícil encontrar algo sustentável que diferencie as Taipas de uma outra vila qualquer.