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O peso do custo de vida: o desafio da juventude portuguesa

Alexandra Pimenta
Opinião \ quarta-feira, março 12, 2025
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Se nas grandes cidades o custo de vida é elevado, nos meios mais pequenos há um outro desafio: os salários locais muitas vezes não chegam para acompanhar a escalada dos preços.

Nos últimos meses, tornou-se impossível ignorar as conversas entre jovens sobre um tema que domina o dia a dia: o custo de vida. A cada ida ao supermercado, a cada fatura que chega ao final do mês, sente-se um peso crescente sobre os ombros de quem ainda tenta construir um futuro.

Em 2024, o Eurobarómetro já apontava o custo de vida como a principal preocupação dos portugueses. Agora, em fevereiro de 2025, a situação não só não melhorou, como se tornou ainda mais evidente no quotidiano dos jovens. Trabalhar muito, ganhar pouco e gastar quase tudo em despesas essenciais passou a ser a nova realidade.

A juventude de hoje enfrenta um paradoxo difícil: incentivada a sonhar alto, mas travada por uma economia que parece não dar margem para crescer. Os preços da habitação continuam excessivos, os salários teimam em não acompanhar a inflação e, em muitas localidades como a nossa, as oportunidades de emprego qualificado são escassas.

Muitos jovens sentem-se forçados a adiar planos, como sair da casa dos pais, investir numa formação extra ou até começar uma família. O que outrora era um passo natural na vida adulta tornou-se agora um luxo acessível a poucos. Não é de admirar que tantos optem por emigrar, procurando noutros países a estabilidade que o próprio país não oferece.

Se nas grandes cidades o custo de vida é elevado, nos meios mais pequenos há um outro desafio: os salários locais muitas vezes não chegam para acompanhar a escalada dos preços. Viver numa vila tem as suas vantagens – qualidade de vida, menos trânsito, maior proximidade entre as pessoas – mas também impõe limitações.

O comércio local, por exemplo, sofre com a falta de poder de compra da população. Se as pessoas têm cada vez menos dinheiro para gastar, os negócios ressentem-se, o que leva a menos contratações e, por fim, a um ciclo vicioso de estagnação económica.

E há ainda outra questão: a falta de incentivos reais para a fixação dos jovens. Se os custos de vida aumentam e as oportunidades de emprego são poucas, como podemos esperar que a juventude continue a apostar na sua terra?

O que pode ser feito? 

É fundamental que este problema não seja tratado apenas como um dado estatístico, mas como um alerta urgente. Políticas de apoio aos jovens devem ir além de promessas eleitorais e refletir-se em medidas concretas, como:

- Salários mais justos que acompanhem a realidade dos preços;

- Maior regulação no setor da habitação, evitando especulação imobiliária que impede os jovens de alugar ou comprar casa;

- Incentivos ao empreendedorismo jovem, especialmente em vilas e cidades do interior;

- Investimento em emprego qualificado para que os jovens não precisem sair da sua terra para procurar um futuro melhor.

Se queremos um país mais equilibrado, onde os jovens tenham a oportunidade de crescer e contribuir para o desenvolvimento local, é essencial garantir que o custo de vida não se torne um obstáculo insuperável. Porque, no final das contas, um país que não cuida dos seus jovens está a comprometer o seu próprio futuro.