O EGOísmo atual
Que susto! Prefeririam, por certo, voltar para a tumba a viver neste mundo conturbado e perturbado, habitado por uns seres estranhos que apenas se interessam por tudo quanto lhes diz respeito, pouco se ralando com os outros e com o mundo em geral. Teriam sérias dificuldades em reconhecer nesses seres egoístas pessoas, habitantes da sua terra, seus conterrâneos.
Para onde foi o homem eminentemente social de antanho que, hoje, transformado em ser individual, implementou o EU em detrimento do NÓS? Só assim se entende que as atitudes e os comportamentos coletivos existentes na chamada vida comunitária na província, nas aldeias e nos lugarejos pequenos, se tenham sumido na voragem dos séculos! Aliás, também esses locais desapareceram ou estão em vias de desaparecer do mapa graças à política “economicista” (a que eu chamaria “destruidora”) do governo que, com grande azáfama, procura reduzir os custos retirando os recursos e atirando todo este país interior e pequeno para a desertificação ao fechar escolas, farmácias, centros de saúde, hospitais, postos de CTT…
Era tão mais fácil decretar que toda a população se deslocasse para o litoral e que fosse reivindicar para o inferno para não utilizar uma expressão mais vernácula! O 25 de Abril já foi há mais de quarenta e cinco anos!
Que nos resta? Falar mal, pedir, exigir (nem que seja malcriadamente), protestar… Que recebemos em troca? Ouvidos de mercador. Promessas há muitas, só não há quem as cumpra.
Não somos mais do que marionetas, cujos fios são puxados ao deus-dará, por estes e aqueles, para cima e para baixo, com calma ou com brusquidão… sem que haja uma preocupação verdadeira com o nosso destino. Rebentou o fio? Não faz mal. O titereiro que ponha outro ou remende o primeiro, ainda que o supracitado possa morar a cinquenta quilómetros de distância.
O exemplo vem de cima e o Governo está a dar um ótimo exemplo sobre como se desmantela um país. Os nossos governantes fazem o que querem, quando e como querem, sem dar cavaco e sem consultar o povo, ou seja, incentivam a individualidade e o egoísmo. Agora até desmandam uns aos outros. Se cada qual se preocupar apenas consigo, não há união, não há comunhão, não há comunidade e pode ser que este país vá para o diabo que o carregue de vez.
Aliás, não teve ele início num ato excomungado com o filho a guerrear a mãe? Cá se fazem, cá se pagam. Pois bem, estamos a pagar o ato inaceitável e condenável de Afonso, com juros e correção monetária.