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O desnorte

Bruno Fernandes
Opinião \ quinta-feira, outubro 15, 2020
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Gerir uma autarquia num enquadramento de pandemia requer confiança e determinação nas decisões que se tomam.

Na última reunião de câmara, o presidente disse que “foi surpreendido” com as notícias que davam conta do espetáculo ocorrido na noite de sábado no Pavilhão Multiusos.

O Multiusos é da autarquia, a cooperativa que gere o pavilhão é da autarquia, mas ninguém disse ao presidente da Câmara Municipal que o Multiusos reabriu as suas portas. Nem a vereadora da Cultura, nem a vereadora da Proteção Civil nem o diretor executivo da Tempo Livre…Ninguém!

O que custa “encaixar”, além deste “lapso de comunicação interna”, é a dualidade de critérios e este sacudir a água do capote quando surge um problema. Defendo que, na medida do possível, devemos retomar as rotinas culturais e sociais. Não integro o grupo dos cidadãos que acham que devemos parar tudo. Mas uma autarquia que fez um apelo à sua comunidade para que tenha um cuidado especial com os “ajuntamentos” cancelando missas campais e apelando ao uso de máscara na via pública, tem de ser coerente. Não pode exigir dos cidadãos, nem das associações coisa diferente do que pratica dentro de portas.

Até podia ter mudado o critério, mas já não pode mudar de opinião só porque as redes sociais pegaram fogo.

Dois dias depois de suspender a atividade cultural, a mesma é reposta com uma nuance, tem de ter parecer vinculativo da Saúde Pública. Ficamos todos a perceber que só as atividades da autarquia não estavam sujeitas a este critério, pois as demais já tinham esse procedimento.

Citando um agente cultural do nosso concelho - José Bastos “Espero, sinceramente, que os responsáveis políticos de Guimarães mostrem que estão à altura das suas responsabilidades e saibam que vivemos num estado de direito que é regido pelas leis em vigor e não pela hipocrisia, pelo populismo e pela cobardia das redes sociais. Se não souberem assumir as suas responsabilidades estão apenas a ser calculistas, populistas e cobardes”.

Gerir uma autarquia num enquadramento de pandemia requer confiança e determinação nas decisões que se tomam.

Este zig zag não é bom sinal.