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Mário Soares

André Coelho Lima
Opinião \ sábado, janeiro 14, 2017
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O início do novo ano é marcado com o falecimento de Mário Soares. Escrevo estas linhas como alguém que esteve, tantas vezes, em campos opostos àqueles que ele ocupava.

Mário Soares não era um político consensual. Mas não foi indiferente a ninguém. Como se constata, até na sua morte. Foi um homem de quem discordei, que não segui. Mas a que sempre admirei a coragem e a sagacidade. Um político. Era assim que gostava de ser identificado.

Entre erros, opções incorretas, dossiês mal sabidos, declarações irrefletidas, o “socialismo na gaveta” com duas entradas do FMI e o “não queremos polícias” nas suas Presidências Abertas, Portugal deve a Mário Soares dois momentos muito relevantes na nossa vida democrática:

A luta pela liberdade no pré-25 de abril. Quando, entre outros, teve a coragem de não ser indiferente ao tempo que vivíamos, decidindo combater o regime em vigor, ainda que com consequência da prisão e do exílio.

E a luta pela liberdade no pós-25 de abril. O seu posicionamento claro a favor do estabelecimento de um sistema democrático em Portugal, permitiu que após o "Verão Quente de 1975", Portugal tivesse feito uma transição para uma democracia de inspiração europeia.

Curiosamente Mário Soares fez, então, a opção inversa que António Costa fez no presente.

E tanto que Portugal deve à clarividência que então teve.