Mário Soares
Mário Soares não era um político consensual. Mas não foi indiferente a ninguém. Como se constata, até na sua morte. Foi um homem de quem discordei, que não segui. Mas a que sempre admirei a coragem e a sagacidade. Um político. Era assim que gostava de ser identificado.
Entre erros, opções incorretas, dossiês mal sabidos, declarações irrefletidas, o “socialismo na gaveta” com duas entradas do FMI e o “não queremos polícias” nas suas Presidências Abertas, Portugal deve a Mário Soares dois momentos muito relevantes na nossa vida democrática:
A luta pela liberdade no pré-25 de abril. Quando, entre outros, teve a coragem de não ser indiferente ao tempo que vivíamos, decidindo combater o regime em vigor, ainda que com consequência da prisão e do exílio.
E a luta pela liberdade no pós-25 de abril. O seu posicionamento claro a favor do estabelecimento de um sistema democrático em Portugal, permitiu que após o "Verão Quente de 1975", Portugal tivesse feito uma transição para uma democracia de inspiração europeia.
Curiosamente Mário Soares fez, então, a opção inversa que António Costa fez no presente.
E tanto que Portugal deve à clarividência que então teve.