Guimarães na Arqueologia Europeia
Foi no ano da Capital Europeia da Cultura, Guimarães 2012, que sob a temática “Martins Sarmento e a Arqueologia Europeia”, a Sociedade Martins Sarmento (SMS) realizou uma exposição evocativa do impacto internacional das pesquisas do célebre “exumador” da Citânia de Briteiros e do Castro de Sabroso. Com efeito, por duas vezes os célebres monumentos arqueológicos de Guimarães foram visitados por diversos investigadores europeus no âmbito do Congresso Internacional de Antropologia e Arqueologia Pré-histórica. A primeira em 1880, em que o próprio Sarmento recebeu, no Solar da Ponte, os eruditos europeus assombrados com as ruínas da grande Citânia. A segunda em 1930, numa excursão já organizada pela SMS, que incluiu também Sabroso e uma homenagem junto ao túmulo de Sarmento, em Briteiros.
Um congresso internacional era coisa rara, tanto no século XIX, como na década de 1930. Talvez por isso, na abertura da IX sessão, em Lisboa, estivessem presentes o rei D. Luís e seu pai, D. Fernando de Saxe-Coburgo, e na abertura da XV sessão, em Coimbra, marcasse presença o que então se designava Ministro da Instrução Pública. Claro que, nesses tempos, um congresso científico implicava um conjunto de festividades paralelas, que embora dispensáveis às reflexões e conclusões dos investigadores que neles participavam, eram mais uma forma de entretenimento popular, se não por outra razão, pela presença de gente importante. Tal se verificou em Briteiros, quer em 1880, quer em 1930.
A realização do que então se consideravam “sessões anuais” de um mesmo congresso, iniciadas em 1865, em Itália, esteve na origem da criação, em 1931, da União Internacional das Ciências Pré e Proto-históricas (UISPP), marcando uma separação definitiva, na Europa, entre a Arqueologia e a Antropologia.
Com efeito, muitas décadas depois, numa época em que, felizmente, os congressos, colóquios, jornadas e encontros científicos diversos, se realizam com maior profusão e frequência, assim como com uma cada vez maior especificidade, a Comissão Científica “Idades dos Metais na Europa”, que integra a já referida UISPP, optou por Guimarães para a reunião de um dos seus colóquios anuais. E a Citânia de Briteiros foi, de facto, uma das principais razões que conduziu a esta seleção, para um colóquio voltado para o tema das fortificações nas idades dos metais, ou seja, entre o Calcolítico e a Idade do Ferro.
Não sendo embora um congresso, com a dimensão dos certames de outrora, mas “desimpedido” da sua componente mais festiva, este colóquio, patrocinado pela edilidade vimaranense, irá reunir na casa-mãe da SMS, os contributos de mais de 60 arqueólogos de Portugal, Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Itália e Roménia. Permitam estas dissertações um debate profícuo, digno de uma cidade de cultura e ciência.