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Custo de vida: jovens ponderam futuro entre contas e ensino superior

Alexandra Pimenta
Opinião \ quinta-feira, setembro 18, 2025
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Cada vez mais jovens portugueses sentem que estudar não é apenas um investimento no futuro, mas também um peso difícil de carregar no presente.

O custo de vida em Portugal continua a subir e os mais novos estão entre os grupos mais afetados. Jovens que ambicionam entrar para o ensino superior deparam-se com uma realidade dura: rendas inacessíveis, alimentação cara, transportes pouco eficientes e a constante pressão de ter de equilibrar o sonho académico com as necessidades básicas do dia a dia.

Segundo dados recentes, uma fatia significativa dos estudantes sente-se ansiosa ou triste perante a ideia de continuar os estudos. A equação é simples: querer estudar não chega quando as contas ao fim do mês parecem pesar mais do que o valor de uma propina. Muitos acabam por adiar a entrada na universidade, procurar empregos precários a tempo inteiro ou até desistir de um curso que, em condições diferentes, escolheriam de imediato.

A geração mais jovem não vê apenas o diploma como um bilhete para um futuro mais estável. Vê nele também uma oportunidade de quebrar ciclos de desigualdade social, de conquistar independência e de ter voz ativa na sociedade. No entanto, os obstáculos económicos levantam uma barreira invisível mas real, que separa os que conseguem avançar dos que ficam para trás.

É neste cenário que se impõe uma reflexão urgente: como pode o país incentivar os jovens a prosseguir estudos quando, paralelamente, lhes pede resiliência face a salários baixos e a preços elevados? Os apoios públicos à habitação estudantil, às bolsas de estudo e aos transportes ainda são insuficientes, limitando fortemente as possibilidades de muitos jovens.

Ainda assim, muitos jovens mantêm a esperança. Criam redes de apoio entre colegas, partilham quartos para reduzir custos, recorrem a programas de voluntariado ou estágios curriculares para ganhar experiência enquanto estudam,... Essa criatividade e capacidade de adaptação revelam um sinal de força, mas não podem substituir a responsabilidade das instituições em garantir igualdade de oportunidades.

Se o país quer verdadeiramente apostar no futuro, precisa investir nos jovens hoje. Tornar o ensino superior mais acessível não é apenas uma questão de justiça social: é também uma estratégia inteligente para preparar uma geração mais qualificada, capaz de responder aos desafios económicos, ambientais e tecnológicos que se avizinham.

O custo de vida não pode continuar a ser uma barreira. Deve antes transformar-se num alerta: Portugal precisa de criar condições para que os jovens estudem, cresçam e contribuam para um futuro coletivo mais próspero e justo.