Capital Verde Europeia: caminhada ou corrida?
Guimarães pretende apresentar em 2017 candidatura a Capital Verde Europeia (CVE) 2020.
Este galardão é atribuído pela Comissão Europeia às cidades que tenham um registo consistente de alcançar altos padrões ambientais, e que tenham objetivos ambiciosos de melhoramento ambiental e desenvolvimento sustentável, podendo assim ser um modelo inspirador e promotor de boas práticas.
Não é possível, em dois anos, ter um registo consistente seja do que for, ou competir com cidades que levam dezenas de anos de avanço. Conhecendo a realidade do nosso município, sabendo da enraizada cultura de desenvolvimento sustentável das cidades concorrentes, e considerando os indicadores que serão avaliados, não acredito no sucesso desta candidatura.
Não acredito que Guimarães será CVE em 2020, mas acredito que o caminho do desenvolvimento sustentável para um melhor ambiente urbano é o que realmente deve ser valorizado, e acredito que é uma caminhada ao nosso alcance e merecedora do empenho de todos os Vimaranenses.
Não concordando com a candidatura, sou obrigado a reconhecer a sua importância e potencial. Ela teve o condão de retirar a Câmara Municipal da letargia de políticas ambientais, e servirá para mobilizar a comunidade ou para justificar ações impopulares.
Ainda assim, entendo que Guimarães teria mais a ganhar se em vez de investir nesta candidatura, e na sua estrutura de missão, canalizasse esses recursos para retomar a Agenda 21 Local. Este instrumento de gestão para o desenvolvimento sustentável tem uma forte componente participativa, e permitiria uma visão da comunidade para o município, ao invés de uma visão obtida em regime de outsourcing.
Receio que o curto prazo que temos até à candidatura, e a necessidade de criar currículo para Comunidade Europeia ver, pesem mais na balança que o desenvolvimento sustentável. Convém ter presente que nem tudo o que é bom para a candidatura será o melhor para Guimarães. Os parâmetros estatísticos não aumentam necessariamente a sustentabilidade e qualidade de vida. Por exemplo: de que serve aumentar o número de metros de ciclovia per capita se ela não tiver utilidade para a mobilidade da população?
Não podemos negligenciar os custos das oportunidades perdidas. Os apoios comunitários previstos no Portugal 2020 devem ser investidos a pensar no futuro e no benefício sustentável do ambiente e comunidade, e não em prol de estatísticas a curto prazo para dar créditos à candidatura.
Concordo com os responsáveis autárquicos que afirmam que o caminho é mais importante que a meta, mas receio que a candidatura, e ao contrário do que tem sido dito, seja mais valorizada que o caminho.
Mas se o caminho é o que importa, não menos importante é a forma como o trilhamos. Não podemos fazer desta candidatura uma corrida, com a Universidade do Minho e a Câmara Municipal a impor um ritmo que deixa os cidadãos a léguas. Temos muito mais a ganhar se formos todos juntos, e ao ritmo de caminhada.
Para CAMINHAR, Guimarães CONTA COMIGO!
Presidente da AVE - Associação Vimaranense para a Ecologia