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Árvores em espaços urbanos

José Cunha
Opinião \ quinta-feira, abril 26, 2018
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Com o argumento de minimizar os ditos constrangimentos causados pelas árvores, muitos municípios optam pela "poda severa", também conhecida por "rolamentos", e a que muitos chamam de “mutilações”.

Soubemos recentemente que Guimarães não é finalista ao galardão de Capital Verde Europeia 2020. Sobre esse “desígnio” escreverei oportunamente, pelo que hoje, irei partilhar algumas reflexões sobre árvores em espaços urbanos.

É incontestável a importância das árvores em espaço urbano que, pela sua função ecológica ao diminuir os níveis de ruído, reter as poeiras em suspensão e reduzir os níveis de dióxido de carbono, ou pela sua função paisagística, estão intimamente associadas à qualidade de vida nas cidades.

Mas para além destas funções, as árvores possuem caraterísticas que em meio urbano podem causar constrangimentos e contestação. São exemplos disso a deformação de estradas e passeios, a obstrução de caleiros e sarjetas, ou a libertação de resinas e pólenes.

Perante este dilema, e com o argumento de minimizar os ditos constrangimentos, muitos municípios optam pela “poda severa”, também conhecida por “rolamentos”, e a que muitos (onde me incluo) chamam de “mutilações”.

Apesar de ser uma prática generalizada, atualmente a “poda severa” é considerada pelos técnicos florestais como desadequada, não tendo qualquer justificação técnica, económica ou estética.

Nesse sentido, existem já diversos municípios com boas práticas nesta matéria. Lisboa tem um Regulamento Municipal do Arvoredo no qual estipula regras para a poda das árvores, e Esposende pratica e ensina podas moderadas e bem executadas. Na página da internet da Esposende Ambiente pode-se ler: “A poda severa realizada em árvores ornamentais é hoje considerada uma prática incorreta e desajustada, sendo um desperdício em recursos humanos e financeiros, com danos irreversíveis!”

Sem entrar em questões técnicas (mas aconselhando uma pesquisa sobre o assunto), pode-se resumidamente afirmar que ao “mutilar” uma árvore ela perde a sua beleza e características naturais, perdendo valor patrimonial, mas também perde o equilíbrio, deixando-a fraca, e exposta a doenças e intempéries.

Em Guimarães, a tão comunicada “consciência ambiental” ainda não chegou à forma como as árvores em espaço urbano são tratadas. De facto, na cidade, nas vilas e um pouco por todo o concelho são facilmente avistadas as “mutilações” e as cicatrizes que estas deixam.

Já todos conhecemos o discurso da “consciência ambiental” do município, mas pergunto eu: qual é a prática no planeamento e gestão das árvores em espaço urbano no nosso concelho?