A Escola como primeiro atelier de cidadania
Na qualidade de arquiteto, professor, membro dos smartini e mais recentemente integrado no grupo Movita, trago comigo a convicção de que a escola é o primeiro atelier de cidadania. Um lugar onde formas, palavras e gestos se experimentam antes de ganharem escala na praça pública. É neste espaço, entre tarefas escolares e conversas descontraídas, que aprendemos que as nossas escolhas têm eco em nós e nos outros.
Do pré-escolar ao secundário, tenho percebido a importância de clubes escolares, clubes desportivos, associações de estudantes, campanhas solidárias, assembleias de turma, tenho presenciado professores que transformam a sala de aula numa ágora e alunos que trocam o telemóvel por cartazes quando sentem que a ideia conta. São estes pequenos grandes atos que alimentam o tecido vivo de uma comunidade.
A Movita não pretende substituir o que já floresce e bem nas escolas. Surge apenas para complementar e apoiar esse crescimento. Em nome da Movita, apresento esta plataforma aberta, pensada como uma ponte discreta, mas firme. Um lugar onde projetos escolares ganham eco longe da sala de aula, onde toda a comunidade pode oferecer tempo e saber, e onde temas escolares encontram novos ouvidos e devolvem inspiração.
No centro desta proposta está a literacia democrática. O entendimento prático de como se decide em coletivo. Aprender a rastrear fontes fiáveis, seguir o percurso de um regulamento, transformar dados em argumentos claros. Tudo isto já se trabalha nas escolas, é certo e por isso a Movita pretende reforçar esse caminho, ligando teoria a casos concretos que nos rodeiam. E quanto mais cedo se exercita este músculo democrático, mais difícil será, depois, ceder à apatia ou ao ruído.
Aos alunos, deixo um convite claro.
Se pretenderem organizar um evento, um torneio solidário, criar um podcast, lançar uma campanha, ou simplesmente questionar sobre o que vos rodeia, contem connosco.
A Movita poderá não vos dizer como fazer, mas ajudará a encontrar materiais, mentores, microfinanciamento ou visibilidade. Um sinal vosso basta para começarmos o caminho.
Sei, por experiência, que a aprendizagem mais profunda nasce da soma entre curiosidade e responsabilidade. Por isso, o que propomos é simplesmente somarmo-nos.
Ser uma mão adicional quando o entusiasmo precisa de estrutura, uma voz de fora quando o projeto pede interlocução, uma vitrina quando o mérito merece destaque.
Termino com uma imagem simples. Um círculo de cadeiras onde cada voz encontra espaço para ser ouvida. Essa pequena grande configuração que a escola ensaia todos os dias é o horizonte que pretendemos estender à comunidade.
Estamos disponíveis com a humildade de quem aprende tanto quanto ensina, e com a confiança de que uma comunidade forte se constrói gesto a gesto.
Lourenço Nuno Mendes
