Um Gabinete de Arboricultura para "aproximar" os taipenses das árvores

Apresentado recentemente, o Gabinete de Arboricultura de Caldas das Taipas quer “mudar o paradigma” de intervenção nas árvores da vila. Cuidar, valorizar e aproximar os taipenses do património arbóreo são alguns dos alicerces de um “projeto pioneiro a nível nacional”. Com este Gabinete, a Junta de Freguesia quer dar passos no sentido de proteger, reabilitar e renovar gradualmente um "património ambiental valioso e que muito caracteriza a vila de Caldas das Taipas".

E para proteger ou cuidar é importante dar a conhecer. E, por isso, as primeiras ações do Gabinete são na rua, explica o secretário da Junta de Freguesia de Caldelas e da Brigada Verde, José Fonseca. Até porque é no trabalho de intervenção que também se esclarecem dúvidas. “As pessoas passam pelas árvores, veem que elas estão arejadas, limpas e que a intervenção foi diferente. As abordagens das pessoas são também uma forma de aproximar. Tentamos sempre prestar informação e assistência comunicativa às pessoas que nos interpelam”, refere o responsável.

Está a ser preparado um folheto informativo para ajudar a explicar o trabalho do Gabinete de Arboricultura aquando da execução de trabalhos. José Fonseca exemplifica: "Sempre que fazemos uma intervenção deixamos uma comunicação nas caixas de correio. Sentimos a necessidade de complementar isso: explicar o porquê e a tipologia de intervenção, por exemplo. Será uma forma primordial de aproximar pessoas ao arvoredo".

Ganhar conhecimento para chegar a árvores de grande porte

Este projeto com o cunho da Junta de Freguesia local é apadrinhado pelo engenheiro Jorge Fernandes, do Município de Guimarães, e conta com a colaboração técnica do arboricultor Viriato Oliveira. Os contributos são também pontes “importantes” que a junta constrói com a Câmara Municipal e com conhecimento técnico – já que falamos de uma competência do município que foi apenas autorizada à freguesia e não transferida. Mas um dos objetivos passa por intervir em árvores de grande porte: para isso, é necessária formação especializada.

“As árvores de grande porte necessitam de especialistas e de técnicos que façam intervenção por questões de segurança, também. Isto enquadra-se numa estratégia de, num futuro próximo, estrategicamente vermos essa transferência de competência efetivada para a junta”.

As intervenções em árvores de grande porte também envolvem "outra dinâmica de custos", salienta José Fonseca. A estratégia passa, no decorrer deste ano, por "mostrar que há competências" a nível local para desenvolver intervenções de maior envergadura - "[as intervenções] necessitam mesmo de ser feitas com cuidado e com consciência", pontua José Fonseca.

A Rua da Taipa e Largo José de Sousa já foram “montra de uma intervenção correta e de correção”. São mostras de uma “intervenção consciente” nas árvores “tendo em conta o que foi feito no passado e aquilo que se pode fazer no futuro”, refere José Fonseca. “A tipologia de intervenção que vamos seguir é a que tem sustentação científica, para que as árvores sejam o menos agredidas possível”.

Onde param as árvores desta vila

O Gabinete de Arboricultura fará atendimento presencial para responder a questões dos cidadãos e para sensibilizar e envolver a comunidade para os benefícios das árvores. A sessão de apresentação contou com a participação da vereadora do ambiente, Sofia Ferreira, o vereador com o pelouro do desporto e juventude, Nelson Felgueiras, e na plateia estavam alguns dos detentores de uma parcela da horta comunitária.

A informação vai andando de mão dada com intervenção. Numa “fase posterior” será levada a cabo a inventariação do património arbóreo da vila termal. Aqui entra em cena o voluntariado e trabalho da Brigada Verde em prol da comunidade. “Vamos ter uma equipa associada à Brigada Verde que vai ajudar na inventariação”, esclarece o secretário da Junta de Freguesia. Depois deste processo estar concluído, “o cidadão pode ver através do Google Maps o estado fitossanitário da árvore, se houve e quando houve intervenção, bem como a espécie”. “Queremos também que as pessoas se aproximem através do mapa. Quando tivermos georreferenciação vamos fazer a divulgação e vamos fazendo acrescentos”.

Designado como um projeto "pioneiro a nível nacional", espera-se que seja o início "de um trabalho planificado de intervenção correta no património arbóreo e do levantamento do que existe" dentro dos limites da vila.