Transportes Urbanos de Guimarães falham na coesão do território concelhio
O jornal Reflexo iniciou, na sua edição impressa do mês de julho, um ciclo de trabalhos sobre temas essenciais para o território concelhio, sugerido pela aproximação de um exercício eleitoral e sobre a necessidade de saber o que pensam os candidatos autárquicos relativamente a esses temas.
O primeiro tema abordado foi a coesão territorial à luz do que é a oferta de transportes públicos no concelho de Guimarães. Esta é uma questão recorrentemente levantada, por exemplo, nas reuniões descentralizadas da Câmara Municipal de Guimarães, onde se apontam as insuficiências da oferta de transportes nas freguesias do concelho.
Serão os transportes públicos potenciadores de coesão territorial em Guimarães? Não deveriam ser os transportes públicos um fator de aproximação das centralidades de concelho? A par discussão da necessidade de construção de novos parques de estacionamento, não deveríamos também discutir a forma como as pessoas se deslocam – seja em trabalho ou em lazer? Será possível cobrir um território como o do concelho de Guimarães? Qual será a o retorno efetivo deste tipo de serviço? Há linhas deficitárias? Será sustentável financeiramente?
Estas foram algumas questões que levantamos, para as quais nem sempre conseguimos encontrar respostas. Este é um assunto intrincado, que tem passado à margem do debate político e onde há medida que umas questões são clarificada, outras aparecem. Tem-se defendido a instalação de novos meios de transporte (como o metro ligeiro de superfície), mas pouco se diz sobre os meios existentes, nomeadamente a eficácia dos Transportes Urbanos de Guimarães (TUG).
O Reflexo fez um levantamento de praticamente todas as carreiras de autocarros a operar um Guimarães e isolou as linhas dos TUG. A expressão cartográfica da distribuição dessas linhas não deixa margem para dúvidas - há uma distribuição desigual em termos de ofertas dos TUG no território do concelho de Guimarães.
Além do novelo circunscrito por um primeiro círculo, que corresponde às linhas da cidade, o emaranhado desenvolve-se com mais densidade para o sudoeste de Guimarães, até um raio máximo que, com a linha de Gondar, faz sensivelmente 15 Km, distância representada pelo círculo mais largo.
Das 48 freguesias do concelho de Guimarães apenas 17 são atravessadas por alguma linha dos TUG. Das nove vilas do concelho apenas Pevidém têm serviço de TUG, sendo que no caso de Ponte, a linha apenas passa pelo parque industrial. Esta constatação é estranha pelo facto de Moreira, Ronfe, Brito, Taipas e S. Torcato ficarem dentro do círculo de alcance dos 15 quilómetros. Poderá questionar-se, por exemplo, porque é que os TUG chegam a Nespereira e não chegam a Moreira de Cónegos? Ou porque vão ao parque industrial de Ponte e não à vila de Brito e às Taipas?
É verdade que existem outros operadores, com ofertas não concelho. No entanto, estas empresas limitam-se a percorrer os grandes eixos viários ligando a cidade de Guimarães a outras cidades de concelhos vizinhos, como Braga, Póvoa de Lanhoso, Famalicão, Fafe, Felgueiras e Vizela. Das linhas existentes dos TUG não se sabe se há linhas deficitárias e se haverá necessidade de fazer ajustes.
Uma coisa é certa, basta fazer o exercício de olhar para os autocarros, seja dos TUG, seja de outros operadores, para se perceber que na grande maioria deles circulam vazios, para se concluir que há algo que não está bem nos transportes em Guimarães.
Leia as respostas ao questionário que enviamos aos quatro candidatos à Câmara Municipal de Guimarães, na edição de Julho do jornal Reflexo.