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"Todo o meu trabalho foi pautado de cuidado e desempenhado com amor"

Manuel António Silva
Sociedade \ domingo, março 23, 2025
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Natural da Póvoa de Varzim, mas a viver em Barco desde 1975, Maria de Lourdes Alheiros Rios da Fonseca Pinto Lisboa, abriu as portas da sua vida em entrevista ao jornal Reflexo.

Natural da Póvoa de Varzim, mas a viver em Barco desde 1975, Maria de Lourdes Alheiros Rios da Fonseca Pinto Lisboa, abriu as portas da sua vida ao jornal Reflexo. Uma vida maioritariamente dedicada à prática médica, exercida no Centro de Saúde das Taipas, que conciliou com algum trabalho social desempenhado junto da comunidade, bem como, com a atividade política, por onde também andou durante vinte anos. Tem cinco filhos e no processo de educação dos mesmos ainda conseguiu espaço para ser família de acolhimento. Um percurso surpreendente que a sua discrição sempre manteve reservado. Hoje, com 76 anos, continua a encarar o dia a dia com a positividade que sempre a caracterizou.

 Faça-nos um breve retrato seu.

Nasci na Póvoa de Varzim, a 12 de outubro de 1948, no seio de uma família de classe média, com cinco irmãos e em que o objetivo principal dos meus pais era a formação. Estudei durante nove anos no Colégio das Irmãs Doroteias, depois fiz dois anos no Liceu Nacional da Póvoa de Varzim e entrei na Faculdade de Medicina no Porto onde integrei o Orfeão Universitário que me proporcionou uma ida a Angola, em digressão, no ano de 1971. Enquanto estudava também joguei voleibol no Clube Desportivo da Póvoa. Sou a terceira, a primeira mulher dos seis filhos. Quando finalizei o curso, em 1975, casei e vim para as Taipas. Já tinha conhecido o Tozé (António José Pinto Lisboa) na Póvoa, namoramos, casamos e, como havia casa em São Cláudio de Barco, que era do avô e antes do Sr. Rosas Guimarães, viemos para cá. Tenho cinco filhos (a Elda, o Pedro, o Nuno, o Zé Rui e o João) e onze netos.

E ainda chegou a ser família de acolhimento. Certo?

É verdade. São aquelas crianças que a bíblia se refere como sendo “os mais pobres dos pobres”. A Mariana tinha seis anos e meio e o Emanuel tinha cinco anos e meio. Eram muito carentes, muito. Nem sei como hei de classificá-los. Foi a primeira vez que conheci assim gente tão mal-amada.

Ainda mantém contacto com eles?

Sim, através das redes sociais e claro que o facto de eu ter na altura filhos, nem pensei muito, acho que alterou um bocado a dinâmica na nossa casa. Tive que reajustar os quartos e há pouco soube que eu, com essa atitude, roubei tempo aos meus filhos. Eu sei que sim, mas também sei que...ora bem, eu sou religiosa, e que nós ensinamos os filhos sem precisar de muitas palavras, basta obras e aí eles viram que era possível fazer. Eles ajudaram, eles foram aceites pela minha família e até pela minha sogra que os deixava tratarem-na por avó.

Com a vida tão ocupada como tinha nessa altura, como é que surge a ideia e disponibilidade para acolher “mais dois filhos”?

A casa é grande. Eu fazia muitas vezes formações. Uma vez assisti a uma palestra da polícia de Guimarães e uma das intervenções da polícia foi mesmo “por acaso já pensaram alguma vez, para onde é que vão as crianças quando, por exemplo, o pai mata a mãe? O pai é preso e as crianças? As crianças ficam nas nossas casas temporariamente, até que a segurança social possa arranjar famílias”. No fim, sem ter falado com ninguém, fui ao departamento da ação social que toma conta das crianças em risco e disponibilizei-me para o caso de aparecerem crianças que precisassem de casa e família durante 15 dias.

E esses 15 dias foram quanto tempo?

Nessa semana estavam-me a bater à porta e a telefonar. “Temos aqui dois irmãos que, como são de sexos diferentes, não queríamos separá-los. Até porque a família para já não os quer, mas andamos à procura. E pronto, esses 15 dias transformaram-se em 13 anos. Até que chegaram os 19 anos para a Mariana e para o Emanuel. Entretanto tivemos em casa outro jovem, mas menos tempo. Era filho de uma funcionária e era um espetáculo o rapaz, porque era muito inteligente e dava gosto ensiná-lo. Também acolhemos, mas por pouco tempo, uma criança cuja mãe esteve internada e outro menino que a casa tinha ardido.

Foi fácil de gerir no seu seio familiar direto, nomeadamente com os seus filhos?

Os miúdos conheciam-nos, eram miúdos de lá da freguesia. Claro que o Emanuel e a Mariana não, eram de Óbidos. Já tinham passado por famílias de acolhimento porque como eram difíceis tornavam-se instáveis nas famílias onde estavam.

Após a sua formação, como foram os seus primeiros anos na profissão?

Comecei por fazer o internato geral nas aqui nas Taipas, pertencente ao Centro de Saúde de Guimarães, no centro de saúde que agora está em ruínas (ndr: Casa dos Agrelos). Ali havia duas valências: saúde materna e saúde infantil. A parte da saúde infantil era até aos 24 meses, depois as crianças passavam para a parte do centro de saúde normal, no outro imóvel, onde é hoje a sede da Junta de Freguesia. Outra parte da formação fazíamos no hospital de Guimarães e estive lá muito tempo, porque não havendo vagas para nós podermos concorrer para as especialidades, ficávamos lá e o hospital usufruía do nosso trabalho. Nessa altura o hospital de Guimarães ficou, de um momento para o outro, com um grupo de 11 médicos fresquinhos.

Nessa altura integrou a primeira equipa de internos do hospital de Guimarães?!

Sim, nós entramos lá como os primeiros internos. Eramos onze. O hospital não tinha historial de receber médicos. Eram médicos dos quadros do hospital e nós entramos e fomos bem acolhidos pela maior parte. Alguns não nos aceitaram e até meteram baixa porque diziam que o hospital não era para receber gente de fora, que nós íamos, muito provavelmente, causar transtornos, mas a maior parte dos colegas do hospital acharam que era muito importante porque tinham médicos em formação e nós trabalhando no hospital era uma mais valia para toda a gente.

Passou pelo hospital de Guimarães e o Centro de Saúde das Taipas. Quanto tempo esteve no Centro de Saúde?

Estive no hospital de Guimarães, na altura chamavam-se os policlínicos. Era engraçado que, como foi a seguir ao 25 de abril, as pessoas diziam “ui, eles serão médicos? De cabelo comprido, de barba e de calças de ganga? Mas são muito simpáticos, atendem-nos muito bem e acertam com as nossas doenças”, portanto também foi assim uma coisa boa da população. Cheguei até “poli sete”, ou seja, estive sete anos em que não entrei num internato complementar.

E no Centro de Saúde das Taipas?

Quando eu comecei o internato complementar, foi o primeiro ano em que a especialidade de medicina geral e familiar se formou. Foi o princípio de muita coisa, trabalhamos muito e foi o início dos serviços como são agora, mas tudo era pouco, estava tudo a nascer.

Chegou a estar na direção do Centro de Saúde das Taipas?

Sim. Mas antes disso, como era a mais graduada, era assistente, era médica especialista, convidaram-me para a Coordenação da Unidade de Saúde das Taipas, Souto, Campelos e Ronfe. Claro que houve alguma resistência por ser mulher e nova, mas lembro-me de uma senhora, Lurdes Martinho, mais conhecida por menina Lulu, que me disse: “Senhora Doutora assuma que nós vamos ajudá-la em tudo o que pudermos” e assim tive as mulheres todas do meu lado. Passados anos, fui convidada para Diretora do Centro de Saúde das Taipas, com a dona Ercília como vogal administrativa e a Enfª. Pimenta como vogal de enfermagem. Todo o meu trabalho enquanto médica foi pautado de cuidado e desempenhado com amor, tendo privilegiado os mais desfavorecidos e os casos de violência doméstica. Quando fui substituída na Direção, fechei uma página, penso que das melhores da minha vida.

Para além dessas, que memória é que guarda? De algum colega, utente ou funcionário que a tenha marcado?

Nós sabíamos muita teoria, mas faltava a prática e, quando eu vim para as Taipas como assalariada, quatro médicos, o Dr. Augusto Dias, o Dr. Machado e o Dr. Salazar e o Dr. Morais disseram-me “quando tiver dificuldades não tenha qualquer desconforto em pedir-nos ajuda porque nós estamos aqui e sabemos muito bem como é o princípio de uma pessoa”. Era um tempo em que havia grandes carências alimentares e não existia saneamento básico, a ignorância em relação à saúde era notória.

Recorda-se de quantos anos esteve no Centro de Saúde das Taipas?

Quando me aposentei, em 2012, foi com o tempo completo, portanto eu tenho 40 anos de desconto. Todos no Centro de Saúde das Taipas, exceto um. Havia na altura o serviço médico à periferia e eu fui para a Póvoa de Lanhoso por estar grávida. Os colegas deixaram-me estar no sítio mais perto e estive lá um ano.

Como é que tem ocupado o seu tempo durante a aposentação? Mesmo enquanto trabalhou foi sempre ocupando o seu tempo livre com outras atividades?

Isso é interessante e aconselho às pessoas que o façam: um ano antes de eu pedir a aposentação comecei a pensar na forma como poderia ocupar a minha vida. Não ia ficar em casa. Assim como, há muitos anos, estava eu ainda no antigo Centro de Saúde, veio ter comigo o Presidente da Junta das Taipas. Apresentou-se e perguntou-me se estaria disponível para ajudar a formar um grupo que, com a autorização de Sr. Reitor, Padre Manuel Joaquim de Sousa, pudéssemos estudar para termos valências que em princípio dariam apoio à infância, mas que depois poderiam ser alargados a outros grupos etários. Então tínhamos reuniões à noite, numas casas perto do café onde o Padre Manuel Joaquim parava muito. Nessas reuniões foram delineados os estatutos. Havia uma escolinha que era onde estava a “Aninhas Velhinha”. Aí delineámos os estatutos, criámos uma associação que se chamava “Associação para o Jardim Infantil de Caldas das Taipas”. Depois, começou aquela sala a funcionar, só com valência de crianças, passado uns tempos abriu uma sala de convívio sénior em frente, que já recebeu muitos idosos e daí passaram lá pra cima, para o novo imóvel. Dalí também saiu o apoio domiciliário. Eu e um grupo daqui das Taipas íamos anualmente a Fátima, à pastoral da saúde e nesse ano apresentou-se lá um projeto de apoio domiciliário. Eu fiquei de queixo caído e no final da apresentação fui ter com as palestrantes e perguntei-lhes como é que aquilo se fazia e elas disseram-me que era muito fácil. “Precisam de ter algum material, uma cesta, umas lancheiras, uma carrinha e é preciso quem faça a cozinha, a alimentação, e depois quem distribua, assim como os cuidados de higiene aos doentes e à casa. Foi assim que nasceu o apoio domiciliário do qual eu agora estou a usufruir na parte alimentar. A gente na vida não faz só uma coisa, vai fazendo. Tudo se modificou com a vinda do Covid e deixei de ir ao Lar; vou quando é a minha vez de levar a Comunhão aos utentes do Lar. Na Associação Padre Manuel de Sousa, fui presidente do Concelho Fiscal e mais tarde Presidente da Assembleia Geral.

Essa “veia” para ajudar o próximo surgiu apenas pela sua formação médica ou mais alguma coisa mexe consigo para querer prestar esse tipo de apoio?

Quando eu era pequena, tinha uma tia que fazia tudo o que faz uma assistente social. Ela era solteira e tinha a cargo o pai, a mãe e uma irmã que era surda muda. Ela gostaria de ter ido para freira, mas perante o quadro não foi e então alguém lhe disse que podia desempenhar o mesmo papel cá fora. Então, ela trabalhou imenso com os que vinham fugidos de Espanha, com a Guerra Civil. Ajudava a preparar os casamentos, porque se casassem já não eram fuzilados. Trabalhou muito com a classe piscatória que era de uma pobreza enorme, principalmente quando havia naufrágios. Na classe piscatória organizou casamentos e batizados, porque as pessoas por serem muito pobres quando iam à Câmara não eram bem recebidas, então não iam. Não registavam filhos nem nada. Na Póvoa a doença dos pezinhos era um descalabro e então, às vezes, ela levava-nos, a mim e à minha irmã, a visitar uma família em que o pai tinha a doença dos pezinhos e já não podia trabalhar. No Natal, levávamos coisas e, portanto, eu aprendi que se podia fazer algo de concreto com a nossa vida e foi daí.

Em Barco está também na origem da sala de Convívio Sénior…

É verdade. Num domingo à saída da Eucaristia, fui ter com uma senhora que tinha enviuvado recentemente e ela disse que o que mais lhe custava era não ter com quem falar. Pensei neste problema e falei com o Presidente da Junta de Barco que contactou a Eb2,3 de Briteiros e passado algum tempo disponibilizaram-nos uma sala com as dimensões necessárias para acolher idosos. Depois de falar com o sr António Freitas que de imediato aceitou com alegria este tipo de trabalho.

Fizemos formação dada pela Câmara de Guimarães, com a Prof. Beatriz de Briteiros e a Cândida. No dia 8 de março de 2013, Dia Internacional da Mulher, inauguramos a Sala de Convívio Sénior de Barco. O objetivo principal, era tirar as pessoas de casa, para um ambiente acolhedor, onde poderiam conversar e fazer trabalhos manuais. A nossa especialidade eram os tapetes de trapilho ou tirelas. Antes de regressarem a casa havia chá e pão com queijo ou fiambre. A nossa sala foi local de estágio a diversas formandas, que depois replicaram a ideia noutras freguesias. Estive na Sala de Convívio Sénior de Barco até 2024.

Uma vida muito ativa, por sinal…

Não podemos parar. Também frequento há alguns anos a Universidade Sénior dos Rotary das Taipas, onde cantamos e acompanhamos com cavaquinho. Há também uma aula de yoga, que sabe tão bem.

Gosto muito de trabalhos manuais e nesse sentido vou a Guimarães semanalmente a um workshop de restauro, o Orbicular Restauro, que frequento desde 2015 e onde aprendi a dar um bom tratamento a diversas peças que estavam em mau estado.

Nos últimos anos recuperei cinco peças, três imagens religiosas pertencentes à Paróquia de Barco e que tinham sofrido no incêndio da Igreja no ano de 1964. Depois do restauro ficaram com outra dignidade. As imagens são dos finais do século XVIII. As outras peças são placas também em madeira e em que estão registadas as indulgências atribuídas aos Irmãos da Confraria da Senhora dos Remédios.

Outro tema que me interessa é a genealogia e tentando responder a uma questão que me colocou um dos meus filhos: desde quando é que a nossa família é Pinto Lisboa? Para responder a isto tive de pesquisar, por arquivos e cemitérios, até que encontrei o primeiro Pinto Lisboa, que se chamava José e nasceu em 1800, filho de João Costa Pinto e Simôa Pereira. Não há resposta para o apelido Lisboa.

O exercício físico também tem lugar na minha vida, pratiquei ioga durante mais de uma década até que tive que trocar por pilates porque a instrutora regressou à terra natal, o Brasil. Desde o ano de 2009 até 2017, fui em peregrinação a São Tiago de Compostela, o convívio no grupo, o contacto com a natureza é uma altura perfeita para a introspecção.

Terminou o seu curso em 1975. Em plena Revolução dos Cravos. Como é que viveu esses tempos?

Foram momentos estranhos. Muito estranhos. Antes do 25 de abril, estava eu na faculdade, no terceiro ano, quando houve um concerto com o Zeca Afonso, Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais e outros. Nós queríamos que o Zeca Afonso cantasse “Os vampiros”, mas ele disse: “não. tenham paciência, mas não. Eu não sei quem está atrás do pano. Já estive dentro e não quero ir outra vez”.  Aquilo marcou-me muito, porque eu vivia numa família onde havia liberdade e a Póvoa de Varzim não era uma terra onde as pessoas tinham de fugir.

Entretanto, uns meses antes do 25 de abril, no Hospital de S. João, que foi a minha escola, o ambiente estava mau. Fecharam-nos o bar, a cantina e havia sempre polícias com umas roupas que metia medo, com aquelas gabardines grandes e artilhados. Não nos deixavam parar para conversar. Duas pessoas não podiam estar a conversar. De piso em piso estava um desses homens fardados e com intercomunicadores sempre a mandar-nos seguir caminho. Alguma coisa tinha de acontecer no país, e eu falo pela minha experiência e vivência, as coisas não podiam continuar assim.

Um dia, eu ia de boleia para o porto com os meus colegas e perguntaram-me: “olha lá, tu ouviste falar do que aconteceu esta noite?”. E eu respondi que não, não sabia de nada e foi aí que me disseram: “mas houve um golpe militar e tu hoje vais sentir o hospital diferente”. Entrou depois um colega na Praça do Almada que disse “não, isto não é nada. O nosso país está muito bem”, ele era mais velho que nós, e eu assim “ai não está, o país não está bem e o colega vê muito bem como é o hospital agora e onde nós comemos e como falamos”. Portanto tinha mesmo de ser e foi, foi no momento certo. Claro que quem viveu mais foi quem estava a sul. Nós recebemos as notícias em diferido. Estávamos sempre com os olhos pregados na televisão a ver todas as comunicações e foi uma festa.

Comparativamente com os tempos de hoje, quem fala em liberdade, não sabe o que é a falta dela?

Não. Eu lembro-me de colegas que eram ativistas e que me chegaram a contar: “Sabes o que me aconteceu ontem? Fui para a Praça da Liberdade com a minha pasta para distribuir alguns panfletos e tive de deixar a pasta e fugir. Senão era logo engavetado”.

Ainda há pouco disse a um neto meu, que me pediu uma entrevista no ano passado, para fazer um trabalho para a escola: “em 50 anos é a primeira vez que alguém me pede para fazer uma entrevista sobre o 25 de abril. Isto não se pode esquecer, não se pode. Era horrível a falta de conhecimento sobre a falta de saúde, de higiene, saneamento básico, a aculturação do povo e a maioria das pessoas não sabia nem escrever nem contar. Foi um tempo para esquecer, mas é preciso que não se esqueça. Que ninguém o queira de volta.

Pelo meio de toda esta azáfama, ainda houve algum tempo para dedicar à política?!

Estive duas décadas ligada à Junta de Freguesia de Barco. Quando fui convidada, eu até disse “não estás bom da cabeça, pois não? Com esta família e com este trabalho. Eu só cheguei agora a casa” e a pessoa que me convidou disse: “mas era preciso. Na cozinha estava a minha mãe, que viveu connosco cinco anos e eu disse “oh mãezinha imagine que estava à porta um fulano a convidar-me para eu pertencer à junta de freguesia de Barco, imagine” e a a minha mãe disse-me: “Mariazinha, se te convidam é porque te acham competente”. Passado uns dias a minha mãe teve um AVC e faleceu. A seguir, voltaram a ir lá a casa, já outra pessoa, e eu aí disse “a minha mãe faleceu e eu quero seguir o que ela me propôs” e pronto, fui Presidente da Assembleia de Freguesia desde 1993 até 2013.

Continua a exercer medicina?

Sim, sou médica e faço alguns domicílios, mas raros. Faço medicina na minha família, que é numerosa e com alguns amigos. Continuo a fazer muitas coisas.