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São precisos "dois planetas Terra" para suportar o estilo de vida dos vimaranenses

Alfredo Oliveira
Sociedade \ quinta-feira, março 15, 2018
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É uma das conclusões do estudo da Pegada Ecológica do concelho de Guimarães, apresentado por Sara Moreno Pires, da Universidade de Aveiro, esta quinta-feira, no Laboratório da Paisagem. No entanto, a Pegada Ecológica de Guimarães é 3% mais baixa que a média de um cidadão português.

Foi tornada pública a Pegada Ecológica de Guimarães, primeiro concelho do país a divulgar esta informação. A associação ambientalista Quercus define a Pegada Ecológica como a quantidade de recursos naturais que utilizamos para suportar o nosso estilo de vida, onde se inclui a cidade e a casa onde moramos, os móveis que temos, as roupas que usamos, o transporte que utilizamos, o que comemos, o que fazemos nas horas de lazer, os produtos que compramos, entre outros. Por outras palavras, traduz em hectares (ha) a área em média que um cidadão ou sociedade necessita para suportar as suas exigências diárias.

Cada residente em Guimarães, de acordo com o estudo apresentada pela docente da Universidade de Aveiro, necessita de 3,76 hectares globais (gha), para suportar o seu estilo de vida, abaixo da média nacional que é de 3,87 gha, mas acima da região norte, que é 3,58 gha.

Um dos dados mais surpreendentes deste estudo é o facto de o consumo de produtos alimentares e bebidas não alcoólicas ser o principal responsável pela Pegada Ecológica dos habitantes do concelho, ultrapassando a previsível mobilidade e consumo de transportes dos vimaranenses.

Confrontada, no final da sessão, com a questão se os vimaranenses precisariam de uma “cura de emagrecimento”, Sara Moreno Pires, foi afirmando que uma alimentação mais saudável é sempre um contributo, mas que seria importante esclarecer que a produção dos bens alimentares exige muito espaço e muita água, entre outros fatores de produção. Quanto aos transportes, o principal fator que causa o aumento da Pegada Ecológica, é o lançamento de gases poluidores para a atmosfera.

A investigadora acredita ainda que a atualização dos dados prevista para junho de 2018 irá apresentar um concelho de Guimarães mais amigo do ambiente e poderá mostrar uma aproximação entre os 3,76 gha necessários para suportar o estilo de vida de um vimaranense e a biocapacidade do país, ou seja, a área de que efetivamente dispomos, que é 1,52 gha.

A curto prazo, este projeto prevê a instalação e o uso de uma calculadora online da Pegada Ecológica, a disponibilizar no site da Câmara, onde cada munícipe poderá perceber o seu peso na Pegada Ecológica e o que tem a fazer para reduzir.

Nesta sessão, coordenada por Jorge Cristino, presidente do Laboratório da Paisagem, será de referir ainda uma apresentação por Paulo Magalhães, coordenador do Projeto Pegadas Municípios Portugueses, da ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável; a apresentação da Global Footprint Network, por Laetitia Mailhes; e a comunicação ”Guimarães Mais Verde”, a cargo de Isabel Loureiro, coordenadora executiva da candidatura a Capital Verde Europeia 2020.

Coube à vereadora do Ambiente, Sofia Ferreira, encerrar a sessão, tendo salientado “o muito por fazer” e destacado “o caminho percorrido por Guimarães na área da sustentabilidade ambiental”.