
Rubens Marques: Taipas é a minha terra de eleição
Rubens Humberto Ferreira Marques, pároco há 25 anos na freguesia de Nossa Senhora da Conceição, no Porto, começou o seu percurso académico nas Taipas, na velhinha Escola do Pinheiral. Depois de uma intensa atividade social nas atividades da paróquia de S. Tomé de Caldelas, durante a sua juventude, ingressou no seminário já com 19 anos. Concluiu a Licenciatura em Teologia no Porto e foi ordenado sacerdote a 12 de julho de 1987. A sua Missa Nova foi realizada a 26 de julho de 1987 na Igreja Matriz das Taipas.
Quem é o padre Rubens Marques? Onde e quando nasceu?
Nasci em Angola, em Lobito, a 28 de outubro de 1961, mas vim muito bebé para Portugal, em 1964, e, a partir daí, sempre vivi nas Taipas. O meu pai é Adão Marques e a minha mãe Joaquina Ferreira Marques. Tenho um irmão mais velho sete anos, o Carlos Marques.
Como foi o seu percurso escolar?
Fiz a minha formação primária na Escola do Pinheiral, de boa memória. Depois fomos para Guimarães, no “autocarro” do Sr. Reitor [ndr: Padre Manuel Joaquim de Sousa], durante meio ano e passado esse tempo abriu o Ciclo Preparatório das Taipas, que foi inaugurado com as nossas turmas desse tempo. Depois fui para Braga fazer o Secundário, no Liceu Sá de Miranda. Só fui para o Seminário depois dos 19 anos.
Na sua Profissão de Fé, por volta dos 11 anos
Durante a juventude, sabe-se que esteve sempre ligado a organismos da paróquia, nomeadamente ao Grupo Coral de Jovens, escuteiros e Convivas Fraternos. Quer falar-nos um pouco desse tempo?
Em relação aos grupos ligados à Igreja, com as atividades e eventos que promovíamos, a ligação aconteceu muito cedo. No Grupo Coral dos Jovens, entrei com o meu irmão, que era o organista e foi o seu fundador, tinha eu 11 anos e mantive-me ligado até à altura em que saí das Taipas para estagiar em Esmoriz.
Nos Convívios Fraternos, participei no primeiro que se realizou na Diocese de Braga, tinha 15 anos, e depois ainda formámos um núcleo nas Taipas, com reuniões semanais, com vários jovens. O núcleo teve muita adesão por parte de muitos jovens. O Convívio Fraterno passava por um encontro de três dias em que, no último dia, no encerramento, nós levávamos um autocarro, e às vezes mais, para assistir a esse momento. Organizávamos também a ida à peregrinação nacional, a Fátima. Depois, envolvíamo-nos também nas atividades da Diocese. Eu fiz parte do Secretariado da Juventude da Diocese de Braga, precisamente ligado aos Convívios Fraternos.
Quanto aos escuteiros, é uma história bonita e de início atribulado. Tivemos formação para realizar a Promessa escutista, mas, depois, por diversas circunstâncias, não foi possível realizá-la e dessa forma não se conseguiu fundar o agrupamento de escuteiros nas Taipas. Isto tudo em cima do período do 25 de Abril. Mesmo sem a Promessa feita, participávamos em alguns acampamentos e só mais tarde, em 1979, é que finalmente se conseguiu fundar o agrupamento de escuteiros das Taipas.
Fiz também parte de um grupo de teatro, por volta dos meus 15, 16 anos, o GAAT (Grupo de Atividades Amadoras Taipense), onde representávamos peças cómicas, no antigo salão dos bombeiros. Tínhamos um espaço onde quase todas as tardes nos encontrávamos para conviver, para jogar, para passar o tempo de modo alegre, aquelas coisas próprias da juventude, com alguma rebeldia. Lembro-me nessa altura do Quim Vilas, da minha prima Celeste, julgo que também a Isabel Capela, a Isabel Crespo e a Daniela e o irmão.
A ida para o seminário acontece por volta dos 19 anos. Como é que surge a vocação para o sacerdócio? Houve alguém que tivesse tido influência nessa decisão?
O despertar foi com toda a vida da Igreja e da Paróquia das Taipas, com aquilo em que nos envolvíamos e que promovíamos, com as eucaristias em que participávamos e com o apoio e força do Sr. Padre Manuel Joaquim de Sousa, uma das minhas referências. Depois, entrei nos Convívios Fraternos e comecei a ajudar as equipas animadoras. Foi também por aí que amadureci a ideia no sentido de que, já que era necessário estar tão perto da juventude, seria necessário haver alguns padres jovens para que a juventude pudesse ter alguém que os ajudasse a crescer mais para Jesus. Foi assim, no meio destas atividades, que surgiu a vocação.
Ou seja, a sua vida antes da ida para o Seminário já era um sacerdócio?
Não podemos concluir isso porque, até pelos amigos que tinha e os grupos que eu frequentava, não tinham muito a ver com a Igreja, nem com o sacerdócio. No entanto, a semente foi crescendo.
Semente essa que também o ajudou na organização de uma Peregrinação ao Sameiro, uma caminhada de oração, aquando da vinda do Papa João Paulo II?
Fomos a pé ainda pelos montes de Santa Cristina (Longos) para estarmos presentes na eucaristia com o Papa João Paulo II e o Grupo Coral também fez parte do Grande Coro dessa eucaristia.
Na sua Missa Nova, em 1987, o almoço foi servido ao ar livre, no Parque das Termas. Algum motivo especial para a escolha desse local?
A vontade era de ter um almoço aberto. Primeiro, aquele parque era muito agradável e, depois, as pessoas podiam ir, se assim entendessem, podiam interagir na festa onde podiam comer. Se fosse num espaço fechado, as pessoas já se iam retrair e seria mais difícil congregar em festa popular tantas pessoas.
Como é que a família reagiu quando lhes disse que queria ser padre?
Reagiu como sempre reagia comigo e com o meu irmão: “Faz como tu entenderes”. Fiquei com toda a liberdade para tomar a minha decisão.
E por parte dos amigos?
Nem incentivavam, nem eram contra. Normalmente, entre amigos, isso não era assunto de conversa. Foi uma decisão que foi amadurecida durante esses anos todos. Claro que os amigos que eu tinha também ajudavam muito na mundividência. Para ver como é que era a nossa vida de jovens, relembro, por exemplo, a nossa ida ao festival de Vilar de Mouros, em 1982. Era um ambiente muito agradável com os amigos com quem eu andava. Não frequentavam muito a igreja, mas eram católicos e simpatizavam sempre com as atividades da Igreja.
Com os pais no dia da sua Missa Nova
Em toda a atividade que desenvolveu na paróquia, como já referiu, lidou muito de perto com o Padre Manuel Joaquim de Sousa. Como é que caracteriza essa relação?
Começou logo pela catequese. Depois foi meu professor de Religião e Moral no Ciclo Preparatório, quer em Guimarães, quer nas Taipas. Pela interação nas aulas, pelas sugestões – ele ouvia bastante as nossas sugestões – pela realização de alguns eventos ligados à aula de Religião e Moral, a ligação foi-se estreitando. Fui catequista, o Sr. Reitor acolhia muito bem, era um homem conversador, gostava muito que as pessoas participassem nas atividades da paróquia, estimulava-nos e apoiava-nos e essa proximidade foi crescendo, até à sua morte. Era uma pessoa de trato muito fácil, muito alegre, bem-disposto e muito atento às necessidades das pessoas.
Havia essa proximidade com o povo das Taipas…
Sim, o Sr. Reitor estava completamente integrado no que era a sociedade das Taipas. Ainda me lembro do jogo do dominó no Café Club. Ele interagia com as pessoas em qualquer espaço onde se encontrasse. E, entretanto, foi ele o fundador do Ciclo Preparatório das Taipas.
E é assim que deve ser um padre? Próximo da população?
A proximidade é fundamental. Se o padre se isolar, acaba depois por não ter uma relação personalizada, de simpatia com as pessoas. Essa proximidade não quer dizer que o padre tenha de se identificar com tudo o que acontece e que se realiza. Há coisas que até é bom que um padre não se identifique com elas, mas, na maioria das coisas, é bom que isso aconteça. Se o padre se restringir só à celebração dos sacramentos, acaba por nem sequer criar a comunhão com a assembleia com quem a celebra.
Depois da ordenação em 1987, qual foi o seu percurso até aos dias de hoje?
Nesse ano, fui colocado como estagiário em Esmoriz. Depois fui nomeado para a Paróquia de Vilela, no concelho de Paredes, onde estive durante 12 anos. Uma experiência muito agradável com uma comunidade empenhada, cheia de associativismo. Uma terra pequena, mas com muita vida social e muita vida à volta da Igreja. Também por lá, ajudei a fundar o agrupamento de escuteiros local. Em 8 de outubro de 2000 fui nomeado para a paróquia da Nossa Senhora da Conceição, na cidade do Porto, onde permaneço até aos dias de hoje.
Falar da atual paróquia é também falar do baluarte que é o projeto “Porta Solidária”, que acabou por o levar a receber da Câmara Municipal do Porto, em 2024, a Medalha de Mérito da edilidade. Como descreve a atividade atual desse projeto solidário?
Antes de mais, não queremos que isso seja um baluarte. Queremos apenas que seja um serviço. Abrimos em 2003 e mantemos até hoje o SAS (Sala de Atendimento Social), para as pessoas poderem vir buscar roupa e para as ajudar na medicação. Na altura, havia possibilidades económicas para ajudar a pagar o gás, luz e até uma ou outra renda atrasada. Depois, com a experiência da SAS, fomos percebendo o fenómeno da fome, que se foi agravando sobretudo a partir de 2008, com a crise que já estava a iniciar-se em Portugal. Em fevereiro de 2009, abrimos a “Porta Solidária”, para poder dar uma refeição quente às pessoas.
Estruturalmente, como é que está organizado este projeto?
Quer a SAS quer a “Porta Solidária” só vivem com voluntários. Não temos ninguém assalariado. Para a “Porta Solidária” funcionar durante um dia, precisamos de 30 a 40 voluntários em três turnos.
Como é que conseguem manter isso em termos económicos?
Não temos nenhum apoio do Estado. Vivemos da sociedade civil. A maior parte das nossas ofertas são de famílias e alguns supermercados que também nos ajudam. Temos também alguns mecenas que nos fazem transferências em dinheiro ou que trazem eles próprios os alimentos. Para quem acredita em Deus, nós achamos que isto é providência. Quando reunimos pela primeira vez, em finais de 2008, com as instituições aqui da zona, tínhamos planeado refeições para 40 pessoas por dia. Seguimos o princípio que aprendemos com as Irmãzinhas dos Pobres que é: a providência nunca falta com nada do que é preciso. E nós somos testemunhas disso.
Que valores estão envolvidos num projeto com esta envergadura?
Em 2024, andou à volta de um total de 600 mil euros.
A sociedade ainda continua a dar resposta quando é necessário…
Sim, continua a responder. Agora menos porque o poder de compra também diminuiu muito. Mesmo assim, há muita generosidade.
Como tem sido a evolução do perfil das pessoas que procuram esta ajuda?
Quando abrimos, em 2009, foi para os sem-abrigo da cidade do Porto. Depois acabou por aparecer, logo de início, alguma população reformada, sobretudo homens que vivem sozinhos num quarto e que o dinheiro só chega para pagar o aluguer do quarto, gente doente que não conseguia trabalhar, famílias que começaram a ter dificuldade… recordo que em 2013 foi o pico da crise, com a troika e nessa altura atingimos as 350 pessoas por dia. Na “Porta Solidária” sentem-se essas crises. Hoje continuamos a ter essa população, que cresceu muito, porque as reformas dos idosos não subiram tanto quanto subiu a inflação das rendas dos quartos onde estão instalados e apareceram agora também os imigrantes, que são muitos. Penso que metade são pessoas imigrantes.
Com religiões diferentes da católica?
Sim, temos muçulmanos de vários países e hindus. A “Porta Solidária” não faz perguntas. A “Porta Solidária” está aberta. Quem chega, entra e come.
Mas tiveram de fazer adaptações no tipo de oferta, tendo em conta as diferenças religiosas?
A primeira grande adaptação foi na pandemia COVID-19. Passados dois dias de ser declarada a pandemia, mudámos imediatamente para take away para nos protegermos a nós e às pessoas que cá vinham. A partir daí foi sempre subindo. Em 2021, alargámos o fornecimento de refeições a 600 pessoas por dia. Nessa altura, cresceram muito as famílias que vinham comer. Algumas delas conversavam connosco por causa da prestação da casa e da alimentação. E nós dissemos para tentarem segurar a casa que nós tentaríamos segurar a alimentação. Com estes novos utentes, doutras religiões, tivemos de apresentar outra diversidade de refeições.
Em média, quantas refeições são servidas diariamente pela “Porta Solidária”?
Neste ano de 2025, vai numa média de 425 refeições por dia.
Voluntários de uma outra instituição de apoio aos mais desfavorecidos e sem-abrigo foram recentemente alvo de agressões no Porto. Teme que este tipo de fenómeno cresça de tal forma que iniba as pessoas de se voluntariarem para este tipo de projetos?
Isso aconteceu com uma associação que faz parte do Eixo 6 do NPISA (Núcleos de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo) e que está sob minha coordenação. Foi uma agressão grave. Eram três senhoras que estavam perto da rua Júlio Dinis, no Porto, no Mercado do Bom Sucesso, a distribuir a comida e a frase ouvida foi: “vocês são os culpados de estarem cá os imigrantes, porque lhes dão de comer”. Prestei declarações a manifestar a minha solidariedade e no sentido de alertar para a necessidade de se baixar em Portugal o discurso do ódio. Este discurso do ódio tem de ser trabalhado logo em casa, ao jantar com os filhos, com os vizinhos, etc. Não é um discurso que parte apenas dos políticos. Já está também espalhado pelo tecido social, nomeadamente no ensino secundário. Devo acrescentar que os voluntários não manifestaram nenhuma vontade de parar. Pelo contrário, estão com mais vontade de estar no terreno.
É visto pelas Taipas algumas vezes, em situações festivas da paróquia como o S. Pedro, Senhora dos Remédios e Dia de Todos os Santos. O que é que o move ainda para estas participações?
Taipas é a minha terra de eleição. É a terra que está primeiramente no meu coração. Quando tenho tempo disponível, tento manter-me ligado, quer para ir lá conversar com as pessoas, com os amigos, quer também para tomar parte e participar em atividades da Igreja.
Porque é que nunca foi colocado na paróquia das Taipas?
Eu não sou diocesano de Braga, pertenço à Diocese do Porto. Também nunca pensei muito nisso porque a ideia que tenho é que nem seria bom para mim, nem para as pessoas das Taipas ter um pároco com tanta proximidade.
Como é que vê agora as Taipas, comparando-a com a da sua juventude?
A vila das Taipas tem uma vida cultural intensa, basta ver o encontro literário deste ano e o que se passa à volta dos Banhos Velhos, entre outros eventos que se vão registando. Não terá é tanto convívio social, de rua, com menos pessoas nos jardins e nos passeios. Na minha juventude tínhamos uma vida muito animada com a piscina, o Parque de Lazer, a Praia Seca, a Banda de Música que dava muita animação e também dignidade à vila. Não posso verter afirmações muito seguras, mas parece-me – e isso pode não se passar só nas Taipas – que as pessoas estão cada vez mais isoladas, mais fechadas e o convívio e vivência ao ar livre diminuiu. Em relação ao aspeto da vila, ela sempre foi muito bonita, com jardins, árvores, cheia de tílias e plátanos. Agora, estamos num tempo ainda de adaptação à nova arquitetura que foi desenhada. Tem linhas que deram uma nova modernidade à vila, é certo, mas, quem concebeu a obra não conseguiu conciliar a modernidade com o que era o histórico e a tradição da vila. Há falta de jardins e as árvores vão ter de crescer para que a vila volte a ter a frescura que sempre teve.
Falando em Largo, ainda mantém contacto com o pessoal que participava nas chamadas “tertúlias pitequeiras”?
Criou-se um grande grupo de amigos e mantém-se essa ligação, seja por telefone ou nas minhas idas às Taipas.
Tivemos recentemente a eleição de um novo Papa. Como é que acompanhou a situação?
Foi uma surpresa, por sinal, muito boa. O Espírito Santo do Conclave deu à Igreja um Papa que se revela muito inteligente, um homem de grande fé, sereno, harmonioso, cordato, muito empenhado na defesa da paz e dos direitos que as pessoas devem ter para viver condignamente. É um Papa oportuno para este momento.
O que é que gostaria de ver implementado pelo novo Papa Leão XIV?
A “grande mudança” está na continuidade da visão do Papa Francisco. A Igreja tem de ter no seu ADN a Sinodalidade, o caminhar juntos. Não há outro modo de entender a Igreja. A Igreja tem de crescer na opção preferencial para os pobres. É a sua grande missão, estar no meio dos pobres e alavancar a esperança com obras concretas.
A Igreja tem vindo a perder alguma influência em alguns setores da sociedade. O que é que está a faltar para que a Igreja volte a ter à sua volta a população que antigamente tinha?
As pessoas não querem ter compromissos e preferem, de facto, não estar ligadas a nada que seja institucional. Depois, a Igreja, durante muito tempo, usou linguagem que as pessoas não entendiam. E, portanto, quando não se entende a mensagem, não se pode ser atraído pela mesma.
Mais recentemente, há dados que mostram um aumento de pessoas no mundo do cristianismo, sobretudo na Ásia. Na Europa também, com os batismos de adultos, nomeadamente em França, com dez mil adultos que foram batizados este ano. A Igreja precisa de se colocar em diálogo, pois este aproxima as pessoas, mas sem proselitismo.
Com a diminuição de sacerdotes, há a ideia de que o casamento dos padres poderia ser uma solução?
Há estudos que mostram que não. Há outras religiões cristãs, onde os padres podem casar e a crise da vocação sacerdotal é igual ou maior. Uma coisa não está associada à outra. Os jovens em Portugal diminuíram imenso e isso reflete-se nas vocações. Depois, a atração por compromissos que impliquem a vida inteira, como o casamento, causam alguma preocupação aos jovens e eles não estão ainda dispostos para tomar esse tipo de decisões vocacionais.
Em termos do seu futuro, tem novos desafios em mente?
Estou nesta paróquia já vai fazer 25 anos e o futuro passará sempre por ser pároco, estarei disponível para o que o Sr. Bispo entender ser o melhor. É evidente que a idade vai avançado e a energia não é a mesma dos 39 anos com que cá cheguei. Sempre tive a ideia de ser pároco, nunca quis serviços diocesanos.
ndr: [conteúdo originalmente publicado na edição de julho do jornal Reflexo - versão papel]