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Rali: ainda que o orçamento não estique, Manuel Castro reconhece ano “mau”

Tiago Dias
Desporto \ sábado, novembro 13, 2021
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O piloto de Caldas das Taipas acabou o campeonato nacional de 2021 no 10.º lugar, quando o objetivo era lutar pelo “top cinco”. Apesar das limitações financeiras, “azares” condicionaram prestação.

O Rali de Mortágua, oitavo e último rali do campeonato nacional de 2021, encapsulou uma temporada de expetativas frustradas para Manuel Castro; o Skoda Fabia R5 lutava com os bólides de Pedro Meireles e de Miguel Correia quando, na penúltima classificativa, a “transmissão da frente no lado direito cedeu”.

Para não correr o risco de “estragar mais o carro”, nem “as contas da época”, o piloto de Caldas das Taipas desistiu da corrida realizada a 06 e 07 de novembro a 30 quilómetros da meta. Esse foi o desenlace de um campeonato que valeu o 10.º lugar, com 26 pontos, registo abaixo do da temporada de 2020 (sétimo lugar) e do que fora projetado na antecâmara da competição: a intromissão entre os cinco primeiros.

“O saldo é muito mau. O meu projeto é de orçamento muito reduzido. Não me dá para aspirar a muitas coisas de que gostava, mas no ano passado fui muito competitivo. Neste ano, à exceção de dois excessos meus na primeira corrida e depois em Castelo Branco e de alguns azares, estaria perto do quarto ou quinto lugar, o máximo a que posso aspirar. Para cima disso, é impossível. É preciso ser-se profissional e ter um orçamento folgado. Eu não tenho”, disse ao Reflexo, num balanço ao campeonato ganho por Ricardo Teodósio, com 156 pontos.

As expetativas para a temporada de 2021 eram boas e o rali de preparação decorrido em Vieira do Minho, entre 17 e 18 de abril, elevava-as: Manuel Castro foi o terceiro mais rápido entre os pilotos do nacional absoluto, atrás de Armindo Araújo e de Pedro Meireles, o outro representante do concelho de Guimarães na competição.

As esperanças começaram porém a ruir na corrida inaugural do campeonato – o Rali Terras d’Aboboreira, em Amarante, Baião e Marco de Canaveses, entre 30 de abril e 02 de maio. Ainda numa das etapas de qualificação, uma “pirueta” deixou o amortecedor do Skoda Fabia R5 danificado; foi o primeiro dos dois “excessos” de condução em toda a época, admitiu.

“Eu fiz depois as provas com um amortecedor danificado, o que não ajuda em nada. O resultado não foi o melhor, apesar de termos concluído a prova nos pontos”, disse acerca de uma prova em que foi nono classificado, tendo arrecadado seis pontos.

O infortúnio não mais abandonou o piloto, fosse por “excesso”, como voltou a acontecer em Castelo Branco, na terceira prova do campeonato, fosse por “azar”. No Rali Serras de Fafe, o sexto de 2021, teve um furo na primeira classificativa e ficou sem caixa de direção, mas fez quatro pontos, ainda assim. Na prova que se seguiu, na Marinha Grande, amealhou seis pontos, apesar de o “capô se ter aberto numa classificativa”.

O Rali Alto Tâmega, no início de setembro, valeu-lhe a melhor classificação da época – o sexto lugar -, mas os problemas também surgiram ao virar da curva. “Em Chaves, ao tentar o quinto lugar, fiz um peão na penúltima classificativa. Era uma zona muito suja e perdi 25 a 30 segundos”, lembra.

 

 

Falta orçamento para outras rotações. E também para testes e seguro

A deterioração progressiva do carro também foi uma consequência de um orçamento limitado, argumentou o piloto de Caldas das Taipas. “O meu orçamento anda entre os 60 mil e os 70 mil euros. É um orçamento muito baixo. Quem andar a lutar pelas vitórias tem orçamentos de 250 a 300 mil euros”, descreveu.

O fosso não se reflete apenas em possíveis diferenças de andamento; também se evidencia na forma como os nomes em competição testam os bólides. “Entre as provas quase não testo. Quando testo, faço-o com pneus velhos, em 15 a 20 quilómetros. Os cinco primeiros do campeonato, quando testam, é aos 150 a 200 quilómetros. E com pneus novos”, compara Manuel Castro.

O seguro é outra das disparidades; se um carro tiver um acidente numa corrida, essa ferramenta garante a sua reparação a tempo da seguinte, mas o custo é de cerca de 50 mil euros. A “maior parte dos pilotos da frente” tem seguro, mas Manuel Castro não. “Se tivesse de fazer seguro de prova ao meu carro, basicamente o que eu tinha para a época ia para o seguro. Depois não havia sequer dinheiro para pneus”, acrescenta. Sem a ferramenta, o piloto vê-se obrigado a “andar a 70 ou 80%” daquilo que o Skoda Fabia R5 é capaz de dar.

Ainda assim, o condutor promete “continuar a correr” em 2022 e crê ser possível “acabar o nacional nos seis ou nos sete primeiros” com o mesmo carro, se não tiver “azares ou excessos”. Mas os planos estão ainda por traçar; a prioridade mais imediata é a de “arranjar parceiros e patrocinadores”. “Mudar de carro exigiria orçamento para lutar pelos lugares de cima do campeonato. Não tenho essas perspetivas. Vou tentar manter os que parceiros que tenho e arranjar mais alguns que me permitam enfrentar a época com mais testes e mais condições de segurança”, perspetiva.