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Promessas, tempo e criação em reflexão na peça "Tudo em Avignon e Eu Aqui"

Sofia Rodrigues
Cultura \ sexta-feira, novembro 21, 2025
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O palco do CCVF recebe a estreia de “Tudo em Avignon e Eu Aqui”, espetáculo do Teatro Oficina que questiona o papel do teatro enquanto espaço onde se ensaiam fantasmas, promessas e futuros possíveis.

O Teatro Oficina apresenta, nos dias 13 e 14 de dezembro, a estreia de "Tudo em Avignon e Eu Aqui", espetáculo que sobe ao palco do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) sob direção de Bruno dos Reis. A criação, que marca o primeiro trabalho do encenador enquanto diretor artístico do Teatro Oficina, contará com interpretações de Ana Carolina Fonseca, Daniel Seabra, Duarte Melo, Jacinto Cunha, João Cravo Cardoso, Iúri Santos, Rebeca Cunha e Martinha Carvalho.

A organização lança o mote do espetáculo através de duas questões: "Se os fantasmas à nossa frente são tão translúcidos, porque é que não é através deles que vemos o nosso futuro?" e "Pode a força da promessa, como nos adianta Marina Garcés, servir-se do Teatro para interromper verdadeiramente o tempo?". Segundo o comunicado, a peça comunica com as comemorações dos 20 anos do CCVF para "questionar o lugar do teatro não só como a máquina de memória dissecada por Marvin Carlson, mas como o palco assombrado a que exigimos imaginação para andar em frente".

O espetáculo encerra o ciclo programático "nova vida para velhos fantasmas" e aborda o palco enquanto espaço onde, segundo a produção, se projetam "fantasmagorias do real", desta vez inspiradas na figura de Chalino Sánchez, o 'rey del corrido' mexicano assassinado em 1992, e na presença em cena de Rebeca Cunha, atriz vimaranense. O comunicado recorda o episódio em que Sánchez recebeu um papel durante um concerto, uma espécie de "didascália que prometia a sua morte", e questiona: Nós, faríamos o quê?".

A criação assume-se como um processo construído "a partir de ideias cosidas umas em cima das outras, por pontas soltas, ideias não materializadas", que vão compondo uma "manta cerzida com novas entradas". Parte do que fica para trás, refere o Teatro Oficina, transforma-se numa promessa ainda por cumprir.

Com texto e encenação de Bruno dos Reis, o espetáculo conta com assistência e direção de atores de Nuno dos Reis, apoio à dramaturgia de Simão Freitas e interpretação dos oito atores envolvidos. A apresentação decorrerá no Grande Auditório Francisca Abreu, no CCVF.