“Procuraremos terminar uma série de projetos até ao final do mandato”
Apesar de poder candidatar-se a um terceiro mandato, anuncia que “não é essa a intenção”. Num balanço do que foi a sua governação até agora, Luís Soares aborda também a vertente partidária, nomeadamente a candidatura à Federação Distrital do PS, bem como a disputa interna na concelhia do partido.
Está próximo de completar sete anos na presidência da Junta de Freguesia de Caldelas, entrando na reta final do segundo mandato. Como olha para este período na governação da vila?
Tem sido um privilégio. Ser presidente de Junta foi um acidente de percurso, porque quando na altura o atual presidente de Câmara me convidou para ser candidato eu estava já como deputado na Assembleia da República e isso não me passava pela cabeça. Mas, também senti que era impossível dizer não àqueles que, de alguma forma, contribuíram para que estivesse a desempenhar a função de deputado e para os que entendiam que podia dar um contributo à nossa terra.
Passados sete anos acho que valeu a pena, não só na perspetiva pessoal, mas na perspetiva coletiva. Faço a minha autoavaliação: há uma série de projetos que ainda estão em fase de conclusão, que procuraremos concluir até ao final do mandato. Faço uma avaliação positiva do trabalho que fizemos, sobretudo porque se recuperou um pouco da esperança, da confiança e do brilho que a nossa vila tinha perdido e que era um objetivo que tínhamos. Hoje conseguimos ter no nosso quotidiano uma vila pujante, vibrante, onde os espaços públicos estão requalificados, a margem do rio, as zonas verdes, o centro da vila. Creio que para futuro há muito, ainda, para fazer, mas também há outras gerações que vão chegando e têm vontade de continuar este trabalho, não só naquilo que é a vida da Junta, mas sobretudo na vertente associativa, temos pessoas com características que são muito importantes para comunidades como a nossa. Pessoas que querem fazer. Acho que o futuro da vila está assegurado e este foi um período em que conseguimos conquistar coisas importantes, qualidade para as pessoas que aqui vivem.
Este segundo mandato fica marcado pela intervenção no centro cívico. Foi mais desgastante por isso, por todas as implicações que isso teve?
Não direi desgastante. Foi mais desafiante. O primeiro mandato foi um mandato em que a Junta teve de resolver alguns problemas que vinham do passado, procurar encontrar meios de financiamento para concretizar os projetos que tínhamos e pressionar o município para que outros projetos pudessem ser concretizados, designadamente este de requalificação do centro da vila.
Este segundo mandato é um mandato que está a ser desafiante, porque para além da intervenção no centro, tem condicionado o avanço de outros projetos que temos e que não se podem fazer em simultâneo. Agora que está praticamente concluído vamos avançar com a pavimentação de algumas ruas da freguesia que são importantes. O município vai lançar uma empreitada para a requalificação da rua Padre Silva Gonçalves até à zona da Cutipol, mas não era possível fazer em simultâneo com o centro da vila. Se já o centro causou transtorno, se avançássemos em simultâneo seria complicado.
Com mais agruras ou menos agruras, a Junta de Freguesia procurou ser sempre o saco de boxe de quem sentia as dificuldades do dia-adia, ouvindo as pessoas nunca deixando de dar a cara. O meu sentimento tem muito a ver com o que as pessoas me vão dizendo na rua, continuo a andar de cabeça levantada.
Agora que a obra está terminada, como olha para o centro?
Há um aspeto que procuro ter na vida, que é a coerência. Não deixo de dizer aquilo que disse em 2013, quando ainda nem sequer era presidente de Junta. Tinha dúvidas em relação ao projeto. Há um aspeto: a falta de estacionamento. O conceito substitui na zona urbana a circulação e estacionamento automóvel, privilegiando os peões; esse princípio é positivo, a devolução do espaço público às pessoas, mas era necessário acautelar que aqueles que fazem da vila das Taipas uma vila de serviço, de consumo rápido, pudessem continuar a aceder a esta centralidade, tendo onde deixar as viaturas.
Procurámos trabalhar isso com o município, temos três espaços para a construção de bolsas de estacionamento, estão já devidamente avaliados pelo município e identificados os proprietários, para que o município os possa adquirir. O compromisso que temos do presidente da Câmara é que isso venha a acontecer. Tem mesmo de acontecer, se queremos que a nossa vila mantenha a competitividade. Temos todos os dias centenas de pessoas que vêm às Taipas, pelo parque de lazer, pelos restaurantes, pelas piscinas e pelo campismo; precisamos de ter um estacionamento privilegiado nessa zona e temos um espaço identificado. Precisamos na zona das termas, para as pessoas que nos visitam, e depois mesmo no centro urbano, de acesso aos estabelecimentos comerciais, aos bancos, ao centro de saúde. Estou convencido que essa é uma lacuna que vai ser resolvida, iniciámos esse trabalho, não sei se será possível concluir até ao final de 2025, mas continuamos a fazer força para que o presidente da Câmara possa dar o impulso a esse projeto e ao compromisso que assumiu com os taipenses.
O outro aspeto tem que ver com a questão da mobilidade, não tanto no centro. Sabemos que a variante está já saturada, há muito tempo. Temos um conjunto de propostas que resultaram de um trabalho desenvolvido por cidadãos que trabalharam graciosamente um leque de propostas que foram remetidas à Câmara e à Infraestruturas de Portugal (IP) para dar maior fluidez à variante. A informação que temos, do início deste ano, é que estará para breve a concretização de algumas dessas propostas. Se isso acontecer permitirá diminuir as limitações de circulação da variante. Não resolve, por si só, o problema. A via do Avepark era uma das apostas que o município tinha para fazer um acesso rápido e privilegiado à autoestrada, esperemos que possa ser concretizado. E é importante continuar a investir numa rede de transportes públicos que possa ser uma reposta para que os cidadãos possam utilizar esses meios, mais sustentáveis e económicos. Conjugando o projeto da variante do Avepark e dando passos mais firmes em mobilidade suave, não só o autocarro, mas também o metrobus, e fazendo também as propostas que submetemos à IP penso que podemos resolver alguns problemas, que são pontuais, nas horas de maior pressão. Há uma coisa importante: no nosso perímetro urbano, 1 km ou 1,5 kms podemos fazer na vila a pé tudo o que precisamos, as escolas, os parques, centros de saúde, lojas. Esse é um hábito que creio que se vai enraizar na nossa comunidade nos próximos dez anos, o que representa qualidade de vida.
Frisou que há projetos que podem agora avançar com as obras do centro da vila terminadas. Quando se recandidatou à Junta de Freguesia apresentou seis projetos estruturantes. Como estão esses projetos, começando pela paragem central de autocarros?
Apresentámos um estudo prévio, desenvolvido por meios próprios da Junta de Freguesia, à Câmara Municipal de Guimarães e à IP, uma vez que a localização que estávamos a propor é num terreno contíguo a uma Estrada Nacional. Entretanto, em função da reunião com a IP foi-nos solicitada a segunda fase, um estudo mais aprofundado, de arquitetura e circulação rodoviária, uma vez que seria necessário que da variante se executasse um acesso direto e uma saída direta para a paragem central. Considerando o valor do projeto, terá de ser desenvolvido pelo município. O que temo vindo a conversar com o presidente da Câmara é que já não será neste mandato, até 2025, mas que o próximo presidente possa desenvolver esses projetos com base neste estudo prévio, para que, validando essa localização, se possa posteriormente validar o projeto e executar a obra. O impulso está dado, com rigor é um projeto que não pode ser executado, face à sua tecnicidade, pela Junta e também face ao valor orçamental. Não tenho dúvidas que, se continuarmos a trabalhar, conseguiremos concluí-lo, porque é muito importante na perspetiva de derivação de transportes públicos nesta zona norte do concelho, criando uma interface com a rede principal.
Rotunda da Rabata?
O projeto está pronto. Na última reunião que tivemos com o presidente da Câmara o compromisso que temos é que possa ser apresentado publicamente, se não for no ano 2024, no início de 2025. Creio que dentro daquilo que são as prioridades da Câmara Municipal este não é o projeto mais prioritário, a prioridade será a reabilitação do percurso da estrada desde a rotunda da feira até à Cutipol, porque é uma via muito utilizada que está muito degradada e precisa de requalificação dos passeios, iluminação, reposicionamento e elevação das passadeiras, regularização das águas pluviais. Essa será a prioridade e o município pretende avançar este ano. O que vier a acontecer agora diz respeito à calendarização financeira e execução de obra da Câmara.
Parque das Levadas?
Temos o projeto concluído, desenvolvido pelo Laboratório da Paisagem. Temos comprometido com o município a consignação dos protocolos anuais, que perfaz cerca de 120 mil euros e a Câmara atribuirá ainda um subsídio de 60 mil euros. Será uma obra para 180 mil euros. Está previsto a construção do parque radical, plantação vegetal e anfiteatro natural. A nossa ideia é lançar a empreitada até ao final do ano. Neste momento temos já disponibilidade financeira global para abrir o procedimento. Vamos fazê-lo para conclusão no primeiro trimestre do próximo ano.
Biblioteca, Museu e Casa das Associações nos Agrelos?
Trata-se de um edifício que é propriedade privada. O proprietário está, neste momento, a preparar um plano de pormenor para os terrenos que constituem esse prédio e ladeiam a Alameda Rosas Guimarães. A nossa vontade, e do Município, é que no contexto desse plano de urbanização o edifício possa servir como contrapartida para o domínio público. Estamos a falar num investimento na aquisição ou permuta do edifício. Enquanto que o plano de urbanização não estiver fechado, não é possível encetar o diálogo para a aquisição do prédio e só nessa fase podemos avançar para o projeto. A primeira prioridade é que o edifício fique para domínio público, porque faria todo o sentido que a biblioteca, o museu, fossem instalados neste edifício na centralidade da vila.
Percurso entre os Banhos Velhos e a Horta comunitária?
O financiamento que estávamos a contar era da APA – Agência Portuguesa do Ambiente. Temos procurado, até ao limite, que esse financiamento venha. Se ele não vier, a Junta suportará com os seus meios, mas não desistimos que possa ser financiada pela APA. Faz ainda mais sentido agora, porque no limite dos Banhos Velhos temos a via reabilitada. Não é uma reabilitação onerosa, é uma coisa simples, mas que garante aquela funcionalidade ribeirinha, mantendo os acessos aos campos agrícolas.
Casa Mortuária?
Um projeto que também esta concluído, para o qual existe financiamento e que tem encontrado alguma resistência nos serviços técnicos da Câmara Municipal de Guimarães que estamos a tentar resolver.
[ndr] entrevista publicada originalmente na edição de julho do Jornal Reflexo.