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Pinheiro-manso sito na Citânia de Briteiros é árvore de interesse público

Pedro C. Esteves
Sociedade \ quinta-feira, dezembro 23, 2021
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O pinheiro com 20 metros de altura e 23 metros de diâmetro médio da copa, na UF de Briteiros Santa Leocádia e Briteiros São Salvador, exige uma “cuidadosa conservação”.

Árvore centenária, de copa ampla, arejada, o pinheiro-manho que cresceu junto à Citânia de Briteiros recebeu a classificação de arvoredo de interesse público.

"Com fundamento na sua longevidade, porte exuberante e copa de uma plenitude imensa e por apresentar um elevado valor paisagístico, ocupando um lugar identificável a longa distância", Guimarães viu confirmado, antes do final do ano, o interesse público desta árvore -- mas não foi a única. Depois de ver outros exemplares classificados, como a oliveira que habita no claustro do Museu Alberto Sampaio, um pinheiro-manso, em Moreira de Cónegos, e uma japoneira, em Fermentões, integram agora a lista de exemplares protegidos pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), na sequência dos despachos publicados nesta quarta-feira em Diário da República.

O "porte", "desenho" -- "possui o valor estético singular da espécie, pela sua forma natural e copa ampla suportada por ramos de grande dimensão estendidos a partir de um tronco único", pontua o documento publicado -- e o "particular significado paisagístico" justificam a decisão, segundo o documento. O ICNF aceitou estes critérios para distinguir a árvore, mas alertou para os problemas fitossanitários, em parte originados pela “sua idade avançada”.

“O exemplar proposto para classificação de interesse público apresenta problemas fitossanitários e físicos resultantes da sua idade avançada e das condições onde se desenvolve, contudo a sua condição global é razoável e a criação de um perímetro de segurança garante a proteção de pessoas e bens contra uma eventual queda de ramos”, refere o despacho.

O pinheiro com 20 metros de altura e 23 metros de diâmetro médio da copa, na União de Freguesias de Briteiros Santa Leocádia e Briteiros São Salvador, exige assim “cuidadosa conservação”, acrescenta o documento.

O Hereditas - Atlas da Paisagem Cultural de Guimarães, na ficha deste exemplar, indica que "aparece documentado nas fotografias de outros tempos, com um papel na história local que já ninguém lhe tira, surge associado a um contexto histórico de grande relevância na região". Exemplo disso são as referências em algumas fotografias publicadas em 1930, na revista conceituada “Ilustração Portugueza”, "onde se vê nitidamente que já apresentava um porte arbóreo e com copa arredondada típica de exemplares adultos". "Pelo aspeto da copa, numa fotografia tirada no fim do séc XX, e sendo da autoria de Francisco Martins Sarmento, que faleceu em 1899, parece-nos possível concluir que a árvore tenha hoje mais de 120 anos de idade, aplicando-se assim com toda a certeza o termo de espécie centenária", salienta-se.

Doravante o exemplar está sujeito a medidas de proteção, entre as quais se distingue uma “zona geral de proteção”, com raio de 25 metros a “contar da base do exemplar”. A classificação impede ainda “quaisquer intervenções que possam destruir ou danificar” o exemplar classificado, como o corte do tronco ou a remoção de terras na zona geral de proteção. Operações de beneficiação destas árvores passam a exigir autorização prévia do ICNF.