Paz, habitação e emprego são desafios em 2024 que se quer de estabilidade
A maioria socialista que governa a Câmara Municipal de Guimarães e a oposição, formada pela coligação Juntos por Guimarães (JpG), consideram que a habitação e o emprego são os principais desafios do território para 2024, ano envolto pelas Eleições Legislativas de 10 de março, pelas Eleições Europeias de junho e pelas guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, entre Israel e o Hamas, com epicentro em Gaza.
Vereador da coligação JpG, Bruno Fernandes pediu “um ano positivo para o concelho”, “num enquadramento internacional muito sensível”, e à maioria que governa a Câmara para responder aos desafios da habitação e do emprego. “É fundamental que a Estratégia Local de Habitação veja rapidamente resultados. Do ponto de vista do emprego, há a importância dos parques industriais. O sucesso do município é o sucesso do desenvolvimento do nosso concelho. Votos de um ano positivo para Guimarães”, disse, à margem da reunião de Câmara de quinta-feira.
Embora considere que a maioria socialista não tem “tido capacidade” para resolver “desafios já velhos”, nomeadamente a resposta aos vimaranenses que se “debatem diariamente com dificuldades para arrendar ou adquirir” casa ou o apoio ao comércio, mencionando a “decisão errada” quanto ao local da futura Loja do Cidadão, Bruno Fernandes vê “a estabilidade do poder local” como possível contraponto ao cenário perspetivado para 2024, de instabilidade nacional e internacional, política e económica.
“O país vai estar com dois atos eleitorais, o mundo enfrenta enormes desafios. Damos muita importância à estabilidade do poder local. Que o nosso município seja um garante da estabilidade no próximo ano, com concretizações que melhorem a vida dos vimaranenses”, realçou.
“Se não houver emprego e habitação, perdemos como território”
Convencido de que 2024 é “um ano cheio de desafios” e as Eleições Europeias são “cada vez mais importantes”, o presidente da Câmara Municipal de Guimarães afirmou que os votos para o próximo ano são os de paz, sobretudo. “Com paz, conseguimos a maior estabilidade perante o nosso trabalho e a ambição humana de nos respeitarmos todos”, adiantou Domingos Bragança.
Apesar do momentâneo vazio de poder nacional, face à dissolução da Assembleia da República e às Eleições Legislativas de 10 de março, o autarca crê que não se pode “perder de vista os grandes objetivos de Guimarães”, a começar pelo da habitação. Com dois dos três lotes já adjudicados ao abrigo da Estratégia Local de Habitação – 111 de 172 frações que o município prevê adquirir -, Bragança lembra que há mais 100 casas em vista, num terreno do Estado contíguo às Oficinas de São José, num investimento a rondar os 115 milhões de euros, para o qual a Câmara já dispõe de 37.
O responsável crê, porém, que o trabalho na habitação não se esgota na ELH. A seu ver, o Governo deve aumentar o parque público habitacional. E a iniciativa privada deve também entrar em ação, sem se esquecer “o apoio às famílias de rendimentos moderados” perante o que classifica de “especulação imobiliária e de arrendamento”. “Se aumentarmos 300 casas às 500 que temos, estamos a dar um bom contributo. Não é suficiente, mas é um trabalho a fazer com a iniciativa privada. O trabalho na habitação não se esgota no parque habitacional. Temos de rever os subsídios ao arrendamento”, considera.
Quanto ao emprego, quer-se cada vez mais qualificado, com “boas remunerações”, fixando jovens no território. Esse trajeto exige cada vez mais transferência de conhecimento científico para empresas que se querem cada vez mais de “base tecnológica”, sejam elas de setores tradicionais de Guimarães – têxtil, calçado ou metalomecânica – ou em emergência – saúde e fármacos.
A resposta a tais desafios exige a libertação de terrenos agrícolas no PDM, cuja revisão está praticamente concluída. Os vimaranenses devem fazê-lo sem prescindir dos valores ecológicos e patrimoniais, algo que as entidades do Estado supervisionam com mais rigor em Guimarães face a concelhos vizinhos, alega Domingos Bragança. “Do ponto de vista histórico e de proteção patrimonial e ambiental, Guimarães é referência, e os olhares das entidades são diferentes. Mas se não houver emprego e habitação, perdemos como território e, no futuro, não defenderemos coisa nenhuma, pois o território ficará frágil”, avisa.