Oposição exige prazos para as transformações nos transportes
As alterações da mobilidade em Guimarães para os próximos 20 anos estão previstas num estudo da Trenmo, empresa na área da mobilidade liderada por Álvaro Costa, especialista ligado à Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto: prevê-se a criação de vias dedicadas para autocarros – o chamado BRT – para a EN 101, que liga Taipas e Guimarães, e para a EN 206 reforço da ferrovia e a requalificação dos apeadeiros para retirar carros da Estrada Nacional 105, , bem como a aposta nos miniautocarros para a malha citadina.
Uma semana depois da apresentação do plano, Hugo Ribeiro, da coligação Juntos por Guimarães (JpG), disse concordar com o estudo, “bem feito”, mas alertou para a falta de um cronograma que agende cada uma das intervenções sugeridas. A falta de prazos leva o vereador da JpG a pensar que as obras podem ser irrealizáveis.
“Quando não há a assunção de um cronograma para resolver os problemas estruturantes do nosso concelho, isso leva-me a cair na tentação de considerar o estudo do professor Álvaro Costa como utopia”, disse.
O vereador lembrou que o congestionamento das três estradas nacionais mencionadas perdura numa fase em que o PS governa o município há mais de 30 anos e ainda pede mais 20 para a realização de todas as obras. Para Hugo Ribeiro, a Câmara deveria divulgar as obras a que dá prioridade, por exemplo.
“Vão avançar primeiro com a EN 101? Por onde é que vamos começar na EN 101”, disse, a título de exemplo, antes de referir que a EN 206 carece de uma “requalificação de fundo” e que a aposta na ferrovia na EN 105 pode “diminuir a frequência rodoviária”.
“Se não conseguirmos 70 ou 80% de fundos comunitários, não conseguimos fazer isto”
O presidente da Câmara Municipal respondeu a Hugo Ribeiro que é difícil estabelecer prazos sem “candidaturas à União Europeia aprovadas” e “protocolos com o Governo”. “Se não conseguirmos 70 ou 80% de fundos comunitários, não conseguimos fazer isto”, afirmou Domingos Bragança, estimando que as intervenções ascendem aos 700 milhões de euros, para 20 anos.
Para o responsável, os calendários dependem igualmente dos terrenos que têm de ser expropriados para a construção de variantes como a de Caneiros, para responder à implementação da via dedicada para autocarros na EN 101. E o assunto exige “diálogo” com entidades como o Ministério do Ambiente.“O calendário deve ser feito à medida que temos projetos aprovados e terrenos adquiridos. Queremos fazer obra, mas um processo desta dimensão leva tempo.
O autarca deu mesmo o exemplo da requalificação da Estrada Nacional 206, com instalação de vias cicláveis em parceria com a Câmara Municipal de Famalicão, para frisar que os calendários estão sempre sujeitos a atrasos. “A 206 já podia estar feita pela Infraestruturas de Portugal (IP). As câmaras estão a trabalhar o aditamento ao projeto da IP. Já andámos há três anos a trabalhar neste projeto para ver se aprovamos nas Infraestruturas de Portugal”, realça.
Para Domingos Bragança, o estudo não contempla apenas a resolução da mobilidade no interior do concelho, mas também o metro de superfície para o Quadrilátero Urbano e a futura ligação ferroviária à estação de alta velocidade, obras que têm de ser financiadas e executadas pelo Governo. O presidente da Câmara defende mesmo que essas obras merecem financiamento central pelo peso populacional e económico do Quadrilátero – mais de 600 mil habitantes e três concelhos entre os 10 mais exportadores de Portugal, Guimarães, Vila Nova de Famalicão e Braga.
O autarca deu ainda conta de que a beneficiação da variante de Creixomil, a cargo da IP, vai iniciar-se a 30 de maio, demorando entre 10 e 15 dias.