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O folclore regressa a Vila Nova de Sande em passos transcontinentais

Tiago Dias
Cultura \ quinta-feira, julho 21, 2022
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Marcada para 23 de julho, a 39.ª edição do festival internacional mostra as danças e os trajes do Chile e da Costa do Marfim, mas também a diversidade dos grupos nacionais.

Ao entardecer, ali pelas 18h00 de 23 de julho, o Grupo Folclórico do Centro Social de Vila Nova de Sande promove a receção oficial às entidades e aos cinco grupos convidados a atuarem naquela comunidade; será, espera-se, o regresso do festival internacional de folclore, a perda que “mais custou” à coletividade em 2020 e em 2021, anos conduzidos ao ritmo da covid-19, em vez dos passos de dança. “Esta é a nossa grande festa, o nosso grande orgulho”, vinca ao Reflexo o presidente do grupo, Rui Mendes.

Findo o jantar, sobem os intérpretes ao palco, cumpre-se a cerimónia de abertura e lançam-se os corpos à performance, embalados por timbres diferentes; os primeiros evocam as tradições do Baixo Minho, ao cuidado do grupo anfitrião. Com 20 minutos para mostrar aquilo que é, o folclore de Vila Nova de Sande dará lugar ao Rancho Folclórico da Casa do Povo do Pego (Abrantes), o mais antigo grupo do Ribatejo, que, por sua vez, dará lugar ao primeiro número internacional.

A Costa do Marfim estará pela primeira vez no festival, através da Compagnie Mien-Moh, coletivo de Abidjan que dá corpo ao som do balafon, instrumento representativo do povo Senufo (Costa do Marfim, Burquina-Faso e Mali), mas também às culturas de outras etnias africanas, lê-se na nota de apresentação.

O Chile, representado pela primeira vez em 2017, é o país do outro grupo estrangeiro, o Ballet Folclórico Municipal de Rancagua, cidade na órbita da capital, Santiago. Incumbido de encerrar a noite no rinque do Centro Social Cultural Desportivo e Recreativo de Vila Nova de Sande, esse coletivo reúne o “folclore mais tradicional” e “as raízes indígenas” daquela nação sul-americana, sintetiza Rui Mendes.

Pelo meio, o Grupo Folclórico da Região do Vouga, oriundo de Mourisca do Vouga (Águeda), apresenta-se com os trajes de trabalho, de romaria ou de lavrador rico e abastado daquela área, enquanto o Rancho Folclórico da Casa do Povo de Arouca exibe os sons e os trajes do Douro Litoral Sul. “Apesar de sermos um país pequeno, temos culturas diversificadas”, salienta Rui Mendes, mencionando um passado com menores custos de transporte, em que se atraía grupos do Baixo Alentejo ou do Algarve.

O elenco deste regresso é o alinhavado para 2020 e, depois, para 2021, anos em que o grupo de Vila Nova de Sande esperou até maio para saber se podia ou não organizar o festival. “Dadas as características do nosso folclore e as condições que havia na altura, chegámos à conclusão de que era impossível”, admite Rui Mendes.

“Parte significativa de componentes abaixo dos 30 anos”

O grupo folclórico vimaranense já regressou aos palcos, atuando, por exemplo, em Perosinho (Vila Nova de Gaia), a 02 de julho, depois de um interregno que abalou, mas não o quebrou. Para se manterem juntos, os elementos organizaram-se no Messenger, mantendo-se regularmente em contacto.” “Nunca se perdeu a ligação entre os elementos do grupo. No pós-pandemia, conseguimos ter novos componentes. Estamos entre os 53 e os 54”, assinala o presidente da coletividade.

Rui Mendes vinca até que o número de componentes abaixo dos 30 anos é uma evidência de que o trabalho para cativar novas caras está a ser “bem feito”: “Quando há falhas de elementos, conseguimos ter uma margem que dá para corresponder. Temos uma parte significativa de componentes abaixo dos 30 anos. Isso é maravilhoso nos dias de hoje”, expressa o dirigente.