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“Aposta de risco e coragem”, Banhos Velhos atraem cerca de 23 mil pessoas

Bruno José Ferreira
Cultura \ quinta-feira, outubro 10, 2024
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Edição deste ano dos Banhos Velhos voltou a “superar expetativas”. O concerto dos Capitão Fausto foi o apogeu de um cartaz com mais de três dezenas de eventos.

Polidesportivo das Taipas completamente cheio, bancada e recinto. Gente do lado de fora em pé, nas escadas e acessos no dia 20 de setembro. O concerto dos Capitão Fausto foi o ponto alto de mais uma edição dos Banhos Velhos, resultando naquele que terá sido o maior evento de sempre desde que se realiza a programação cultural da Taipas Turitermas. Terão passado pelo recinto taipense cerca de 10 mil pessoas nessa noite, suplantando o concerto de Zé Pinhal – Post Mortem Experience do ano passado.

Este momento, o último a nível musical, pode ser visto como uma espécie de cartão de visita de uma programação em que “o balanção é muito positivo”, no entender de Luís Mota. Para o responsável de comunicação e marketing da Taipas Turitermas, para lá dos concertos de maior nomeada, “tivemos muita gente em todas as iniciativas, o que leva a que o balanço vá de encontro ao que perspetivámos, até superando as expetativas”.

José Manuel Gomes, programador do evento desde 2016, concorda a análise, destacando que “houve um crescendo gigante”. “Há aqui um investimento e o balanço tem de ser feito à luz desse investimento, que foi maior – não por aí além, mas maior –, mas feito de forma consciente atendendo ao crescimento que temos alcançado”, vinca. Dessa forma foi possível ter os Banhos Velhos “com o maior número de iniciativas de sempre, sensivelmente trinta”, sublinha José Gomes.

Para o diretor artístico, que não sabe se continuará no próximo ano, há a salientar a “aposta de risco, mas também de coragem, da direção, nomeadamente de Vítor Pais” para que se chegasse ao sucesso atingido. “Sem essa aposta era impossível trazer cá Capitão Fausto, mesmo eles tendo baixando muito o cachê, mas sobretudo essa aposta materializou-se em mais iniciativas”, realça ao Reflexo, lembrando a aposta que foi feita este ano em merchandising e também no branding dos agora denominados Banhos Velhos – Taipas Termal.

Uma essência baseada no “equilíbrio”: “Já não é um sítio, é uma marca”

Com a azáfama do final de mais uma edição, em que a programação coincide com a época de maior dinâmica da cooperativa, com as piscinas, o campismo e também a procura no spa, Luís Mota olha em retrospetiva dizendo que a organização dos Banhos Velhos “é a prova viva de que com pouco se consegue fazer muito”, na medida em que “apenas com amor à camisola se consegue ter o mesmo empenho e entusiasmo num concerto de Capitão Fausto um num atelier infantil”. Neste contexto, José Gomes lembra que “é tudo feito internamente, desde a divulgação e comunicação ao design”, o que ainda confere ainda mais essência aos Banhos Velhos.

“Em Portugal será dos poucos sítios onde tens teatro da Escola Secundária e Capitão Fausto no mesmo programa. Trabalha-se para a comunidade, com ateliers, workshops, fados com artistas de cá, entre outros, mas também para público de fora. Tem de ser sempre feito um exercício de equilíbrio, ponderado e bem medido”, sustenta José Manuel Gomes.

Esta busca de equilíbrio leva para outra discussão, que se prende com a necessidade, ou não, de deslocalizar o evento do seu lugar originário, junto ao edifício dos Banhos Velhos. José Manuel Gomes é perentório a dizer que, na sua opinião, “nunca vamos perder a essência”, expondo o seu ponto de vista: “Deve ser uma prioridade manter o local, pelo ambiente que se cria. Quem vê um concerto aqui pode ter a certeza que a mesma banda não dará um concerto igual noutro lado, porque aqui é realmente diferente. Este ano fizemos apenas um concerto fora dos Banhos Velhos, mas se a opção for fazer mais concertos fora penso que não será problema, porque há muito que a programação dos Banhos Velhos deixou de ser um sítio, sendo sim uma marca e uma ideia. Ainda assim, já temos lá eventos com duas ou três mil pessoas”.

Certo é que os Banhos Velhos são já “uma referência cultural”, aponta Luís Mota, que “mexe com a dinâmica da vila, com o comércio e com a restauração” e, ao mesmo tempo, “estamos a valorizar o nosso património”. A organização estima que este ano tenham passado pelos eventos mais de 23 mil pessoas, o que ajuda a traçar o balanço de sucesso. 

[ndr. texto originalmente publicado na edição de outubro do Jornal Reflexo]