NE25A. O espírito de Abril vai fluir de outra forma em Guimarães
Há um trabalho de um núcleo de 17 pessoas que perdura há mais de uma década. As metas foram definidas desde cedo: envolver alunos – centenas de pequenos aprendizes –, escolas e bibliotecas do concelho e difundir o espírito de Abril. Ainda este ano, a materialização do trabalho contínuo do Núcleo de Estudos 25 de Abril (NE25A) ficou plasmada em livro: “Não atiramos a toalha ao chão” reflete a postura de um movimento que, mesmo no ano e meio ensombrado pela pandemia, não parou. Mas “tudo sai do corpo”, explica o coordenador do núcleo Amadeu Faria.
Um comunicado emitido no início do mês de dezembro explicava que as atividades anuais – marca-d'água do coletivo coordenado por Amadeu Faria – “não podem continuar a ser organizadas num fio de navalha, cada vez mais fino e cada vez mais instável”. “Cada vez sentimos o terreno mais instável, mais complicado para encontrar pontos de apoio fundamentais para se desenvolver o trabalho”, explica o professor ao Reflexo.
A sensação de trabalhar “sem rede”, as dificuldades causadas pela pandemia e o receio de que, depois de atingir “um certo patamar”, houvesse um decréscimo qualitativo nas atividades justificam a decisão. “O nosso grande receio começou também a ser o de não nos mantermos ao nível. O espetáculo "Livre com um Livro", por exemplo, teria que começar a levar uma volta muito grande e nós não temos capacidade para isso; e no Cidadanias, quem é que nos falta trazer?”, pergunta – sob esse signo, o NE25A já aproximou do concelho nomes como Pacheco Pereira, Sampaio da Nóvoa ou Ramos-Horta”.
A apresentação do livro “Não atiramos a toalha ao chão” foi mesmo a última atividade do grupo. E isso foi “propositado”. Estão naquelas páginas muitos “amigos” que o NE25A angariou ao longo dos anos. Têm chegado mensagens de apoio de muitos dos autores de textos publicados no livro, mas o coordenador prefere olhar “de forma pragmática” para o assunto: “Não deixamos de estar nos nossos locais de trabalho e nas nossas comunidades a lutar pelo que entendemos".
E se a planificação anual vai parar "por tempo indeterminado", o coletivo não enjeitará uma "oportunidade" que surja. "Não dissemos que vamos acabar completamente. Aquele esquema montado, com planificação, não dá. No ano passado foi muito complicado”. O núcleo vai reunir várias vezes durante o ano, mas não “com o espartilho” de planear atividades. “Vale sempre a pena lutar pela democracia e pela liberdade. “Enquanto existirmos, os 17 membros do núcleo garantimos uma coisa: lutar pela liberdade”, resumia Amadeu Faria aquando da apresentação do livro. O NE25A vai andar por aí.