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NAT: "Deixa-me triste não ver a malta a correr"

Pedro C. Esteves
Desporto \ sábado, abril 03, 2021
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A pandemia deixou o Núcleo de Atletismo das Taipas numa posição sensível. As corridas matinais de domingo não saem à rua e é provável que a Corrida de Atletismo das Taipas seja novamente cancelada.

Manuel Mota tem saudades dos tempos em que, ao domingo, juntava os amigos para palmilhar, a ritmo de corrida, as ruas da vila e arrabaldes. Mais do que manter a condição física, os atletas da Núcleo de Atletismo das Taipas (NAT) conviviam. O contexto mudou e o dirigente nota que o cenário atual é inquietante – há associados que não vê há mais de um ano. Quebrou-se um retábulo que o NAT sempre usou como bandeira: a fraternidade.

“Não estivemos parados um mês, foi muito tempo, estamos há mais de um ano sem fazermos os treinos em conjunto”, recorda o dirigente. “Nós nos domingos tínhamos 20 atletas a correr, era o convívio desta associação que nos mantinha de pé”. A pandemia não afastou só os sócios das ruas, a convivência foi-se perdendo noutros âmbitos: passeios, jantares de natal. “Foi tudo por agua abaixo, e tudo isso vai contribuir para que esta associação vá abanar um bocadinho”, resume. E o abanão será forte? Manuel Mota não tem dúvidas: “Estou com um bocado de receio. As pessoas separaram-se muito, correm à volta das suas casas, nos recintos mais perto, e vão-se habituando. Isto ainda está para durar. Há atletas que eu não vejo há um ano. E isso complica, preocupa. A associação fortalece-se com as pessoas perto dela”.

 

Agregar tropas

Numa entrevista ao Reflexo, na agora deserta sede do núcleo, no parque de lazer de Caldas das Taipas, Manuel Mota anseia por ver novamente as gentes do NAT descer a Alameda de Rosas Guimarães para dar início a mais uma corrida. “O que me deixa mais triste é não ver a malta a correr. Todos os dias, mesmo que não viesse treinar, falava com um, falava com outro, agora não, vamos para casa”.

O sentimento é partilhado por Pedro Regueiras. Entrou para o NAT em 2005 e a associação era mais do que corrida. “O que nos movia também era chegar ao fim-de-semana e irmos 20 ou 30 pessoas treinar. Por vezes, vínhamos aqui para a sede convivíamos à sexta-feira à noite, ao sábado. No final do dia vimos do trabalho, chegamos aqui, temos um grupo de amigos, treinamos, contamos o que correu mal no dia, o que correu bem, tomávamos um banho e sentíamos prontos para novo dia”, sintetiza.

O atleta lembra também o carácter lúdico do NAT, que, para além de ser parte importante no “resgate” do parque – “os lampiões estavam fundidos, havia droga” – vem sendo um importante motor para o fomento da prática do exercício físico na vila. É que, quase como uma bola de neve, as pessoas vão-se mobilizando (mesmo que não entrem para o núcleo): “Nós temos, neste momento, 150 sócios. Estes mobilizam o triplo: seja mulheres, filhos, ou tios. Na minha casa, só eu sou daqui do NAT, mas todos fazem exercício físico pelo exemplo”.

Pode ler a reportagem completa na edição de abril do Jornal Reflexo.