Ministro diz que Portugal pode crescer se for além do individualismo
A partir de um lugar que descreveu como “singular” – o Campo de São Mamede -, tendo o Castelo de Guimarães como pano de fundo, o Ministro da Economia e do Mar afirmou que Portugal é uma “nação extraordinária”, com “soft power impressionante, com as relações de amizade e de colaboração com todos os países da CPLP e de fraternidade com muitos países africanos e da América do Sul” e pelas “relações intensas com os grandes países asiáticos, como o Japão, a Índia ou a China”.
Para António Costa Silva, a única circunstância que pode travar o país de se afirmar é a tendência dos seus cidadãos para o individualismo, como se vê na preferência por uma organização territorial em minifúndio – a preferência por propriedades de pequena extensão como autossustento. “A única coisa que nos pode derrotar somos nós próprios, porque somos um povo individualista, que não trabalha em grandes plataformas e redes colaborativas. Somos um povo que ainda tem o minifúndio inscrito nos genes da ação coletiva. Só a ação coletiva pode transformar o nosso país”, disse na Sessão Solene do 24 de Junho.
O ministro considera ainda que Portugal já alcançou “feitos memoráveis” sempre que foi “capaz de uma ação coletiva”, defendendo que “os países que têm um projeto agregador têm um desempenho muito mais positivo do que aquelas comunidades que nenhum projeto anima”. Por isso, reiterou a importância da articulação das forças motrizes da economia portuguesa para a revolução tecnológica em curso.
"Estamos numa revolução tecnológica que pode transformar a economia 10 vezes mais rapidamente a uma escala 300 vezes maior do que a Revolução Industrial. Não devemos ter vergonha da palavra lucro. Temos de criar condições para criar riqueza. Num país tantas vezes marcado por falta de ambição, o setor metalomecânico gerou receitas superiores ao turismo. Chegou aos 23 mil milhões de euros e espera chegar aos 25”, disse, reconhecendo que a área da cibersegurança e a área dos biomateriais, mencionadas pelo presidente da Câmara de Guimarães, podem ser “transformadoras”.
Bragança quer Guimarães pronta para a digitalização e fala de centro de cibersegurança
No discurso da Sessão Solene do 24 de Junho, o presidente da Câmara Municipal de Guimarães mencionou as valências do território para a transformação económica em curso e mencionou pela primeira vez a possibilidade de um centro de competência em cibersegurança se instalar em Guimarães, para acompanhar "as novas veredas da inteligência artificial, da automação e da sensorização”. O autarca mencionou igualmente as raízes industriais de Guimarães e o papel que o concelho pode ter na reindustrialização do país, sem se esquecer o objetivo da neutralidade carbónica para 2030.