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Lojas de Segunda Mão online: o indício de um futuro mais sustentável

Carolina Pereira
Sociedade \ quinta-feira, março 31, 2022
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A venda de roupas em segunda mão está a crescer e está a contribuir não só para a carteira dos portugueses. Taipas não fica de fora desta tendência e tem até um ponto de recolha para encomendas.

Millenials e Geração Z, duas gerações diferentes mas com pontos em comum: são social e ambientalmente mais conscientes. Ao contrário das outras gerações, estas duas levaram com uma maior literacia e avisos sobre o ambiente e não puderam carregar o mesmo comportamento despreocupado que até aí os mais velhos tinha adotado. Com uma maior sede por viajar e explorar novas culturas, sabem que, para que esses planos sejam levados adiante, há que poupar e não devem continuar a adotar os hábitos de consumo de há 50 anos que, como muito se alega, vão destruir o planeta.

“Comecei a ter, cada vez mais, preocupações ambientais e essa é sem dúvida a razão principal"

É aí que entra esta nova onde de consumo em lojas em segunda mão. Juliana Ribeiro tem 24 anos e já há dois anos que tem esta prática de consumo. “Comecei a ter, cada vez mais, preocupações ambientais e essa é sem dúvida a razão principal. Além disso, muitas vezes encontramos coisas que têm um estilo diferente daquilo que se vê nas lojas "normais", que é sempre bom, e ainda com outro ponto positivo: é mais barato”, diz.

Aos poucos, os passos estão a ser dados. Já se fazia reciclagem, começou-se a apostar em carros elétricos e a fazer uso de energia solar e, com a pandemia,  apostou-se na venda e compra de produtos online. O Relatório Anual de Revenda do threUP demonstra como o mundo tem estado mais aberto à moda circular. O estudo americano afirma que em 2020, 223 milhões de consumidores estão dispostos a comprar produtos em segunda mão. Estas gerações estão a fazer os possíveis por preservar o planeta e, por isso, usa a sua voz para fazer mudanças, por mais pequenas que sejam, que tenham um impacto positivo no ambiente.

A internet tem sido uma grande ferramenta nesse sentido. Se até há pouco tempo as lojas de segunda mão existiam apenas em formato físico, e eram difíceis de encontrar em algumas cidades, agora há toda uma nova comunidade nas redes sociais: Vinted, Olx, Facebook Marketplace, Micolet, Ecoa Circular, Mycloma, ou até mesmo Instagram. À medida que se torna mais fácil vender roupa sem sair de casa, através de alguns cliques, mais consumidores entram nesta dinâmica. Juliana também entende que o preconceito está a enfraquecer. “Acho que há um preconceito, mas também acho que já houve mais, felizmente! Para mim não faz sentido, mas já ouvi frases como “prefiro comprar novo porque sei que está bom” e compreendo, também pensava assim”.

Mas facilmente mudou a sua forma de pensar e acabou por perceber que havia benefício na moda circular, porque se para alguns a marca do produto é motivo de vaidade, para estes consumidores, quanto mais barato, maior o orgulho. “Já consegui umas sapatilhas converse que comprei por 12 euros e quando as recebi pareciam quase novas. Um vestido que me ficou por sete ou oito euros e levei a um casamento e até um fato-de-banho igual a um outro que eu adorava e perdi. Acabei por encontrar na Vinted um igual, no mesmo tamanho, por cerca de quatro euros”.

Em 2019, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) revelou que os portugueses deitam 200 mil toneladas de roupa por ano para o lixo

 

A consciência também passa por perceber quando realmente se precisa de comprar e se chega a ser necessário comprar. Em 2019, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) revelou que os portugueses deitam 200 mil toneladas de roupa por ano para o lixo. Além de todos os recursos consumidos para produção desta roupa, grande parte dela acaba em aterros, nunca chegando a ser reciclada. No caso de Juliana, por vezes aproveita roupas de pessoas conhecidas que já não querem algumas das suas vestimentas. Em último caso, mete-se à procura. “Não é regular, nem tem uma frequência muito certa. Vou vendo consoante a falta que sinto de alguma coisa em específico”

Assim, porque se tem ganho consciência do consumismo excessivo, a sociedade, motivada pelos millenials e Geração Z, caminha cada vez mais de mãos dadas com uma economia circular. As novas gerações estão a revolucionar o mundo e, segundo elas, chegou a hora de parar a utilização descartável de produtos de consumo.

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