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Ligação de Guimarães à estação de alta velocidade pode fazer-se via Taipas

Pedro C. Esteves
Sociedade \ quinta-feira, novembro 10, 2022
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Estudo apresentado aponta para três opções para fazer a ligação de Guimarães à estação situada a poente de Braga. Solução através do sistema BRT com passagem no Avepark pode ser resposta.

A forma mais eficiente de ligar Guimarães à estação de alta velocidade – que ao que tudo indica se vai fixar a poente de Braga, entre as freguesias de Gondizalves e Semelhe – pode passar pela construção de uma via dedicada até Braga, passando pelas Taipas e pelo Avepark. A viagem demoraria 45 minutos em BRT – acrónimo de bus rapid transit, para autocarro em via própria. Esta é uma das conclusões de um estudo do professor catedrático José Gomes Mendes, que decalca três opções para aproximar a cidade berço da linha de alta velocidade através de transporte público.

O estudo encomendado pela Câmara Municipal de Guimarães foi apresentado na reunião de vereação desta quinta-feira. O ex-secretário de Estado da Mobilidade vincou que “Guimarães é tema crítico” nesta conversa e mostrou alternativas para ligar um concelho onde a “prevalência do automóvel” é um ponto fraco à linha que deixará, segundo o Governo, Lisboa e Porto a 1h15 de distância em 2030.

O especialista apresentou possíveis soluções – o estudo indica alguns traços, mas a decisão final cabe aos decisores políticos, reiterou – para mitigar o risco de deslocalização de pessoas e empresas para Braga e Famalicão e a possível perda de protagonismo do concelho. “Guimarães menos atrativa fragiliza o Quadrilátero”, sublinhou. Ora, para além da opção da ligação por BRT até Braga, com um custo aproximado de 100 milhões de euros (só o canal custaria cerca de 75), José Mendes colocou como hipótese mais duas opções: a duplicação da via férrea até Lousado, “que resultaria num ganho de tempo marginal”; e a criação de um corredor dedicado até Famalicão, entroncando aí na Linha do Minho até Braga. Em ambas, o tempo de viagem supera 1h10 minutos.

Na opinião do especialista em mobilidade, “reforçar o Quadrilátero é do interesse de Guimarães”. “A ligação a Famalicão do ponto de vista estratégico não é tão forte, porque coloca o concelho mais longe da linha. Guimarães e Braga complementam-se melhor e Guimarães reforçava melhor a posição se se ligasse melhor a Braga”, explicou. A ligação direta por comboio exige “um investimento grande” e seria de difícil execução do ponto de vista geométrico, defendeu.

O financiamento da solução que passa pelas Taipas seria financiada pelo Portugal 2030 e seria mais sensato levar uma proposta com corredor dedicado em BRT – um autocarro que transita em via dedicada – do que em VLT, um sistema à imagem do metro à superficíe existente no Porto, por exemplo. Com mais probabilidade de receber luz verde, esta opção pavimentava caminho para que, no futuro, um sistema BRT ligasse os quatro municípios do Quadrilátero.

Coligação diz que Guimarães vai “pagar caro” o atraso

Ficou patente na intervenção a urgência de seguir para o terreno num projeto que também quer servir o transporte intra-municipal. Foi a partir deste gancho que a oposição, pela voz de Ricardo Araújo, fez a primeira crítica: este estudo orientado para a decisão “chega tarde” e “politicamente não traz nada de novo”.

O vereador da coligação Juntos por Guimarães atalhou depois para críticas à forma como Domingos Bragança manobrou o assunto. “A localização da estação é determinante e não é a que melhor serve os interesses de Guimarães. O Partido Socialista tomou uma decisão que não é a melhor para Guimarães. Nós andamos de estudo em estudo quando Braga tem uma candidatura para o BRT em fase mais avançada. Vamos pagar caro este atraso”, atirou o social-democrata.

Bragança reitera que “houve trabalho”

Domingos Bragança, em resposta, acenou com o contributo que deu para a discussão pública do assunto em 2015 e indicou que o município se reuniu com responsáveis. “Nós trabalhamos”, disse. O autarca fez ainda referência a uma conversa que teve com Ricardo Rio, na qual o autarca bracarense terá referido que nem o Governo nem a Infraestruturas de Portugal terão reunido com ele para aferir a melhor localização para a estação.

Também Paulo Lopes Silva salientou que o município tem trabalho “preparado” e que se se optar pela ligação por BRT a Braga há que fazer um trabalho conjunto com o município vizinho.