Líderes partidários taipenses comentam desaparecimento de Mário Soares
Após o desaparecimento da figura de Mário Soares, no passado sábado, 7, aos 92 anos, foram muitos os depoimentos e as manifestações que se fizeram ouvir, a maior parte delas enaltecendo os feitos e o legado deixado pelo ex-presidente da República Portuguesa.
Manuel Ribeiro, representante da Junta de Freguesia de Caldelas, salienta que o momento não deverá servir para "atender aos pormenores menos felizes da sua vida pessoal e política". Para o representante do PSD em Caldelas, Mário Soares ficará na história como "a figura política mais importante e decisiva desde o 25 de Abril de 1974", lembrando os períodos políticos difíceis por que teve de atravessar, na altura em que foi primeiro-ministro de Portugal.
De resto, para Manuel Ribeiro, todo o percurso pessoal de Mário Soares é valorizado, sublinhando também o papel fundamental e decisivo que teve durante o PREC e no processo de adesão à então designada CEE. "Perdeu-se um Homem ganhou-se uma referência maior" - conclui o social-democrata.
A mesma opinião tem o líder da bancada do PS em Caldelas. Luís Soares começa por dizer que perda de Mário Soares, apesar de ser esperada é "irreparável". O socialista lembrou igualmente o papel que Mário Soares teve na transição da situação política, do fim da ditadura para a democracia, e na consolidação da liberdade em Portugal.
Ainda no dizer de Luís Soares, o papel do ex-chefe de Estado foi preponderante no "desbravar caminhos no sentido de tornar Portugal num país cosmopolita e aberto", lembrando a adesão às Comunidades Europeias, que significou "a aproximação a um paradigma de liberdade e o progresso dos povos".
O também deputado nacional, observa que a perda de Mário Soares deixa consternação, não só na família do Partido Socialista, mas em toda a sociedade portuguesa e mesmo ao nível internacional - "só assim se explicam as inúmeras manifestações de pesar, vindas um pouco de todos os países e das mais diversas personalidades, dos mais diversos quadrantes políticos". A memória de Mário Soares não morre: "deixa um legado que as gerações mais novas saberão perpetuar" - conclui.
De Cândido Capela Dias, representante partidário da CDU na Assembleia de Freguesia de Caldelas, regista-se um testemunho vivo, de quem acompanhou de perto o desenvolvimento dos dias da revolução. “Quando Mário Soares chegou a Lisboa, vindo do exílio, fui recebê-lo, como fui receber Álvaro Cunhal. Tinha esperança numa unidade de esquerda para Portugal" - recorda o político, que foi também deputado à Assembleia da República, entre 1999 e 2002.
As divergências entre Mário Soares, pelo lado do PS, e Álvaro Cunhal, por parte do PCP, tornaram-se evidentes com o passar dos anos subsequentes ao 25 de Abril. "A vida afastou-me de Mário Soares e não me afastou de Cunhal, mas guardo aquele dia e o muito que Soares para mim representou antes do 25 de Abril de 1974” - recorda Cândido Capela Dias.
Luto nacional durante três dias
Logo após a notícia da morte do ex-chefe de estado, o Governo de Portugal anunciou um luto nacional de três dias. A decisão sai publicada no Diário da República de hoje, 9 de Janeiro.
O decreto justifica a decisão "pelos cargos cimeiros que ocupou no Estado e pelas decisões de largo alcance que tomou para o País, foi o protagonista político do nosso tempo e aquele que mais configurou a democracia portuguesa nas suas opções fundadoras". Além do luto foram decretadas também cerimónias fúnebres de Estado.
O luto nacional é uma manifestação simbólica, tomada em nome da nação, decretada pelo Governo, por um determinado período de tempo. Esses dias, servem para homenagear e lembrar alguém com particular relevância para o país. Na prática, estes dias são dedicados às cerimónias fúnebres, sendo as bandeiras a meia-haste um dos indicadores visíveis do luto nacional.
Foto DR Nicolas Asfouri/AFP