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Há 60 anos nasce O Redil, e morre 30 anos depois

Redação
Sociedade \ sexta-feira, fevereiro 08, 2019
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O jornal inter-paroquial O Redil, com redacção e administração em Caldas das Taipas, composto e impresso na cidade de Braga, mensário local, teve a sua primeira edição em Fevereiro do ano de 1959, precisamente há 60 anos, e manteve-se durante 30 longos e difíceis anos. Teve o seu epílogo no mês de Setembro do ano de 1988.

Relatava as novidades da zona de Caldas das Taipas, integrando São Tomé de Caldelas, São João de Ponte, Santa Maria de Vila Nova de Sande, Santa Cristina de Longos, Santo Estêvão de Briteiros e São Cláudio de Barco.

Dava nota de notícias da religião católica, mas ia mais longe, muito mais longe.

Além do Registo Paroquial, da indicação aos nomes dos nascidos, seus pais e padrinhos, passava pela indicação dos casamentos e dos óbitos. Das festas religiosas dos seus padroeiros, e santos predilectos, bem como doutras festas, como de Primeiras Comunhões, Profissões de Fé, de Natal, da Páscoa, das Colheitas, do Emigrante, dos Cortejos, das Oferenda entre outras.

Tambem de política nacional, com destaque para as causas locais. Abordava os assuntos da actualidade, com ênfase às iniciativas de cariz cultural, desportiva e, a animação associativa nunca foi esquecida. Deu sempre um carinho especial às coisas do ensino primário e preparatório para o secundário, a da criação da nova escola em Caldas das Taipas, que teve no Reitor de São Tomé de Caldelas, o Padre Manuel Joaquim de Sousa o seu maior impulsionador.

A par duma grande taxa de natalidade, também a da mortalidade era avultada, pois morria-se prematuramente, por falta de condições de salubridade nas suas casas e da higiene que as mesmas não proporcionavam., e por deficientes cuidados médicos, aliado á falta de dinheiro para esse socorro.

Na vigência da sua edição, o país passou por muitas dificuldades, e o jornal destacava-as, como a crise do trabalho e da guerra colonial, passando pela economia, com alusão á necessidade da construção de habitação condigna para o operariado, que o jornal não se cansava de criticar a má construção e evidenciar a de melhor qualidade que rareava.

Fazia frequentes referências às questões do trabalho, da crise dos anos 60, das deficientes condições de trabalho do operário, da falta de encomendas com que os fabricantes se debruçavam. Da forte emigração que lhe esteve inerente, principalmente para a França e para a Alemanha e suas consequências, donde se destacava a falta de ligação à família, mormente esposa e filhos.

Os emigrantes sabiam das novas da sua terra através jornal, viam as suas cartas publicados no O Redil, nelas davam especial relevo às dificuldades que encontravam nos seus destinos, muitos deles hostis às práticas quotidianas que nas Caldas das Taipas tinham, designadamente a falta da regular prática religiosa.

São inúmeras também as cartas que foram publicadas, de militares taipenses, provenientes do continente, bem como de Timor, de Moçambique, de Angola e da Guiné.

Por fim, fazer menção ao principal obreiro da obra do jornal O Redil, o incansável jornalista Padre António Lopes de Vila Nova de Sande, seguindo-lhe o Padre Joaquim Augusto Maciel Ribeiro Torres, que encontraram no Padre de Caldelas, o Reitor Manuel Joaquim de Sousa o amparo necessário. Até que, o termo da isenção da franquia postal aos jornais locais, leva-o ao desaparecimento.

A leitura deste jornal é imprescindível para o estudo da história local, das décadas 60 a 80 do século passado.

Depois de extinto O Redil inter-paroquial, o Padre Domingos Vieira de Vila Nova dá continuidade ao título, na edição do seu folheto paroquial a partir de Abril de 1989, em folhas fotocopiadas.

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