Guimarães Jazz alarga rede de parcerias num cartaz que não dispensa os clássicos
As escolhas tanto o dia como o local tiveram significados especiais. O Convívio celebra neste dia 58 anos de existência. Foi desta mesma coletividade vimaranense que surgiu este festival dedicado ao jazz e algumas das mais memoráveis jam sessions realizaram ali, no edifício do Largo da Misericórdia.
Foi de resto deste avivar de memórias, suscitada pelo dia e pelo espaço, que se iniciou a apresentação do festival pelo presidente do Convívio. César Machado aproveitou para descrever os paralelismos entre a história do festival e o estabelecimento do jazz na cidade.
O programador do festival desde 1996, Ivo Martins, apresentou sua "carta de intenções", expondo as linhas orientadoras para a construção de mais um cartaz. É um inventário longo e impressionante o dos nomes que já passaram pelo festival. Manter esse nível e manter jovial a marca do festival é o resultado tanto de exercícios de imaginação, como do acaso, em função das oportunidades que surgem.
A edição número 28 do festival continua a trazer nomes destacados do jazz internacional. Exemplo disso é Charles Lloyd, que abrirá o festival ou Joe Lovano. "Se pensarmos que a primeira gravação de jazz tem pouco mais de 100 anos e que Charles Lloyd tem 81 anos, percebemos que o músico atravessou a maior parte da história do jazz" - justificou o programador do festival, sublinhando a importância de ter nomes clássicos no cartaz.
O Guimarães Jazz é uma marca da cidade, defende Adelina Pinto, vice-presidente da Câmara Municipal de Guimarães. O festival acompanha todo o percurso que a cidade tem percorrido nas últimas décadas, no sentido da sua afirmação como centralidade cultural, acrescenta a responsável pela área da cultura no município. A reinvenção do festival, procurando manter a sua identidade, tem passado nos últimos anos pelo estabelecimento de parcerias com instituições ligadas não só ao jazz.
Parcerias estimulam o trabalho entre grupos de músicos
Este ano o Guimarães Jazz inaugura uma ligação com a Sonoscopia, uma associação do Porto que tem desenvolvido trabalhos ao nível das artes plásticas e da exploração sonora. Era deste coletivo a exposição "Disposofónicos", que passou pelo Palácio Vila Flor no segundo trimestre de 2019. Tem também a sua chancela o espetáculo marcado para dia 12 de novembro.
Outras parcerias que se vêm mantendo é com a Porta Jazz e com a Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo (ESMAE) que permitem ter sempre presentes por Guimarães um conjunto de músicos nacionais, durante o período em que decorre o festival.
Para os músicos da ESMAE, que passam em Guimarães uma temporada em residência, é uma oportunidade única para manterem contacto com nomes estabelecidos e consagrados do jazz e para tocaram numa grande sala de espetáculos, explica o diretor da escola, António Augusto Aguiar.
Este ano a Big Band da ESMAE será dirigida por Geof Bradfield e a apresentação está marcada para domingo, 10 de novembro. O músico de Chicago tocará uma semana depois, no dia 16 de novembro, acompanhado do seu quinteto.
Ainda dentro do domínio das parcerias que se vêm firmando desde há anos, destaque-se a participação da Orquestra de Guimarães, pelo quarto ano consecutivo, que este ano se apresentará com o quinteto de Lina Nyberg. Esta junção desafia os horizontes que usualmente se encontram em áreas musicais distintas - a da clássica e do jazz.
O programa do festival decorre durante dez dias, entre 7 e 16 de novembro, com os concertos a decorrer no Centro Cultural Vila Flor. Paralelamente acontecerão outras atividades, como as animações musicais, que andarão por vários pontos da cidade, as oficinas e as já míticas jam sessions no café-concerto do CC Vila Flor e na sede da Associação Convívio.
O programa completo encontra-se disponível no novo website do Guimarães Jazz, através do qual podem também ser adquiridos os bilhetes. Os preços para os espetáculos variam entre os 7,5 e os 15 euros. Está disponível um cartão de assinatura, para acesso a todos os eventos do Guimarães Jazz, à venda por 90 euros.